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Para o jornalista Calmon, “economizar tem custo”

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O Inovar-Auto é o exemplo puro de excesso de intervenção governamental em geral e na indústria automobilística em particular. Pode ter havido intenção de fortalecer o setor ao criar obstáculos para quem não produz localmente, mas a estratégia acabou por produzir uma legislação complexa e difícil de implementar. O marco legal começou em 2011 e incluiu incentivos para inovação. Foi preciso editar duas leis, quatro portarias e um decreto ao longo de quatro anos para um programa que teoricamente termina em 2017.
Um elétrico compacto economiza 100% de combustível, mas seu custo é  250% mais caro
Apesar do viés protecionista e questionado por organismos internacionais, sempre é bom lembrar que o México tem uma lei mais direta: só pode importar quem produz localmente. Mas se sabe que o “jeitinho” mexicano também apareceu por lá e o número de acordos comerciais multilaterais ajudaram. Aos poucos atraiu várias fabricantes – a última foi a Kia – para se tornar o maior produtor de veículos da América Latina. Em razão da crise atual, o Brasil verá o México (com o mercado dos EUA escancarado para eles) ainda mais à frente por muitos anos, apesar de nosso grande mercado interno potencial.

Exigência de eficiência energética, embutido no Inovar-Auto, é realmente um ponto indiscutivelmente positivo. Os fabricantes terão que demonstrar, a partir de outubro de 2016, que atendem a meta mínima de redução de 12,08% no consumo de etanol e gasolina sobre a média dos veículos à venda de cada marca, tendo como referência 2011. As multas em caso de descumprimento são altíssimas e, assim, todos deverão se ajustar.

Com a fase atual de preços altos de combustíveis essa é boa vantagem para os consumidores na hora de abastecer. Também exigirá das fábricas, especialmente as que produzem modelos de maior porte (picapes e SUVs médios), um acerto fino da produção para se manterem dentro da média obrigatória de economia. Vendas adicionais de modelos menores terão que compensar eventuais desajustes. Talvez signifique um crescimento na procura por motores de 1 litro de cilindrada.

Há um problema adicional nessa adequação. A indústria domina várias tecnologias para menor consumo, mas tem que manter preço competitivo em momento de forte recessão no mercado. A Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA) apresentou um estudo recente, feito na Austrália, que compara os valores de custo de cada recurso técnico com o respectivo potencial de economia de combustível. A análise inclui não somente motores, mas itens de carroceria (aerodinâmica, peso), acessórios (direção, pneus) e tipos de caixas de câmbio.

A pesquisa demonstra uma equação bastante complexa e cada fabricante monta um verdadeiro quebra-cabeça. Considera o dólar australiano em R$ 2,67, a preço de custo (sem impostos ou margem de lucro) e não de venda. Um veículo híbrido consegue 45% de economia por menos de R$ 10.000,00.

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