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Pelos não pertencem à estudante

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Os pelos encontrados no colchão do quarto na casa de Osvaldo Pereira de Aguiar, 55, não pertencem à estudante Maisla Mariano de Moura, 11, morta e esquartejada em onze partes, no dia 12 de maio deste ano, em Igapó, zona norte da capital. A Tribuna do Norte teve acesso exclusivo ao laudo do Laboratório Central de Polícia Técnica da Bahia, assinado pelo perito criminal Eugênio Soares e emitido no dia 30 de setembro  deste ano. O laudo revela o perfil genético dos pelos, ou seja, o DNA. Dos cinco pelos analisados, dois deles pertencem a Osvaldo. A possibilidade de algum deles ser da menor é descartada pelo laudo.

A reportagem da Tribuna do Norte procurou o juiz Rosivaldo Toscano que decretou, no dia 21 de setembro, segredo de justiça, em relação ao processo que apura a morte da estudante, para que ele comentasse os resultados do laudo.  O magistrado preferiu não se manifestar sobre o processo. Também foi procurado o advogado Araken Faria que defende Osvaldo na justiça. Araken disse que não pode falar sobre o resultado do laudo, pois  o processo tramita em segredo de justiça, porém afirma: “Se eu pudesse convocaria toda a imprensa para divulgar o resultado deste exame”.

O laudo sobre os exames de DNA nos pelos era considerado, junto com outras provas técnicas, uma das principais bases para as acusações contra Osvaldo, apontado inicialmente pela família da vítima e em seguida pela polícia como o principal suspeito da morte da menina Maisla.

O legista alagoano George Sanguinetti, que foi contratado pela família do acusado e que esteve em Natal no dia 21 de setembro passado, contestou os autos que apresenta Osvaldo Pereira como o principal suspeito na morte da menina Maisla. “Osvaldo está preso por causa do “clamor emocional”. Eu fiz um trabalho técnico. Não declaro a inocência dele, mas no processo não indica que ele é o autor do crime”.

Sanguinetti diz que o exame dos pelos encontrados no colchão de Osvaldo deveriam ter sido realizado à época em que o inquérito estava sendo produzido e sustenta: “ Não existe prova dentro dos autos de que Osvaldo teve contato com a menor no momento em que ela foi morta”.

Diante da polêmica que essas declarações podem provocar, apontando para falhas no inquérito e  para a falta de provas que confirmem a culpa do principal suspeito, George Sanguinetti completa: “Eu não fabrico provas. Se agrado ou não agrado, sinceramente, eu lamento. Entendo a dor da família de Maisla, mas estou aparado pela lei, pelo Código de Processo Penal Brasileiro e por este motivo faço meu trabalho. A justiça não pode incriminar Osvaldo por este crime. Ele pode estar preso por outros delitos, mas por este não deve ficar atrás das grades”.

Laudos não incriminam Osvaldo Pereira

Os resultados negativos dos exames de DNA nos pêlos encontrados no colchão de Osvaldo  vem se juntar a vários outros laudos que também não incriminam o suspeito da morte de Maisla.

O laudo de número 715/09. expedido no dia 26 de maio deste ano pelo Instituto Técnico de Polícia do RN,  dá os resultados da pesquisa sobe “manchas de sangue”, no piso do banheiro da casa de Osvaldo, na torneira do chuveiro, na pia do banheiro, na mesa da sala e na pia da cozinha.  Os peritos concluíram: não constam  sinais de sangue de natureza humana.

Já o laudo de exame de espermatozóide e PSA de número 1313/09, datado de 02 de setembro, realizado no colchão e em uma toalha de rosto de cor verde, medindo 40 cm por 24 cm, também pelo Itep,  consta que “não foi evidenciada a presença de espermatozóide”. O laudo foi assinado pelos peritos, Ararê Rodrigues Gomes e Suely Cristina Felipe.

No mesmo laudo foi questionado se no colchão e na toalha havia vestígios de sangue, o que foi respondido no laudo de número 836. Segundo o documento, na pesquisa de mancha de sangue “não foi detectada a presença de sangue humano.

Memória

Maisla Mariano, 11, saiu de casa na tarde do dia 12 de maio deste ano para levar o almoço para o pai. A menor, segundo a polícia, teria desaparecido ao voltar para casa, no Jardim Lola, em São Gonçalo do Amarante. No dia seguinte, partes do corpo da estudante foram encontrados em um terreno baldio dentro de um saco plástico. No dia seguinte, em um outro terreno, outras partes do corpo foram localizadas também em sacos plásticos.  Na época,  peritos do Itep informaram que a jovem teve  o corpo esquartejado em onze partes. O crime que teve repercussão nacional causou  revolta em toda a sociedade.  Osvaldo foi apontado pela família da vítima como principal suspeito do crime e, desde o dia 14 de maio deste ano, está preso na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, em Nísia Floresta.  Há três anos os familiares de Maisla já desconfiavam do comportamento de Osvaldo. Em 2006, ele foi denunciado por Mariza Mariano, mãe da estudante, por insistir em aliciar menores da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Osvaldo foi afastado dos cultos da igreja. Apesar de ser apontado como autor do crime contra a menor, Osvaldo apresentou álibi. Ele disse à polícia que estava trabalhando como vendedor ambulante quando a estudante desapareceu e que teria almoçado com conhecidos que trabalhavam em uma obra em um dos hotéis da Via Costeira. Informações, que não teriam sido  confirmadas pela polícia. De acordo com a delegada Adriana Shirley que presidiu o inquérito policial, Osvaldo responde a seis processos, na justiça. Quatro por tráfico de drogas e associação ao tráfico e dois por porte ilegal de arma. Duas audiências já foram realizadas pelo juiz da 2ªVara Criminal Rosivaldo Toscano. O juiz deverá decidir se Osvaldo vai ou não à juri .

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