A desativação da única Unidade de Tratamento Intensivo Pediátrica do Estado ainda não está descartada pela direção do Papi. O impasse começou em maio quando o hospital alegando prejuízos propôs o reajuste das diária pagas por internação pelos Planos de Saúde. Mas até o momento, de todos os conveniados, apenas quatro abriram negociações.
Segundo Eduardo Coelho Maia, diretor do Papi, a situação está no limite. O diretor explicou que o fechamento da UTI se deve aos custos necessários para manutenção da equipe médica, enfermeiros, auxiliares e equipamentos, gastos fixos que são pagos mesmo que não haja internações, um prejuízo que vêm se acumulando ao longo dos anos. Eduardo Maia disse ainda que procurou outros hospitais propondo a transferência da UTI, mas nenhum quis assumir o problema.
“São gastos que não compensam a pouca demanda de crianças, menos de três por dia, que são internadas mensalmente. Para se ter uma idéia, teve mês que a UTI passou dez dias sem receber internações. Hoje, o valor pago pelos conveniados pela diária varia de R$ 150 a R$ 350, mas, segundo o levantamento orçamentário que fizemos, o valor ideal para cobrir os gastos seria R$ 500. Esse foi o valor apresentado aos conveniados. Estamos esperando a contraproposta” disse. A diretoria da Unimed informou que o valor solicitado pelo Papi para garantir a manutenção da UTI pediátrica é muito superior ao que é pago pelo mercado aos serviços prestados por outras UTI’s, mesmo assim, a cooperativa apresentou uma contraproposta e está aberta para negociar uma saída para o impasse.
A Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Norte e o Ministério Público estão atentos para o caso. Segundo Eduardo Maia, há alguns dias foi procurado pelo promotor do direito do consumidor, José Augusto Perez e o presidente da Sociedade de Pediatria, Reginaldo Holanda, para discutir o problema. “Tivemos uma conversa informal onde o promotor recomendou que, caso decidisse pela desativação da UTI, eu deveria comunicar o procedimento ao médico Reginaldo Holanda para que ele tome as devidas providências”, disse Eduardo Maia.
Para Sociedade de Pediatria do RN, o fechamento da Unidade de Tratamento Intensivo Pediátrica do Papi, que oferece sete leitos, é motivo de preocupação, já que a rede pública, que conta com um déficit de cem leitos, não teria condições de absorver a nova demanda, pois em todo o Estado conta apenas com três UTI´s pediátricas: no Walfredo Gurgel, com cinco leitos; Varela Santiago, com nove leitos; e Maria Alice, com seis leitos.
“Se a UTI for desativada, os pacientes de convênios não terão onde fazer tratamento de alto risco”, alertou Reginaldo Holanda.
Eduardo Maia informou que tem uma reunião marcada para hoje com a diretoria da Unimed. Ele disse ainda que a Amil também está negociando. “Estamos esperando a resposta dos outros conveniados. Se não chegarmos a um acordo que seja satisfatório para ambos os lados, infelizmente o resultado será o fechamento da UTI”, disse.
