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Pediatras alertam sobre a catapora

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Priscilla Castro – Repórter

Como acontece todas as primaveras, o Brasil está entrando no “período da catapora (ou varicela)”. Dentre as viroses próprias da infância (sarampo, rubéola, catapora e papeira), esta é a mais facilmente disseminada. De setembro a janeiro, os casos aumentam consideravelmente no país, devido principalmente às condições climáticas que facilitam a circulação do vírus. No Rio Grande do Norte, todos os anos os pronto atendimentos das unidades de saúde registram um aumento no número de casos desde o início de agosto.

Primeira dose da vacina, que é paga, deve ser ministrada na criança a partir de um ano de idadeSegundo o pediatra Jorge Simonete, o motivo para a incidência da doença entre agosto e outubro é o aumento de ventos, que facilitam a circulação das doenças exantemáticas (aquelas que pintam o corpo). Já para o pediatra Ney Fonseca, os piores meses são novembro e dezembro. “Como no inverno é mais fácil pegar gripe, no verão é mais comum a diarreia, que é o rotavírus, e a catapora. Esse é o ciclo natural do vírus”, explicou.

Como a catapora é o tipo de doença que só se pega uma vez, a manifestação acontece principalmente nas crianças, já que são poucos os adultos que ainda não tiveram varicela. E a faixa etária mais comum de contrair o vírus é de quatro a oito anos de idade, quando o pequeno tem mais contato com outras crianças da mesma idade, principalmente nas unidades de ensino. Em algumas escolas de Natal, os pediatras já estão alertando os professores quanto à doença.

Os sintomas não são nada confortáveis, principalmente para as crianças, que precisam lidar com o calor, a coceira e a falta de apetite. Primeiro, surgem as bolhas de água no corpo, cuja quantidade varia de pessoa para pessoa. Febre e dor de cabeça também podem aparecer depois de alguns dias.  O paciente começa a transmitir o vírus desde dois dias antes de o infectado apresentar os sintomas até quando desaparece a última bolha.

E apesar de ser uma doença benigna, a varicela pode provocar uma série de complicações que, além de aumentar o desconforto, aumenta os riscos. Dentre as mais comuns, estão as infecções de segundo grau na pele,  a pneumonia e a infecção do sistema nervoso central (encefalite). Estas duas últimas podem levar à morte.  Segundo Ney Fonseca, não há como impedir as complicações.  “A única forma de evitar isso é não contrair a doença e, para isso, a prevenção é evitar o contato com quem estiver contaminado”, explicou.

O tratamento é sintomático, ou seja, o doente recebe os medicamentos conforme os sintomas forem aparecendo. De início, os médicos orientam que o paciente controle a febre e a dor com analgésicos ou antitérmicos, tome vitamina C para melhorar a defesa do organismo e usem sabonetes antissépticos para controlar as bolhas. Caso apareça alguma das complicações decorrentes da doença, o paciente, sob orientação médica, pode vir a receber o antibiótico.

Apesar de a catapora ser conhecida pela população, a doença é rondada por alguns mitos. Alguns acreditam que o paciente não possa receber vento, nem comer ovo, nem tomar banhos frios, mas segundo o pediatra Jorge Simoneti, a rotina da criança não precisa sofrer interferência. “Algumas mães chegam aqui achando que o filho não pode comer isso ou aquilo, ou que o banho tem que ser diferente, mas não precisa. O ideal é manter o ritmo normal da criança, sem tentar inventar novas formas de fazer essas atividades comuns”, orientou o médico.

A orientação básica dada pelos pediatras é apenas de que a criança fique de repouso e isolada para não transmitir o vírus. Ney Fonseca alertou ainda para a importância de evitar a automedicação, principalmente na criança. Mesmo com o percentual de complicações ser maior nos adultos (cerca de 10%), as crianças têm menor imunidade e devem ser examinadas.

Vacina deve ser dada a partir de 1 ano

Até um ano de idade, a criança está carregando os anticorpos da mãe. Portanto, se a mãe já tiver sindo contaminada pelo vírus ou tiver tomado as duas doses recomendadas da vacina, o bebê está protegido. Por isso, a primeira dose deve ser dada quando a criança completa um ano. E depois uma segunda dose, aos quatro anos de idade. Caso aconteça algum contato com pessoa infectada, bebês a partir de nove meses poderão se vacinar.

No entanto, essa vacina não é oferecida gratuitamente pelo Governo e, por isso, a doença ainda não está controlada no país, já que é necessário pagar R$130 por dose. “Há a promessa de que essa vacina passe a ser oferecida gratuitamente a partir do ano que vem, aí a doença pode ser controlada como o sarampo e a rubéola estão sendo”, acredita o pediatra Ney Fonseca. Por enquanto, quem ainda não pode pagar esse tipo de prevenção, precisa se manter distante das pessoas infectadas.

Não foi o que aconteceu com a pequena  Evelin Kamile Oliveira, de cinco anos. A menina contraiu o vírus durante o fim de semana que passou no interior, onde duas outras crianças estavam com a doença. De acordo com a mãe Katilane Oliveira, os três primeiros dias foram os de maior desconforto. “Ela não conseguia dormir, ficava com muito calor, eu a deixava sempre com pouca roupa e tentava reforçar a alimentação”, contou.

Como também não havia tomado a vacina, duas semanas depois Katilane foi o alvo do vírus. Em nenhum dos casos, elas procuraram o médico. “Em mim, foi muito pior. As bolhas apareceram muito no rosto, no corpo todo e eu tive muita febre alta, não conseguia comer nada. Mas nem eu, nem ela tomamos medicamento, só analgésico para baixar a febre mesmo”, contou.

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