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Pensar e sentir a beleza

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Diogenes da Cunha Lima 

Escritor, advogado e presidente da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras (ANL) 

Para bem perceber o belo é necessária uma construção intelectual para poder sentir, mais profundamente, aquilo que, normalmente, não se sente. Com certa experiência, o pensar e o sentir são simultâneos. 
A educação estética começa na infância. Depois de concebido, o bebê sente o ritmo do coração materno. A canção de ninar é a primeira criação artística que a criança absorve. As histórias infantis e os contos de fada despertam a imaginação da criança e ampliam sua dimensão cognitiva.
 
A escola tem papel imprescindível a fim de ampliar a experiência e a percepção. Aguça os sentidos dos jovens alunos: visão, audição, gosto, olfato, tato e até mesmo a cinética. 
A pessoa iluminada pelo sentimento do belo percebe a divina arte da natureza e a limitada, ainda que admirável, arte humana. 
O sentimento da beleza é sempre subjetivo, pessoal, intrasferível. Câmara Cascudo brincava dizendo que para o sapo a beleza máxima era a sapa. O poeta Pablo Neruda encantava-se com a boniteza de caracóis e dos insetos. 
O homem que pensa torna a paisagem afetiva. Sente admiração pela uniforme verticalidade das palmeiras e a múltipla formação dos galhos das árvores. Vê não apenas as flores e os frutos, mas também a especificidade das folhas. A minha filha, ainda menina, presenteou-me com uma folha de arbusto, mostrando a cor, nervura, dimensão. Os pássaros são vistos no voo, como também na plumagem e no canto. Com sete cores, Deus fez aliança com os homens ao criar o arco-íris. 
Na Croácia, é possível ouvir a música causada pelas ondas do mar. O ‘Órgão Marítimo’ reproduz a singular harmonia de sons e de luzes.
As mentes criativas aproveitam os mais diferentes ruídos e transpõem-nos em linguagem da arte. A viagem de trem é fonte maravilhosa da música de Villa-Lobos e de poemas de Manoel Bandeira e Ronaldo Cunha Lima. 
Os esteticistas e os cirurgiões plásticos embelezam o corpo humano, enquanto a educação estética ornamenta o espírito. 
Para o médico Friedrich Schiller (1759-1805) o belo é algo objetivo mesmo que a sua percepção seja subjetiva. Constata que a educação se destina a melhorar a nossa relação com a natureza, com a arte e com os outros seres humanos.
Certamente, a educação estética gera novas concepções e habilidades no artista, ampliando a cultura social.
É inconteste que a incorporação da beleza é caminho nobre para a nossa felicidade. 
* Artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião da TRIBUNA DO NORTE, sendo de responsabilidade total 
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