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Para além da tela

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“Deus o Diabo na Terra do Sol”, “Terra em Transe” e outros filmes importantes do cinema brasileiro feitos por Glauber Rocha inauguram os primeiros dias do III Festival Goiamum Audiovisual que acontece a partir de segunda-feira até o próximo dia 26 de setembro.

Serão duas semanas unindo informação, formação cinematográfica, filmes raros e discussão política sobre a realidade do audiovisual no Brasil.
Goiamum  será realizado de 14 a 26 de setembro destacando a mostra Glauber Rocha, homenagem a Amaro lima (foto) e presença de Beto Brant
Segundo o produtor e também presidente do Cineclube Natal Nelson Marques, um dos produtores do Festival, a diferença deste ano é a distribuição das atrações. “A primeira semana é mais informativa e a segunda semana foi elaborada mais voltada para as discussões, sempre permeadas por exibições de filmes”, disse.

A programação do Goiamum é de um grande evento, no entanto, a pulverização das ações faz dele um festival sem casa.  Em vez de ter um ponto central onde ocorrem as principais atrações, o evento novamente acontecerá em diferentes partes da cidade, da Zona Sul até a Zona Norte — o que faz com que o público fique solto. A mostra Glauber Rocha, por exemplo, será exibida a partir de terça-feira no auditório Zila Mamede, durante uma semana, sempre às 19h. E na sexta-feira, no mesmo horário, acontece o bate-papo com o cineasta Beto Brant, no Solar Bela Vista.

De acordo com informações da produção, a distância entre as atividades é devido aos espaços cedidos para o festival. “Nós não tivemos outro dia disponível para Beto Brant, por isso os horários terminaram sendo o mesmo”, explicou Nelson.

A mostra Glauber 70 anos foi cedida pelo espaço “Tempo Glauber” mantido por Paloma e Pedro Rocha, filhos do cineasta. “Pedro estará aqui para conversar sobre a mostra e sobre cinema e sobre a restauração dos filmes de Glauber, os mesmos que serão exibidos aqui. Acredito que será um dos pontos altos do festival”, acrescentou.

Ainda segundo o produtor, a característica mais forte do Festival – além das oficinas, das trocas e das exibições – são as discussões políticas inseridas na programação. “Desde o primeiro Goiamum esse é um dos diferenciais. O projeto não se limitou às exibições e às oficinas, mas também a abrir uma discussão madura e criar possibilidades para que as crianças e os adolescentes possam ter uma leitura melhor do cinema. Não adianta criar eventos audiovisuais sem esse traço, o da formação”.

Com esse perfil, o Goiamum terá a presença nos debates de historiadores, psicólogos e cientistas sociais. “O importante é irmos além do cinema, além da tela”.

Outro ponto peculiar do projeto é o “Desentoca”, que se destina a exibir filmes que estavam nas gavetas. “Uma combi adaptada irá percorrer 10 bairros para disseminar o audiovisual. Ao invés dos trabalhos ficarem presos com seus autores, o Goiamum criou uma possibilidade de exibir esses documentários e vídeos”.

O Festival terá também encontro de Cineclubes do Nordeste, a presença do cineasta Beto Brant (diretor de O Invasor e Cão sem Dono, entre outros) para uma palestra e bate-papo com o público e uma mostra de filmes que foram adaptados das histórias em quadrinhos com a presença do escritor Moacy Cirne.

O homenageado deste ano será o maquiador Amaro Bezerra, potiguar com mais de quatro décadas dedicadas às artes e que desde a década de 1980 desenvolve uma sólida carreira nos bastidores do cinema. Bezerra tem no currículo mais de 30 produções na qual atuou como maquiador chefe, incluindo sucesso de bilheteria como “O Homem que Desafiou o Diabo” e “Bezerra de Menezes”, além de ter trabalhado em novelas da Rede Globo.

Bonecos: de brincadeira a Patrimônio Cultural

Por Alessandro Amaral

Encantando gerações, do interior às capitais, o João Redondo – Teatro Popular de Bonecos no RN – busca seu reconhecimento como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. O processo de registro junto ao IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) começou em 2004, e na atual etapa de instrução técnica, está se realizando a pesquisa documental e de campo desta expressão popular, por meio de entrevistas aos bonequeiros e familiares, assistência e registro de espetáculos de bonecos, entre outros.

