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Para onde foi o dinheiro perdido na crise?

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CRISE GLOBAL - Preço das ações nas bolsas de valores dos EUA não passam de estimativa financeira

 Eric Carvin – Associated Press

Nova York – Bilhões de dólares em valores de ações simplesmente desapareceram. Bilhões de dólares em forma de poupança evaporaram. Uma grande parcela do dinheiro pago por moradia, do dinheiro economizado para arcar com a educação das crianças, do capital necessário para que uma empresa pague seus funcionários sumiu. Seja um corretor de bolsa de valores ou um cidadão comum, se você tinha dinheiro aplicado num plano de aposentadoria privada 401 (k), num fundo mútuo ou numa poupança para pagar a faculdade de seus filhos, a baixa da bolsa de valores significa que você perdeu uma grande fatia de suas economias num intervalo de poucos meses. Mas se esse dinheiro não está com você, quem ficou com ele? Os grandes investidores de Wall Street? Os xeques do petróleo da Arábia Saudita? O governo da China? Ou o dinheiro simplesmente evaporou?

Caso uma pessoa tente averiguar o paradeiro de seu dinheiro desaparecido – descobrir quem ficou com ele, talvez até mesmo exigir sua devolução -, ficará decepcionada ao descobrir, para começar, que esse dinheiro nunca foi real. Robert Shiller, economista da Universidade de Yale, resumiu isso de maneira muito mais direta: a noção de que alguém perde um montão de dinheiro sempre que a bolsa cai é uma “falácia”. Ele esclarece que o preço de uma ação nunca é o mesmo que o dinheiro, mas sim “a suposição mais aproximada” do valor de uma ação. “Nós nos limitamos a registrar um indício do que acreditamos que seja o valor dessa ação na bolsa. É o preço pelo qual as pessoas estão dispostas a negociar hoje – e elas são muito, muito poucas pessoas. Desta forma, nos limitamos a pensar que seja essa a quantia que todo mundo acha que vale.”

Shiller utiliza como exemplo um corretor de imóveis que certo dia avalia uma casa em US$ 400.000 e uma semana depois avalia o mesmo imóvel em US$ 350.000. “De certa forma, quando isso acontece, US$ 50.000 acabam de desaparecer. Mas esse valor existe apenas no pensamento.”

Em outras ocasiões, no entanto, esses valores somem de verdade, como numa queda no mercado de valores ou numa redução dos preços dos bens. Mesmo que uma ação não seja uma cédula em sua carteira, mesmo que o valor de sua casa não seja algo que possa ser cobrado à vontade, existe a possibilidade de se perder dinheiro. Ou seja, o dinheiro que seria seu para gastar ao vender um imóvel ou para se aposentar com as economias de seu fundo de pensão.

Quando se está a poucos meses da aposentadoria ou se pretende vender uma casa para comprar outra menor e pagar os estudos universitários dos filhos, esse “dinheiro potencial” é algo com que se contava. Para quem precisa de dinheiro, principalmente se for de imediato, a perda é bastante real, apesar de não se ajustar exatamente à definição técnica de dinheiro. O problema começa quando a pessoa pensa que esse dinheiro potencial significa o mesmo que o dinheiro em sua carteira ou em sua conta corrente. “Isso é um grande erro”, observa o professor de economia Dale Jorgenson, da Universidade de Harvard.

Existe uma diferença clara: apesar de o dinheiro seguramente não sumir, a quantia que poderia ter sido ganha se a casa tivesse sido vendida ou se a aposentadoria tivesse sido sacada um ano atrás certamente poderia desaparecer. “Não é possível desfrutar dos benefícios de seu fundo de aposentadoria se ele desapareceu”, explicou Jorgenson. “Se ele estivesse todo investido em ações e baixado 80%, má sorte! Essa perda é permanente porque esse dinheiro não volta.”

EUA estuda compra de seguradoras

Washington (AE) – O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos estuda a compra de participação acionária em companhias de seguros, um sinal de como o pacote de socorro de US$ 700 bilhões tornou-se um “cofrinho” para as companhias com problemas financeiros, informa The Wall Street Journal. A disponibilidade de dinheiro do governo está atraindo pedidos de todos os lados, com seguradoras, montadoras, governos estaduais, entre outros entes públicos e da iniciativa privada, fazendo lobby para conseguir tomar parte no pacote. Embora o Tesouro  Norte-americano pretenda uma aplicação mais pulverizada para os recursos disponibilizados pelo governo do presidente George W. Bush, os pedidos das empresas podem rapidamente consumir os US$ 700 bilhões, um valor que, no início, muitos consideraram alto demais para conter a crise de liquidez.

O Tesouro quer que as seguradoras participem do pacote, de acordo com pessoas próximas à questão. A maioria delas é financeiramente sólida, mas viu seus investimentos de longo prazo e suas ações prejudicados pelas recentes turbulências do mercado financeiro mundial. Por enquanto, contudo, apenas algumas empresas estariam aptas a uma injeção de capital.

Pelos termos do programa do Tesouro conhecido como Tarp (Troubled Asset Reduction Program), as empresas teriam de ter uma holding financeira que fosse regulada em nível federal. As seguradoras também teriam que vender seus ativos problemáticos para o governo, dentro de um elemento separado do programa.

Com a sinalização de que pretende adquirir ações das seguradoras, o governo Bush espera estabilizar o mercado enquanto outras medidas são adotadas na Europa, Ásia e nas nações em desenvolvimento.

