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Para ter um projeto o RN precisa de acordo

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Cassiano Arruda

Depois de um breve período longe do jornalismo periódico e mais de 50 anos neste campo de batalha, sempre no nosso Rio Grande do Norte (e tratando dos seus assuntos), retorno a esta Tribuna do Norte, onde tudo começou, cometendo uma injustiça ao clamar por – “Um  Projeto para o RN”.

Voltei generalizando, que é o primeiro passo para o erro. O segundo erro foi a imprecisão da mensagem, permitindo diferentes leituras, o que algumas vezes é um bom recurso, e noutras um desastre. No contexto,  a mensagem terminou entendida como o que falta é um projeto, quando a verdade é outra.

Projetos existem. Falta quem seja capaz de identificar o melhor entre esses projetos e tenha condições de liderança para convencer os norte-rio-grandenses da necessidade de sua execução e se disponha a lutar pela sua implementação.
Um projeto em marcha
Para  resgatar o desenvolvimento econômico do Rio Grande do Norte por meio de ações que priorizam restaurar o equilíbrio fiscal, investimentos em infraestrutura, geração de emprego, além de melhoria do ambiente de negócios, são alguns dos pontos prioritários do MAIS RN, que completou, semana passada, cinco anos na pista. O estudo, lançado em 2014 e atualizado no ano passado, mantém-se firme no direcionamento dos rumos do crescimento econômico, com o lançamento de uma plataforma, no dia 7 de agosto, que busca integrar os potenciais dos municípios do Estado aos interesses de possíveis investidores.

Para realizar esse trabalho foi contratada, pela FIERN,  a Macoplan Consultoria, em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento, e produziu um plano de desenvolvimento estratégico buscando o avanço econômico e promoção de investimentos particulares na busca de competitividade em relação aos estados vizinhos.

Esse estudo realizado identificou, ao longo desses cinco anos, 403 oportunidades de negócio em 15 segmentos que representariam, segundo estimativa, um crescimento de 5% do PIB do Estado.

A quem cobrar o que foi feito
Embora a responsabilidade seja de quem o contratou, uma das melhores contribuições do MAIS RN – o nome dado a esse projeto – os números identificados e levantados, não estão chegando todos ao grande público. Falta uma campanha para mostrar que o nosso Rio Grande do Norte, nesses cinco anos, está crescendo pra baixo, que nem rabo de cavalo.

Mostrar a verdade, por mais incômodo, pode ser o primeiro passo para mudar essa triste realidade. Temos de reconhecer que não é fácil, para um organismo que necessita ser otimista, pela sua própria natureza, mostrar o contrário.

No quinto aniversário do MAIS RN foi dito que a sua principal meta, nesta aérea, buscou um crescimento de 5% do PIB. Infelizmente não foi dito qual foi o crescimento do nosso PIB nesse período.

Aliás, por que a FIERN a exemplo de suas congêneres, não usa a sua credibilidade para mostrar aos norte-rio-grandenses um quadro completo dos itens que podem construir um retrato sem retoque do desenvolvimento do Estado, com os números comparativos das suas principais atividade econômicas?

Claro que o levantamento desses elementos foi um grande serviço prestado ao nosso Estado, porém o comparativo pode falar mais alto. Até para envergonhar aqueles que precisam sair da passividade diante de uma realidade cruel, e possa se indignar, reagir, tomar uma atitude…

Planejamento centralizado contra a vontade do eleitor
Por mais que se reconheça a necessidade do planejamento existe um outro aspecto que não pode ser esquecido quando se trabalha com o futuro de um Estado, Cidade, País ou região.

Por mais isento e correto, o trabalho de planejamento realizado a partir dos números e circunstâncias nem sempre traduz o melhor caminho a ser seguido. Muitas vezes governos carentes de uma identidade popular buscam num planejamento centralizado a legitimidade que lhes falta. Porém, por mais importante que seja essa ferramenta são é suficiente por si só;

Que o diga o MAIS RN, elogiado por todos, mas não abraçado de verdade por nenhumlíder. Resultado: a excelente qualidade do trabalho técnico, a seriedade na apuração dos números e dados, e até mesmo a correta interpretação desses elementos terminam em frustração geral.

Planejamento não se compra na farmácia. Não basta comprar um Projeto para crescer. Ou um projeto para gerar empregos. A vontade de fazer – vontade política – algumas vezes é capaz de criar um Projeto, mesmo que ele não tenha uma análise da situação, levantamento dos pontos de alavancagem e correta definição de estratégias, quando existe quem faça a população acreditar na sua capacidade de fazer, pode superar as adversidades e chegar a algum lugar. Até optar por percorrer os caminhos mais difíceis. Não se entenda um projeto como um calhamaço de papel ou milhares de gigabites corretamente arrumados que se possa manipular as folhas  com textos, imagens, tabelas e gráficos.

Como viabilizar um pacto pelo RN
Ainda usando o exemplo do MAIS RN este surgiu a partir da consciência da falta de um pacto político e social da sociedade civil com todos os Poderes em prol da melhoria do Estado e da qualidade do seu povo.

Os próprios gestores do Projeto reconhecem que “isso não aconteceu”.

E como não aconteceu, cinco anos depois, a situação não melhorou, nem a qualidade de vida do seu povo tornou-se melhor. Os indicadores confirmam isso. E hoje, pelo menos,existem esse indicadores.

Um Projeto para o Rio Grande do Norte depende, sobre tudo, de um grande entendimento. Isso num Estado que rejeitou acordo como uma coisa negativa, abominável e por isso mesmo merecia ser derrotada.

Um Projeto necessita de um Pacto, mas como um povo que rejeita Acordo, vai se unir para realizar alguma coisa, por mais correta e melhor estudada.

Se são poucas as dúvidas em torno da necessidade de um Projeto, está na hora do Rio Grande do Norte reconhecer que, para isso acontecer, vai necessitar fazer um acordo, ou seja o nome que venha a chamar essa atitude. O Pacto, Entendimento ou tenha o nome que quiserem, é pré condição para termos um Projeto.

Por mais que se consiga levantar os dados necessários para se estabelecer qual o caminho a seguir. Antes disso todo o esforço servirá, apenas, para se desenhar o ideal. Mesmo sabendo-se que ele será inatingível.

A construção de uma Plataforma ou aplicativo para disponibilizar o acervo – valioso acervo – recolhido e organizado e que pode botar na vitrine o esforço feito para a elaboração desse Projeto.

Mas, o Projeto do Rio Grande do Norte – absolutamente necessário – só acontecerá quando aparecer alguém que compre essa ideia e tenha credibilidade para dizer essa verdade. E se for acreditado pela maioria do Povo saia do papel e ganhe as ruas, mentes e corações dos norte-rio-grandenses. E além de ter essas qualidades possa agregar todas as forças (inclusive antigos adversários) para formar um sistema e conduzi-las a um objetivo comum. O RN precisa de um Projeto. O RN merece um Projeto.

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