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Pelo mundo de Caio Padilha

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Michelle Ferret
Repórter

“Loucuras e desvarios, andamos pelo mundo só cantando/

Em ruas e becos sombrios

Iluminando a noite por aí à fora/

Em grandes e pequenas cidades/

Fazendo amor e muitas amizades.

Em praças e bares vazios

Deixando um rastro de vida no ar”.

O trecho da canção “Vidas Canárias” escrita por Clara Gonzaga, diz um tanto do desejo de Caio Padilha: tocar a existência com suas composições. “É um trecho bem especial da canção da minha mãe que virou um hino do show, de andar por aí de fora a fora”, disse Caio Padilha ao VIVER. Intitulado “De Fora à Fora”, o show acontece nesta sexta, às 19h30 no Tecesol e traz no repertório canções da sua discografia e fora dela, quando se prepara para lançar seu terceiro disco que fecha a trilogia: “Revivals: Acordeons e Candeeiros”.

Caio Padilha altera discos temáticos à outras nuances da MPB

Depois de caminhar por mais de quarenta cidades brasileiras com o espetáculo “Meu Seridó”, em circulação pelo Sesc como ator e músico, Caio sentiu a necessidade de retomar seu trabalho autoral e leva-lo para outras cidades. “Foi um ano que me envolvi muito com teatro e quase não fiz nada com música. E escolhi essa primeira etapa do ano para começar com meu trabalho como compositor”, disse.

Em 2019 lançou os discos: Um Sonho de Rabeca no Reino da Bicharada (Trabalho Infantil editado pelo Selo Kuarup – SP) e o seu segundo álbum da trilogia: “Overland -Violas e Veredas”.

Caio considera os dois discos temáticos e sentiu vontade de levar para o show canções mais voltadas para a Música Popular Brasileira com outras características diferentes das já gravadas. “No show, escolhi algumas composições que ficaram de fora da discografia. Tenho essa  tradição popular brasileira, mas tenho também outro lado e resolvi tomar coragem e vou circular com esse trabalho”.

Serão apresentados arranjos especiais para músicas como “Curador de Rastros”, “Cena Silvestre”, “Olhos de Arribação”, “Cobra Metropolitana”, “Dindin de Tetê”, e “Candeeiro Acordeon”.

Depois de Natal, “De Fora à Fora”, chegará aos palcos de Recife, João Pessoa, Campina Grande, Fortaleza e São Luís no Maranhão. “A previsão é circular até abril, quando começo o trabalho teatral na montagem de Moby dick com Titina Medeiros”.

Caio esteve presente no “Meu Seridó” e seguirá em montagem com Moby Dick no segundo semestre do ano, quando fará morada na cidade de São Paulo.

“Com a circulação do ano passado através do teatro, fiz muitos contatos que me proporcionaram fechar a turnê com as pessoas que encontrei no caminho. Todas as cidades traçadas para este show são parte da relação estabelecida. Acredito muito nos contatos e temos que regar e manter os contatos para que a arte sobreviva. Viajei o Brasil quase inteiro e isso me fez sair da zona de conforto e pensar mais sobre minha música”.

Além dos bares

Com poucos espaços disponíveis para a música, além dos bares, Caio acredita que o Tecesol se consolida como um espaço de fruição cultural na cidade. “Os músicos de Natal ficaram reféns de uma estrutura de bares e restaurantes. Ao invés dos espaços como teatros quem cumpre a pauta são os bares noturnos. O Tecesol tem um espaço que dá oportunidade de apreciação e é um fôlego. Os principais fecharam e os que estão abertos tem uma precariedade em geral da parte técnica. Cada artista vem tentando resistir e estou nessa também”, questiona. 

Para a noite, Caio apostou em uma noite regada a vinho para fazer um clima de fruição artística, onde exista a troca da música autoral com o público.

Sobre resistir como músico e artista, Caio sempre se posiciona politicamente. Para ele, não existe fronteira entre uma coisa e outra.

“O fazer musical já é um questionamento existencial pela maneira como me constitui como artista, sendo filho de músicos. Eu gosto de falar do processo criativo, gosto da palavra, da melodia, da harmonia, e a política veio na minha formação dentro da Universidade, sou formado em Ciências Sociais, participei de movimentos sociais, e veio uma responsabilidade de posicionamento muito forte e que acredito que vem se tornando cada dia mais importante na contemporaneidade, nos colocar politicamente”, acredita.

Sobre esperanças
Sobre o cenário atual brasileiro, Caio aposta na esperança como ação e atitude. “Tenho tido a noção que a esperança não é uma coisa que se tem e você gasta ou perde, é algo que se age. A esperança é uma atitude. Fazer esse show é uma ação de esperança, de se manter vivo e de saber que é muito maior do que as contingências passageiras”, reflete.

Ele lembra que a música popular brasileira sobreviveu a momentos terríveis e ela vai continuar sobrevivendo. “A arte vai passar por isso tudo, por essas intempéries. Sou esperançoso, mesmo diante da resignação e da tristeza de ver certas coisas acontecendo agora. Mas enquanto tiver energia para empreender, realizar, vamos praticando a esperança e contaminando os outros com isso. às vezes esquecemos que tem pessoas que se espelham no que a gente está fazendo, os festivais, os espetáculos, estão semeando coisas nas cabeças e espirito de outras pessoas. Quem faz o Brasil é a gente mesmo, é de baixo pra cima”, finaliza.

Sobre Caio
Caio Padilha é ator, músico e compositor com 10 anos de carreira dentro e fora do Brasil, tendo recebido o Prêmio Culturas Populares Funarte (2012 e 2018). Lançou recentemente o segundo disco de sua trilogia nordestina disponível em todas as plataformas digitais. Em 2012 foi solista no espetáculo 100 anos de Gonzagão – gravado pelo SESC TV-SP. Sua experiência internacional acumula shows no Oriente Médio, Europa, Estados Unidos nos anos de 2013 à 2017. Seu primeiro álbum – ARRIVALS: Rabecas e Arribaçãs – foi citado por site especializado (Embrulhador) entre os 50 principais lançamentos independentes de 2017 e recebeu o Prêmio Grão da Música Brasileira em São Paulo-SP (2018). Caio Padilha já foi convidado especial no Programa Sr. Brasil de Rolando Boldrin na TV Cultura. E em 2019 lançou os discos: Um Sonho de Rabeca no Reino da Bicharada (Trabalho Infantil editado pelo Selo Kuarup – SP) e o seu segundo álbum da trilogia intitulado: Overland -Violas e Veredas. Como ator e contador de histórias já participou de circulações nacionais SESC Palco Giratório e SESC Arte da Palavra por duas vezes (2015 e 2019).

Serviço
Caio Padilha de Fora à Fora

Tecesol – Rua Governador Valadares s/n – Conj. Pirangi – Neópolis

Início às 19:30

Ingressos à venda no local e pelo site Sympla

R$40 – inteira e R$20 – meia

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