Ásia e Europa pedem ajuda ao Fundo monetário

Pequim (AE) – Os líderes da Ásia e da Europa, reunidos em um encontro de cúpula na capital da China, pediram ao FMI para desempenhar um papel vital na ajuda as nações severamente atingidas pela crise econômica global. “Os líderes concordaram que o FMI deve desempenhar um papel crítico em assistir países seriamente afetados pela crise”, desde que solicitado, segundo um comunicado postado na página na internet do encontro Ásia-Europa (ASEM, na sigla em inglês). O encontro de cúpula da ASEM começou na sexta-feira e reúne mais de 40 líderes das duas regiões, com as conversas dominadas pela crise econômica.

Ao final do primeiro dia de discussões, os líderes da Ásia e da Europa prometeram uma grande reforma do sistema financeiro global. “Os líderes prometeram se responsabilizar por uma reforma ampla e eficaz dos sistemas financeiros e monetários internacionais”, segundo um comunicado postado no site do encontro. “Eles concordaram em tomar rapidamente iniciativas apropriadas neste respeito, em consulta com todas as partes associadas e as instituições financeiras internacionais relevantes.

Espanhóis querem ir à reunião de cúpula Madri (AE) – Mesmo sem ter sido individualmente convidada, a Espanha quer participar da reunião de cúpula sobre a crise financeira marcada para o próximo dia 15 em Washington, informou o governo do país ibérico na última sexta-feira. “Nas próximas semanas haverá numerosas reuniões de nível internacional”, disse a vice-primeira-ministra Teresa Fernandez de la Vega, como parte de uma intensa ofensiva diplomática para incluir a Espanha no encontro.

Ela mencionou a reunião de cúpula Ásia-Europa, a cúpula ibero-americana de San Salvador nesta próxima semana, a reunião de líderes da União Européia (UE) prevista para ocorrer em Bruxelas em 7 de novembro e também a cúpula de Washington. “Estou convencida de que a Espanha estará em todas essas reuniões”, afirmou a vice-primeira-ministra em entrevista coletiva concedida em Madri.

Na quarta-feira, a Casa Branca anunciou que realizará em 15 de novembro uma reunião de cúpula do Grupo dos 20 (G-20), que inclui os países mais ricos do mundo e as principais nações emergentes da atualidade. Madri exige que a Espanha seja convidada a participar como “a oitava potência econômica mundial”.

Uma fonte no governo espanhol disse que os diplomatas do país estão pressionando “em todas as direções e em todos os níveis” para “assegurar que a Espanha esteja lá”. A mídia espanhola informou que a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, recusou-se a enviar um convite individual para a Espanha. A informação é negada pelo ministro espanhol das Relações Exteriores, Miguel Angel Moratinos. “Não há resposta negativa. É verdade que eu conversei com a secretária de Estado americana e que ela ouviu meus argumentos”, disse o chanceler espanhol. “Nós continuamos a fazer tudo a nosso alcance para assegurar que a Espanha esteja lá”, prosseguiu.

De acordo com ele, “a maioria dos governos europeus e das nações participantes acredita que a Espanha preencha os requisitos para participar. Criado em 1999, o G-20 responde por 85% da economia mundial e representa cerca de dois terços da população do planeta.

O G-20 reúne os países do Grupo dos Sete (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Itália e Japão) mais África do Sul, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, China, Coréia do Sul, Índia, Indonésia, México, Rússia, Turquia e a União Européia (UE), que reúne 27 nações e da qual a Espanha faz parte.

Quinta-feira Negra marcou o início da crise em 1979

Nova York (AE) – Há exatos 79 anos começava a fissura que engoliria Wall Street em 1929. Aquele ano, cujas características têm sido espelhadas no de 2008 em citações freqüentes por participantes do mercado internacional, marca catástrofes seqüenciais no mundo financeiro. Em 24 de outubro de 1929 começava a rachadura em Wall Street, que antecipava em poucos dias o tremor que assolaria o mercado financeiro na crise que deflagrou a Grande Depressão econômica. Aquela Quinta-Feira Negra deu início a quedas sucessivas e ainda mais fortes nas Bolsas de Valores norte-americanas.

Hoje, 79 anos depois da primeira faísca de 1929, analistas em Wall Street garantem que os EUA já estão em recessão, alertam que o processo também será inevitável na Europa e o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que a economia global estará no “limiar da recessão” em 2009. Em Wall Street, os índices acionários Dow Jones Industrial Average e S&P-500 perderam 41,8% e 45,5%, respectivamente, desde o pico registrado em 11 de outubro de 2007. Desde então, Manhattan viu bancos de mais de um século de existência baixando definitivamente as portas ou sendo adquiridos pelos concorrentes.

A Quinta Negra de 1929 marcou uma queda apenas marginal da Bolsa, de 2% ante o dia anterior. Mas teve o destaque nas perdas intraday, que fizeram com que mais de 12 milhões de ações trocassem de mãos em um único dia, quando a média diária era de 4 milhões, o que deflagrou um “resgate” naquele mesmo dia orquestrado por banqueiros e pela própria Bolsa.

No fim daquela manhã dramática, já circulavam rumores de investidores pulando de seus escritórios em Manhattan, mas até hoje a veracidade destas fatalidades é questionada. No livro 1929: O Colapso da Bolsa, na edição em português, o célebre economista John Kenneth Galbraith classifica este episódio como um dos mitos da quebra da Bolsa: “Nos EUA, a onda de suicídio que seguiu a quebra do mercado de ações é também parte da lenda de 1929. Na verdade, não houve nenhum.”

Do pico do mercado acionário, registrado em setembro de 1929, o Dow Jones só teve estabilização anos depois. De setembro daquele ano, no ápice de pouco mais de 380 pontos, o Dow Jones seguiu para o fundo do poço.

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