Como parte fundamental deste processo, estão sendo realizados Encontros em cada um dos estados abrangidos pela pesquisa: Pernambuco, Rio grande do Norte, Paraíba, Ceará, e no Distrito Federal. O Encontro de João Redondo no Rio Grande do Norte aconteceu entre os dias 03 a 06 de setembro de 2009, objetivando divulgar e discutir o andamento do processo de registro, assim como, seus desdobramentos, fomentar parcerias, promover e valorizar a perpetuação da arte em cada localidade.

Estiveram presentes neste evento, mestres de vários municípios, como Itajá, São José de Campestre, Passa-e-Fica, Natal, São Pedro do Potengi, Carnaúba dos Dantas, Lagoa Salgada, Macaíba, Nova Cruz, Assu, Currais Novos, Cerro Corá, João Câmara, Cruzeta, Santa Cruz, Brejinho, São Rafael e Riachuelo. Na ocasião foram discutidos assuntos relacionados à salvaguarda dessa arte e, nesse intuito, foi criada a APOTIB (Associação Potiguar de Teatro de Bonecos).

Durante os quatro dias o Marina Travel Praia Hotel, localizado na Praia dos Artistas, respirou cultura popular. O trânsito de bonequeiros com suas malas, os debates e plenárias no auditório, assim como, as cantorias e alegria dos brincantes, contagiaram a todos. À noite, apresentações de João Redondo encheram de brilho e risadas o largo da Praça Augusto Severo, na Ribeira. Jovens, adultos e crianças se entregaram a magia do João Redondo Potiguar. A platéia reviveu histórias tradicionais do Capitão João Redondo e do nêgo Baltazar, também pode apreciar inovações dos mestres da nova geração, com apresentações de bonecos de materiais recicláveis, outros com engenhocas fazendo jorrarem  água e que usam computador.

O encontro serviu também para mobilizar os mamulengueiros na criação da sua primeira associação, a APOTIB. Em assembléia extraordinária, os mestres votaram e elegeram o corpo diretor da associação que conta com Maria das Graças Cavalcanti Pereira, como presidente; Geraldo Zacarias de Andrade, vice-presidente; Francinaldo da Silva Moura, secretário; Emanoel Cândido do Amaral, tesoureiro. O conselho fiscal ficou composto por Josivan Ângelo da Costa, Marcelino Martins de Lima e Daniel Ângelo da Costa. A meta principal da entidade é buscar reconhecimento desta forma de arte e lutar pelos direitos dos brincantes.

O pedido de registro do Teatro Popular de Bonecos do Nordeste como Patrimônio Cultural do Brasil junto ao IPHAN foi encaminhado pela ABTB (Associação Brasileira de Teatro de Bonecos), e hoje está praticamente efetivado pelo Departamento de Patrimônio Imaterial da instituição federal.

Cine Debate e palestras e outras ações de fomento

O Goiamum oferece palestras gratuitas, ministradas por gente que tem conhecimento a oferecer e que está por dentro do que rola no cinema brasileiro atual. William Hinestrosa, do Kinoforum (SP), fala sobre “A importância dos festivais de cinema para os produtores independentes”. Germana Pereira explica como é a “Atuação do Centro Audiovisual Norte-Nordeste no Nordeste”. João Vieira Jr., da Rec Produtores (PE), e que trabalhou em filmes como O Céu de Suely e Baixio das Bestas, conversa sobre “A produção de filmes no Nordeste”.

No dia 19, o cineasta potiguar Edson Soares faz a primeira exibição do média-metragem Entre Lobos, filmado em 35mm.  O filme conta a história de Diva, uma criança pobre que convive com a violência doméstica e o trabalho infantil e um dia conhece Tecinho, um menino de rua que ganha a vida nos sinais de trânsito. Entre os curtas, o Goiamum se orgulha em apresentar os seguintes trabalhos: Fazendo Presença, do potiguar Emanuel Grilo; Sweet Karolynne, da paraibana Ana Bárbara Ramos; No Oco do Mundo, dos paraibanos Kako Gomes e Melina Vasconcelos; Como Estava, do potiguar Bruno Marques; e Lá Vem o Juvenal, produção alagoana de Hermano Figueiredo.  O festival recebe ainda o longa-metragem O Rebeliado, documentário paraibano de Bertrand Lira.

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