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Pequenos negócios avançam na esteira das incubadoras

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Sara Vasconcelos – repórter

Em uma maternidade, incubadoras são estruturas que oferecem condições favoráveis ao crescimento e ao desenvolvimento de recém-nascidos debilitados. No mercado, não estranhe se ao invés de bebês, estiverem projetos, negócios e empresas. Similar ao visto no âmbito hospitalar, as Incubadoras de Empresas – cada vez mais comuns no país – dão suporte para microempresas e pessoas empreendedoras que precisam de assistência antes de caminhar por conta própria.

O modelo é desenvolvido no Rio Grande do Norte há 14 anos. Há no estado sete incubadoras de empresas vinculadas ao Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Ao todo, 88 micro e pequenas empresas foram acolhidas em incubadoras, das quais 56 estão em incubação – como a empresa de Juliano de Moura Caetano, que comercializa  via internet camisetas e canecas com arte digital – e outras 28 já caminham com as próprias pernas.

A maioria está ligada a universidades, tem como ponto chave a inovação e funciona como uma aula prática, no sentido mais amplo da expressão. Os empresários recebem durante o período de incubação – de dois a cinco anos – capacitação e assessoria para gerir com vistas a produtividade, qualidade, inovação e sustentabilidade da empresa. A transferência de conhecimento vai desde o planejamento inicial para abertura da empresa, às assessorias e consultorias durante a incubação, com acompanhamento e avaliação contínuos ao longo do processo.

Cada Incubadora tem um gestor, em geral professores das instituições de ensino que hospedam a incubadora. A incubadora é composta de empreendimentos (projetos ou micro empresas), que podem ser empresas individuais, societárias ou Associações/Cooperativas. E pode ter empresas residentes, quando ocupam as dependências da incubadora, ou à distancia, com sede própria.

“É um ambiente planejado e protegido, propício ao desenvolvimento de micro e pequenas empresas, de novas idéias ou novos projetos. Visando torná-las competitivas para o mercado”, define João Bosco Cabral Freire, gerente da Unidade de Inovação e Tecnologia do Sebrae/RN.

O diretor do Núcleo de Incubadoras Tecnológicas (NIT) do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN) Jerônimo Santos avalia que há, em termos de ‘nascimento’ formal, a mesma exigência de registros nos órgãos de tributação federal, estaduais e municipais para empresas incubadas e para aquelas que “nasceram sozinhas”. A diferença se dá nas condições ambientais, ou seja, no mercado. A maioria das microempresas não se adapta ao ambiente, passa muitas dificuldades, chegando a morrer ou falir. “Aí entram as Incubadoras, para prevenir problemas de adaptação ao novo ambiente em que as empresas nascentes vão viver”, afirma.

Embora não existam estatísticas, as taxa de mortalidade e sobrevivência de empresas incubadas, assegura o gerente do NIT Jerônimo Santos, são mais positivas que as convencionais. No Rio Grande do Norte, de acordo com pesquisa divulgada pelo Sebrae, 62% das micro e pequenas empresas se mantém em operação após dois anos de funcionamento. A taxa de mortalidade de 38% é a quarta maior no país e  a segunda mais alta do Nordeste.

“As empresas incubadas aprendem a se defender da concorrência no mundo empresarial, compreendem a dinâmica do mercado de negócios e não tem medo de se arriscar, pois sabem que o risco é calculado antecipadamente”, observa o gerente do NIT. Embora a legislação favoreça a formalização de milhares de empreendedores individuais, ressalta Jerônimo Santos, a falta de acompanhamento da evolução das empresas corrobora para a mortalidade.

Para resistir no mercado, conclui Bosco Freire, é preciso unir uma boa idéia, um plano de negócio bem elaborado, capacitação voltada às características empreendedoras, além de consultorias empresarias e tecnológicas específicas.

Chamadas públicas são canais de entrada

A criação e implantação, como também, a ampliação e manutenção de Incubadoras de Empresas se dá por meio de edital, através da modalidade chamada pública. Essas Chamadas podem ter valores variados dependendo do objeto da chamada e duração.   Podem participar das seleções idéias nascedouras de um futuro negócio ou micro empresas de qualquer segmento ou atividade. “Empreendimentos de Tecnologia da Informação (TI) são sempre bem vindos”, observa João Bosco.

Interessados em concorrer têm de demonstrar aspectos como viabilidade técnica do negócio e capacidade gerencial do grupo. As Incubadores oferecem orientação para criação do plano de negócios, na chamada pré-incubação.

 “A capacidade gerencial é o diferencial”, frisa o gestor da Incubadora do Agronegócio de Mossoró (Iagram/Ufersa), Giorgio Mendes . Em geral, acrescenta ele, o empreendedor sabe como produzir, mas se perde na hora de gerenciar. “Assistimos em dar este conhecimento, o que faz das incubadoras um canal para que as empresas prosperem no mercado”,  destaca o gestor da Iagram.

Negócios em diversas áreas são beneficiados

As incubadoras agregam empresas de atividades diversificadas, que vão desde  a produção de mel a vendas eletrônicas. O designer gráfico e proprietário da Red Bug, Juliano de Moura Caetano, conta que o empreendimento existia há um ano quando foi selecionado pelo NIT e há dois funciona nas dependências do IFRN. Os custos que teria com  locação de prédio e manutenção, são revertidos em divulgação. A empresa comercializa  via internet camisetas e canecas, cuja arte digital “sarcástica e reflexiva” é também criada pela empresa.

 “O sucesso não é garantido, temos que ralar como qualquer outra empresa, mas fica menos difícil se colocar no mercado”, observa. As facilidades, frisa Juliano Caetano, são no acesso à informação, à divulgação dos produtos e à proximidade com o Sebrae e outras empresas. “Antes não tinha e nem seguia um plano de negócios”, afirma. Com quatro funcionários e 23 mil clientes cadastrados, sobretudo do Sul e Sudeste, a sede fora do NIT tem previsão para o próximo ano.

A Associação dos Apicultores de Serra do Mel (Aspimel) funcionava há seis anos, quando foi incubada pela Iagram, em 2008. “Só então aprendemos a organizar a cadeia produtiva, técnicas de vendas e ter cuidado com a segurança alimentar. Antes casa associada vendia o seu da forma que quisesse, hoje temos um planejamento”, lembra o presidente José Hélio de Moraes Costa, o cabo Hélio. Já graduada – ou seja, após a fase de incubação e já caminhando sozinha – a associação continua a usar o laboratório  de análise do mel e receber consultoria veterinária da Ufersa, sem custos adicionais.

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