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Passageiros da BRA esperam por definições

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AVIAÇÃO - Luciano Ribeiro, que comprou um bilhete para viajar para São Paulo, era um dos clientes sem informação

Em compasso de espera. Foi assim que os passageiros e funcionários da BRA no Rio Grande do Norte passaram a manhã de ontem, enquanto reuniões entre a cúpula da empresa e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) eram realizadas em nível nacional. Na loja da BRA da Nascimento de Castro e no guichê do aeroporto Augusto Severo, poucos clientes procuraram a empresa e todos eram informados de que só haveria definições a respeito de como, e quando, os passageiros iriam poder voar, após a conclusão dessas reuniões.

Além disso, alguns números telefônicos eram informados aos passageiros. O principal é o (11) 3583-0122 para quem queira reacomodação (viajar por outra empresa) ou pedir o reembolso de suas passagens. “Caso a compra tenha sido feita em dinheiro e na nossa loja, ele pode vir aqui e o reembolso é imediato, caso contrário o cliente dá entrada no pedido e deve receber em, no máximo, 30 dias”, explica a empresária Micheline Machado, da Micheline Tur, representante da BRA em Natal.

Segundo ela, a expectativa era que as passagens da BRA fossem absorvidas pelas demais empresas aéreas. A esperança maior, porém, é que a empresa volte a funcionar normalmente após os 15 dias de suspensão. “Não houve anúncio de fechamento”, lembrou a empresária. O otimismo também diz respeito aos empregos gerados direta, ou indiretamente pela BRA no Estado. “Na nossa loja não temos funcionários da BRA, mas se houver fechamento, certamente seremos afetados pelas conseqüências, mas estamos aguardando informações para ver como vai ficar”, ressaltou.

No guichê da BRA no Augusto Severo, a informação era de que os passageiros têm preferido telefonar, que ir diretamente ao aeroporto. O clima entre os funcionários é de apreensão, mas muitos ainda confiam na recuperação da empresa, sobretudo por conta do possível aporte de recursos de um “fundo de investimentos”, que estaria interessado na empresa aérea.

Desinformação

  Trabalhador do setor da construção civil, Luciano Ribeiro era um dos clientes, sem informações, que procurou ontem a loja da BRA em Lagoa Nova. “Fiquei preocupado porque vou viajar dia 15 para São Paulo e não sei como vai ficar, mas acho que tudo vai estar resolvido até lá e na verdade acho que está tudo encaminhado”, afirmou.

A enfermeira Silvana Lúcia Câmara, com passagem marcada para Porto Alegre, em um vôo amanhã, teve mais dificuldades que Luciano. Após ir à loja, ela foi orientada a procurar a Anac no aeroporto. Porém, no local, os representantes da agência também não tinham recebido qualquer informação sobre qual procedimento tomar, enquanto a questão não se resolvesse em nível nacional. “Sei que esse pessoal foi pego de surpresa como a gente. Infelizmente, continuamos à mercê dos órgãos governamentais que não resolvem essa crise”, lamentou.

Com retorno para Anapolina,  município de Goiás, marcado para o próximo dia 12, o casal de turistas Antenor e Marta Pinheiro foi ao aeroporto em busca de informações. “Essa situação cria, sim, um pouco de apreensão, mas acredito que tudo vá se resolver, pois o importante é garantirmos a volta, independente de qual empresa seja”, ressaltou. O coordenador geral do Procon Estadual, Beto Madruga, afirmou que ainda não surgiram reclamações de clientes da BRA à procuradoria. Ele recomendou, contudo, que aqueles clientes que não conseguirem uma solução para seus problemas junto à empresa, ou à Anac, devem buscar seus direitos.

Prioridade é acomodar em outras empresas

A companhia aérea BRA confirmou ontem que vendeu 70 mil passagens até o dia 30 de março de 2008, sendo 4,2 mil internacionais, entre os quais 250 passageiros estão no exterior com previsão de retorno até o final do ano. A assessoria de imprensa da companhia afirmou que a acomodação de passageiros com bilhetes comprados em aviões de outras companhias partirá de acordos com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e demais empresas, e não de iniciativa da BRA.

Em nota oficial enviada ontem à imprensa, a BRA informou que a prioridade de reacomodação será para passageiros que já iniciaram a viagem  e esperam retornar ao ponto de origem. “Quando necessário, solicitem cópia do bilhete eletrônico nas lojas de aeroportos, antes de dirigir-se ao balcão de check-in da BRA para as providências de reacomodação nas demais empresas citadas”, diz a nota. Para quem tem passagens compradas mas ainda não embarcou, a orientação é que solicite o reembolso. O canal pelo qual os consumidores podem tirar dúvidas é o email [email protected] – antes, havia um número de telefone e o site da empresa. Em atendimento a uma solicitação da Anac, a TAM disse que aceitará todos os bilhetes emitidos pela BRA a partir desta quarta-feira. Os passageiros, porém, ficarão sujeitos à disponibilidade de assentos. A TAM não informou qual a taxa de ocupação dos vôos dos próximos dias. O mesmo procedimento é adotado pela Gol, Varig e OceanAir .

Nota oficial

Em nota oficial, emitida no início da noite de ontem, a Anac repetiu todas as informações repassadas pelo Ministério da Defesa, no dia anterior, ressaltando apenas que “trabalha incessantemente para redistribuir, em primeira mão, os passageiros da BRA que estão fora dos locais de origem”. Na nota, a Anac diz ainda que a fiscalização da agência “registrou que todos os passageiros programados para viajarem nesta quarta-feira foram realocados e que, portanto nenhum passageiro deixou de embarcar”. Acrescentou ainda que a Anac “está tentando reacomodar os passageiros que já haviam programado seus vôos com a companhia”. E completou informando que “não foi registrada nenhuma reclamação de passageiros nos aeroportos”.

Em comunicados postados no site oficial ao longo do dia, a Anac disse ainda que, “em respeito aos direitos dos passageiros” está coordenando trabalho conjunto com o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor, ligado ao Ministério da Justiça, com objetivo de “unificar ações de informação aos usuários do sistema de aviação civil para que os Procons de todo o país orientem os consumidores como agir e nos procedimentos com relação a suspensão dos vôos da empresa”.

Sindicato pede penhora dos bens da BRA

Rio – O Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Transporte Aéreo  do Município do Rio de Janeiro (Simarj) ajuizou ontem no Tribunal Regional do  Trabalho, do Rio, uma ação civil pública para pedir a penhora dos bens da BRA.  Segundo o secretário geral do Simarj, Luiz Braga, a medida foi tomada para tentar  preservar recursos para o pagamento dos 1.100 trabalhadores da empresa, que  já receberam aviso prévio.

Braga, também diretor jurídico do Simarj, disse que o objetivo é arrestar as  contas bancárias da BRA, os bens materiais em aeroportos como Santos Dumont  e o Galeão, no Rio, além de quatro aeronaves que estariam estacionadas no Aeroporto  Internacional de Guarulhos. 

O presidente da BRA, Humberto Folegatti, esteve ontem com  o presidente da OceanAir, German Efromovich, para negociar fretamentos para  a PNX, sua empresa de turismo. Com a paralisação da BRA, a PNX, segunda maior  operadora de turismo do País, está com seu negócio ameaçado. Oitenta por cento  dos pacotes turísticos vendidos pela PNX são viabilizados com vôos fretados  da BRA.

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