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Paulo Guedes critica ‘negativistas’

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O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse hoje que “negacionistas” da melhora na economia querem “destruir o esforço de reconstrução nacional porque foram deslocados do poder”. Em entrevista à Jovem Pan, ele também acusou esse grupo, sem citar nomes, de querer “derrubar a economia para fazer política”.
Paulo Guedes reconhece que a inflação está mais alta, mas destaca geração de empregos
“Do mesmo jeito que subiram em cadáveres para fazer política, agora vão derrubar economia para fazer política. Vão dizer que economia caiu, não cresceu mais… pô, só depende de nós”, afirmou Guedes.
Nos últimos dias, diversas instituições revisaram suas projeções de crescimento para 2022, prevendo um desempenho menor do Produto Interno Bruto (PIB) – algumas delas esperam alta menor que 1%. O governo até agora prevê avanço de 2,5%, mas novas estimativas serão divulgadas amanhã pela Secretaria de Política Econômica (SPE) da pasta.
“Negacionistas, oposicionistas e negativistas querem destruir o esforço de reconstrução nacional porque foram deslocados do poder. Nós estamos lutando para botar Brasil para crescer”, disse.
Paulo Guedes afirmou que a “volta em V” após o pico dos efeitos da pandemia de covid-19 sobre a economia já aconteceu e que, agora, o desafio é sustentar uma taxa de crescimento. Ele reconheceu que esse ritmo de avanço não ficará nas mesmas taxas que devem ser observadas em 2020, ao redor de 5%, e disse “nunca” ter falado que o ritmo de crescimento continuaria em V. “Não existe crescimento real acima de 5%, indo pra 10%, 15%. Volta em V é economia que está lá embaixo e volta”, afirmou.
Segundo o ministro, os “negacionistas de fundamentos econômicos” previam que a dívida chegaria a 100% do PIB após os gastos extras da pandemia de covid-19 – o indicador chegou a beirar os 90% do PIB no ano passado, mas caiu a 83,8% do PIB em julho deste ano, segundo dados do Banco Central.
Paulo Guedes disse que a “perspectiva para o ano que vem está em aberto” e voltou a falar em “rolagem de degraça”. “O desastre está sendo rolado desde o primeiro ano. Economistas previram que democracia ia desmilinguir no primeiro ano, fizemos reforma da Previdência”, afirmou. “Os fundamentos fiscais estão sólidos. Somos o primeiro governo que vai terminar gestão gastando menos”, acrescentou o ministro.
Para ele, o dólar já era para ter caído de patamar, mas “o barulho político está muito grande”. “Temos que baixar barulho político, e o dólar se acalma”, disse.
O ministro reconheceu que a inflação está mais elevada, mas disse que há geração de “1,5 milhão de empregos a cada semestre”.
O índice oficial de inflação mostra uma alta de 9,68% em 12 meses até agosto. Já os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregado (Caged), que contabiliza o número de trabalhadores formais, apontam abertura de 1,85 milhão de vagas com carteira assinada no ano até julho.
No entanto, a Pnad Contínua, pesquisa do IBGE que captura também o mercado de trabalho informal, mostra que havia 14,8 milhões de desempregados no País no segundo trimestre de 2021.
“Eu reconheço que inflação está subindo, agora quando economia estava recuperando ninguém reconhecia”, disse Guedes. “Sim, inflação está mais alta, mas estamos gerando 1,5 milhão de empregos a cada semestre. A economista está voltando, vamos combater isso (inflação) e ponto final”, afirmou.
Precatórios
Paulo Guedes voltou a defender a necessidade da aprovação da PEC dos precatórios como caminho para o País ter previsibilidade de gastos e exequibilidade orçamentária, dentro da responsabilidade fiscal. Segundo ele, a manutenção dos fundamentos da economia depende da continuidade dos fundamentos fiscais, com a reativação do Bolsa Família embaixo do teto de gastos, a regra que impede que as despesas cresçam em ritmo superior à inflação. 
“Precisamos aprovar a PEC dos precatórios para acabar com a imprevisibilidade de outros poderes, porque os poderes são independentes, cada um pode fazer o que quiser, pode aprovar os gastos que quiser, mas eu também tenho obrigação constitucional de seguir a responsabilidade fiscal. Então, quem der um comando de gastos tem que se submeter a uma execução adequada, tem que ser exequível o orçamento da União”, disse o ministro ao falar do crescimento das despesas de precatórios, que são valores devidos a empresas, pessoas físicas e até mesmo entes federativos pela União após sentença definitiva na Justiça.
Além da PEC dos precatórios que tramita no Congresso, que propõe que a União possa pagar de imediato apenas os menores valores devidos e as grandes dívidas de precatórios sejam parceladas em até dez anos, o governo quer o aval do Judiciário para que esse parcelamento seja considerado constitucional. Mais cedo, Guedes fez um  um “pedido desesperado de socorro” ao presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, que brincou que o “filho” não era dele.
Precisamos de um Estado com propósito, diz Lara Resende
É necessário excluir o investimento público do Orçamento do governo. Essa é a opinião do economista André Lara Resende, um dos ‘pais’ do Plano Real e ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que defende que o equilíbrio fiscal de um país não pode ser feito em quaisquer circunstâncias. Isso, no entanto, não quer dizer que se pode gastar à vontade. Lara Resende acredita que seria necessário um órgão independente, tal como é o Banco Central hoje, para definir projetos de longo prazo e também metas para investimentos – e um propósito de longo prazo.
“É necessário ter a volta de investimento público, mas com um horizonte além do governo. Os projetos precisam ser julgados a longo prazo e fora da lógica do equilíbrio fiscal. Eles devem ser submetidos a uma disciplina para analisar taxas de retorno e ganho de bem estar (da sociedade) superior ao custo do endividamento”, disse o economista, que também defende concessões de áreas em que a iniciativa privada é melhor gestora do que o Estado.
“Existem áreas que são fundamentais para o investimento público, como segurança, por exemplo. Temos que evitar a desagregação e a privatização do Estado. Ele precisa ser competente, sério e que respeite a sociedade.”
Os posicionamentos foram feitos ontem, durante um evento organizado pelo movimento Derrubando Muros, que surgiu por iniciativa de empresários, investidores, intelectuais e políticos para organizar a oposição ao governo do presidente Jair Bolsonaro. Entre as principais metas do grupo está a criação de uma terceira via para ser uma alternativa a Bolsonaro e também ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Com tanta defesa ao investimento público, Lara Resende não é um apoiador do Estado mínimo, como os liberais defendem. Pelo contrário. Segundo ele, não existe uma sociedade organizada sem Estado e quanto mais sofisticada é essa sociedade, mais a necessidade de um poder central. Mas isso não significa que não podem existir mudanças nesse Estado. 
“Precisamos criar um Estado competente, a favor da sociedade, prestador de serviços que custem o mínimo possível. Sem governantes que tratem o País como se fossem o seu quintal”, disse Lara Resende. “Ou seja, um Estado com propósito de longo prazo e que balize as ações e os seus investimentos nesse propósito, assim como os investimentos da iniciativa privada.” 
Para Lara Resende, o Estado brasileiro tem três grandes problemas. O primeiro deles é o patrimonialismo, que consiste na defesa do interesse dos ocupantes do governo do País em detrimento da população, o corporativismo, que é a captura do Estado por grupos específicos e a burocratização em excesso.  

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