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Patuscada verde amarela

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Woden Madruga [ [email protected] ]

O mote é do mestre Florentino Vereda, que andava desaparecido há semanas (bem uns três meses ou mais) sem dar sinal nenhum, gps desligado. Aí aconteceu que no começo da semana, segunda-feira, caiu na minha bacia das almas um imeio seu vindo dos cerrados do Jalapão, ainda sua morada. Dá conta de que acabava de chegar da Austrália, onde fora, não para estudar a origem  dos cangurus,  mas para realizar uma série de palestras numa das universidades de lá. O imeio de Vereda está datado do dia 3, domingo, encaminhando  o artigo no qual analisa  o complicado momento político que o nosso país atravessa. Está escrito assim:

“Meu caro Woden Madruga:
Estive em Werribee, na Austrália – parede-meia com Melbourne – para um ciclo de palestras na Faculty of Veterinary Sciences.
Cidadezinha agradável, um pouco fria, pouco mais de 30 mil habitantes, nenhum flanelinha, talvez porque a bicicleta (ou bike, como se diz em Caicó) seja mais popular que o automóvel. Bom sistema ferroviário permite ir rápida e confortavelmente a Melbourne e adjacências. Ah se ainda tivéssemos trens no Brasil…
Em Melbourne vi um cidadão parecido com seu amigo Sanderson, sentado numa praça, com um livro de Machado de Assis no colo. Pensei em abordá-lo para saber notícias de Natal, mas como ele estava cochilando, não quis incomodá-lo. Será que era ele mesmo?
Um abraço para você e um cheiro para Alex, mando-lhe  alguns comentários sobre assuntos banais.
Florentino Vereda, seu amigo e admirador”.

Em seguida o artigo  que tem o título de “Patuscadas políticas”:
“Volto da Austrália e vejo que nada mudou nestas cinco semanas que passei longe do pátria amada, armada, desalmada, salve, salve! No Congresso, as mesmas patuscadas; sessões tumultuadas que mais parecem as brigas do Beco Santa Luzia, nos velhos tempos do Marista. Nas arenas falidas da FIFA e nos estádios mundo afora – a CANARINHA – capitaneada por um punhado de CANALHINHAS – já não sabe mais se corre atrás do ouro da FIFA ou das medalhas cada vez mais escassas. Ontem, gloriosa, hoje busca uma vaga na segunda classe num voo para a Rússia, em 2018, nem que seja na última fileira do avião, junto à toalete.
No jogo contra o Paraguai, ironicamente, a seleção amarelizada era que parecia feita no Paraguai. Nada mais craques; nem no futebol, nem na política. Não mais fulanos nem beltranos. Aliás, a respeito de piratas, fulanos e beltranos, comento sua crônica de hoje acerca das declarações “em off” do ministro Barroso. E gostaria de fulanizar um personagem, também acusado de pirata. Trata-se de um pato inflável, postado à frente do prédio da FIESP, em São Paulo, a qual está sendo acusada de plágio pelo meu xará, o artista holandês Florentjin Hofman, porque o tal pato seria uma cópia pirata de uma obra sua (dele). Quem sabe, é apenas frustração por não terem goleado de sete o Brasil na Copa de 2014, deixando a honra para seus vizinhos alemães.
A patota da FIESP contesta a acusação, dizendo que é uma patranha e que há diferenças significativas entre os patos brasileiro e holandês, principalmente “nos olhos, no pescoço e na base”. Confesso que num dos raros momentos de ócio, comparei os dois bonecos e vi que, realmente, dessemelhanças existem, embora à distância possam passar despercebidas. As cores são as mesmas. Corpo amarelo e bico vermelho, o que, no brasileiro, sugere uma certa indecisão entre as cores dos “coxinhas” e dos “mortadelas”, típico do PMDB, partido a que pertence o presidente daquela entidade empresarial. Por outro lado, o pato holandês flutua num dos belos canais de Amsterdam, enquanto o brasileiro plana sobre a Avenida Paulista, talvez com medo de sujar-se no mar de lama que paira abaixo da sua plumagem vistosa e imaculada.
O presidente da FIESP, Paulo Skaf diz que ‘O povo brasileiro é um povo de bem. O pato, com este olhar de paz, é a forma brasileira de protestar’. Vai ver que não notou que o seu subordinado pato está de olhos fechados, como se não quisesse ver o que vem depois do impeachment. Ou para se prevenir e poder alegar – ao ser conduzido coercitivamente na OPERAÇÃO PATACOADA (97ª da lava-jato) – que não viu nada, e que foi levado à Avenida Paulista por um vento de través daqueles a que a presidente (A) se referiu na ONU. De repente, viu-se no meio da patuleia e preferiu fingir-se de morto.
Como diz o Professor Axel Geburt, esta e uma questão patológica, uma patomania. O pato será o divisor de águas na próxima eleição. E ao fim, quando as urnas forem abertas, pode ser que, juntamente com o pato, os eleitores deem com os burros n’água.
Só para concluir, como diria o amado mestre Ricardo “Careca” Lemos:  onde já se viu um pato de banheira ser chamado de arte? Santa paciência…
Michelangelo e Rodin que nos perdoem. ”

Futebol e livro
Na gaveta dos papéis desarrumados vou encontrar mais uma carta, cartinha (menos de meio lauda), de Veríssimo de Melo, datada de 10 de junho de 1994, escrita em Natal:

“Woden: meu abraço.
Mando-lhe a revista alemã “DEUTSCHLAND”, que recebo regularmente, com um interessante artigo sobre JORGINHO, o crak brasileiro. Passe os olhos. Aproveite algo, pois o momento é para se falar em futebol.
Já fiz a correção na Introdução do trabalho sobre OswaldoLamartine – conforme ele me disse, pelo telefone: “Ponha uma vírgula – depois de “E agora, Woden – etc…” De maneira que você já está devidamente na posteridade.
Mais adiante – semana que vem – escreva os dois ou três parágrafos sobre Oswaldo Lamartine – para botar na “orelha” da plaquete.
Abraços futebolísticos de
Veríssimo, vulgo VIVI.”

Notinha de WM: Não encontrei a revista e nem me lembro mais por onde ela anda. Aí, pergunto:  O Jorginho que Vivi se refere será o grande Jorginho, do ABC?  Um dos maiores craques do mundo que vi vi jogar no Juvenal Lamartine

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