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Perspectivas para 2008

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Padre Vicente Laurindo de Araújo – MSF

A riqueza das palavras se esconde no que elas contêm, porque assim se constituíram, ocupando os espaços convencionais de suas respectivas culturas, permitindo-lhes agregar sentidos reais, analógicos, ambíguos e até contraditórios. Às vezes basta o acréscimo de um ‘prefixo,’ ou ‘sufixo’ para adicionar a elas um sentido diferente.

No ocaso de 2007 e no limiar de 2008, duas palavras ganham evidência na Mídia: “retrospectiva” e “perspectiva”. Quem diz ‘perspectiva’ e quer desvendar o seu significado, ganha em compreensão se for à raiz do verbo latino’spectare’- ‘olhar atentamente;’ ‘desvendar a verdade embutida nos acontecimentos’. Mas o prefixo, também latino ‘pers’- ‘através de,’ amplia a extensão do conceito e reduz sua compreensão.

Posicionar-se sobre “perspectiva” é situar-se num ponto de partida muito fluído, além de se referir aos fatos, sem contornos precisos, impossíveis de serem definidos e situados no vai-e-vem cotidiano. Já aquele que faz “retospectiva,” seleciona os acontecimentos, pela ótica da relevância, e os sintetiza, a partir dos interesses de um determinado ponto de vista.

Quem se arrisca a fazer “perspectivas” pisa num trampolim flexível, fixado em fundamentos movediços de projeções das quais ele tem um mínimo de controle efetivo. Aí, tudo se situa no mundo das possibilidades ou das probabilidades. Não estranhem se aqueles que tentam preencher os cenários próprios das “perspectivas” se equivocarem nas suas ‘profecias’. Eles são atores num palco vazio, interpretando personagens, sob muitos aspectos, ‘virtuais,’ que poderão tomar configurações reais, ou não passarem de fantasmas, atropelados pelos fatos que não se rendem ao turbilhão dos sonhos, enredos,ou justos desejos.

Onde esses utopistas e indutores do “ainda não” irão buscar a “matéria prima” a ser proposta para injetar esperanças aos que viverão os 365 dias de 2008? Nos tarôs? Na numerologia? No recôndito nebuloso de videntes? Nos horóscopos? Com as cartomantes ou pitonisas? Ou junto aos analistas que deduzem as projeções dos fatores socioeconômicos, políticos ou sociais?

Atente, pois, o leitor: não se quer enganar ou mentir, nem induzir, nem seduzir, talvez, apenas, opinar sobre realidades prováveis e possíveis de acontecer em 2008!

O Brasil termina 2007 exibindo uma economia robusta, a 6ª maior do mundo, trasladando de 15% a 20% de sua população da “linha da pobreza absoluta” para um patamar ascendente de qualidade de vida e participação. O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e social – BNDES, Luciano Coutinho, prever investimentos de R$ 1,214 trilhão para o período 2008-2011, independente de turbulências nas economias internacionais. As Eleições Municipais de 2008, mesmo sem Reforma Política, provavelmente, permitirão que se dê um salto de qualidade em nossa democracia. A população está indignada com tanta corrupção e abuso do poder econômico.

No âmbito das pesquisas científicas, 2008 acena para avanços revolucionários na Medicina Genética, com o domínio e a utilização terapêutica de ‘células tronco embrionárias’ e ‘não- embrionárias.’ Há uma conjuntura mundial favorável para um diálogo inter-religioso. Na América Latina e no Caribe, os reflexos da V Conferência de Aparecida permitirão à Igreja Católica o reencontro com desafios na evangelização e no âmbito das lutas pela justiça.

A questão ecológica continuará fazendo parte da agente dos grandes fóruns mundiais. A revitalização do rio S Francisco, sua transposição e integração a outras bacias fluviais e reservatórios do semi-árido nordestino, inicia 2008 como uma realidade irreversível.

Que em 2008 sonhemos sonhos bons, sem nenhum pesadelo!

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