As micro e pequenas empresas (MPEs) do Rio Grande do Norte fecharam 673 vagas com carteira assinada em junho, registrando o pior saldo de empregos do Nordeste e o segundo pior do país, empatadas com o Distrito Federal. Elas só ficaram à frente do Espírito Santo (-3.333). O segmento de médios e grandes negócios, por sua vez, fez o oposto: contratou mais do que demitiu e acabou com saldo positivo de 97 vagas no estado.
O saldo é a diferença entre contratações e demissões. Quando está negativo, significativa que houve mais cortes do que criação de postos de trabalho.
No segmento de micro e pequenas empresas, o resultado foi decorrente de demissões na construção civil e no comércio – as duas únicas atividades em que o saldo de contratações foi negativo, em junho.
#SAIBAMAIS#Os dados são parte de uma análise do Serviço de Apoio à Micro e Pequena Empresa (Sebrae Nacional) sobre o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego.
Segundo o documento, é a segunda vez, em 13 meses, que as MPEs potiguares demitem mais do que contratam. A primeira foi em dezembro de 2013, quando eliminaram 439 empregos. As médias e grandes tiveram saldo positivo em junho, mas nos oito meses anteriores registraram resultados negativos.
Com relação às MPEs, o saldo que indica mais demissões do que contratações vai em direção oposta ao observado em igual período de 2013, quando o cenário foi positivo, com a criação de 811 vagas a mais no segmento.
O levantamento não traz números do semestre, nem de anos anteriores. Também não informa o saldo das microempresas e das pequenas, de forma isolada. Elas aparecem juntas, como MPEs. O mesmo ocorre com as médias e grandes. Em um levantamento diferente, restrito ao mercado local, o Sebrae RN fez o desmembramento e mostrou que o cenário também foi ruim (veja detalhes na página 2).
Mercado geral
O mercado potiguar de forma global, no entanto, perdeu força na geração de vagas. Considerando todas as atividades econômicas e empresas de todos os portes, o Rio Grande do Norte – segundo o Caged – registrou este ano o pior saldo de empregos para o mês de junho, em quase uma década, e interrompeu uma sequência positiva de contratações que vinha alcançando desde 2004, no período. O retrato também foi ruim para o Brasil e a região Nordeste. No RN, Natal – sede de quatro jogos da Copa do Mundo em junho – foi a cidade potiguar com mais vagas fechadas no mêss.
De acordo com o Caged, o estado registrou 15.670 contratações com carteira assinada e 16.237 demissões, no período. Como o total de trabalhadores dispensados superou o de admitidos, o saldo ficou negativo com 567 empregos formais eliminados. Pior resultado desde 2003. Em Natal, foram 844 vagas a menos.
Tanto no Estado quanto na capital a maior parte dos “cortes” ocorreu na construção e no comércio – considerando o mercado global e não apenas as micro e pequenas empresas. O fim de obras de mobilidade e a desaceleração do comércio ajudam a explicar o desempenho, segundo analistas. A Copa também teve uma parcela de culpa.
O torneio, que no começo do ano era o argumento favorável do governo federal para um possível recorde de empregos no país em 2014, agora é apontado como problema por não ter contratado como se esperava e demitido como não se previa.
Só no comércio, os jogos puxaram a demissão de 7.070 trabalhadores no país, em razão do fechamento das lojas durante partidas do Brasil.