São Paulo (AE) – A Comissão de Ética do partido Novo decidiu suspender a filiação do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. A decisão foi divulgada pela legenda nesta quinta-feira, 31. Em nota, a sigla cita dispositivo de seu estatuto que prevê suspensão em caráter liminar (temporário), quando há “risco de dano grave e de difícil reparação à imagem e reputação do Novo”.
A decisão foi tomada dentro do processo que analisa a expulsão de Salles, solicitada pelo deputado estadual Chicão Bulhões, do Rio. Atualmente, o ministro não participa de atividades partidárias e não tem cargo na legenda. Ele tem sido alvo de críticas por declarações controversas e pela sua atuação diante da crise das queimadas na Amazônia e das ações de monitoramento e retirada do óleo encontrado nas praias do Nordeste.
Apesar de filiado ao Novo, Salles não foi uma indicação do partido para assumir o ministério de Jair Bolsonaro. Depois que já estava à frente do ministério, o diretório nacional da legenda emitiu resolução determinando a suspensão de filiados que ocupem cargos públicos sem que tenham sido indicados pela legenda.
A regra, porém, não tinha efeito retroativo e, portanto, não se aplicou ao titular do Meio Ambiente. Em agosto passado, em meio à crise das queimadas na Amazônia, alguns membros do Novo protocolaram um pedido para que Salles tivesse a filiação suspensa.
Argumento
Questionadas pelo jornal O Estado de S. Paulo no último sábado, lideranças do partido afirmaram que Salles permaneceria na legenda se assim desejasse, argumentando que ele cumpre com as obrigações dos filiados.
“O que a gente pode exigir dos filiados é que eles sejam ficha limpa e que paguem a contribuição, que é de R$ 30 por mês. Mas a nossa ingerência sobre a atuação dos filiados é limitada, temos 48 mil membros”, disse ao Estado o presidente do Novo, João Amoêdo, na ocasião do 5.º encontro nacional da legenda.
No mesmo evento, o deputado federal Marcel van Hattem (RS), líder da bancada do partido na Câmara, afirmou que a pauta ambiental de Salles “tem muito a ver com os valores do Novo”.
Antes de se tornar ministro, Salles foi secretário estadual de Meio Ambiente de São Paulo, entre 2016 e 2017. Procurado nesta quinta pelo Estado, o ministro afirmou que não iria se manifestar sobre a decisão do partido.