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Pesquisa deixa Aécio insatisfeito

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Brasília (AE) – O primeiro teste da chapa puro-sangue do PSDB na eleição presidencial, com o governador paulista José Serra na cabeça e o mineiro Aécio Neves no posto de vice, provocou um curto-circuito político no partido. Pesquisa encomendada pelo ex-deputado Ronaldo Cesar Coelho (PSDB) ao Ibope mostrou a chapa tucana com 41% das intenções de voto, bem à frente dos 16% dados à chapa PT-PMDB, mas não houve clima para comemoração. Além de irritar o governador de Minas Gerais e provocar uma crise na Executiva Nacional tucana em torno do vazamento, a enquete com 2.002 eleitores brasileiros, entre os dias 1º e 5 de outubro, diz que com ou sem Aécio, Serra venceria, se a eleição fosse hoje, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, com mais que o dobro dos votos da petista no segundo turno.

Sozinho, em uma simulação que não menciona o nome do vice, o governador paulista também recebeu 41% das intenções de voto, sete pontos porcentuais a mais do que ele próprio alcançara na pesquisa de setembro. Serra foi seguido pela petista Dilma Rousseff (17%), tecnicamente empatada com o deputado Ciro Gomes (16%), do PSB. A pré-candidata do PV, senadora Marina Silva, foi a preferida de 9% dos entrevistados. Na simulação em que o candidato tucano é o governador mineiro, Ciro venceria o primeiro turno com 26% das preferências. Aécio, que também cresceu 7 pontos porcentuais de setembro para cá, empataria com Dilma no segundo lugar, ambos com 19% dos votos, e Marina Silva (11%) seria a quarta colocada.

“O PSDB nacional não tem minha autorização para fazer pesquisa incluindo meu nome como candidato a vice-presidente. Isso seria desperdício de dinheiro, porque essa hipótese não existe”, reagiu Aécio, que levou seu protesto ao presidente nacional do partido, senador Sérgio Guerra (PE). Na suposição de que a direção partidária patrocinara a pesquisa sem aviso prévio, para pressioná-lo a assumir o cargo de vice de Serra e facilitar a vitória do PSDB em 2010, Aécio avaliou que foi atropelado e também traído pelo vazamento dos resultados.

Quando pediu explicações ao presidente do partido, contudo, o governador foi informado de que o PSDB não encomendara pesquisa alguma. Aécio aproveitou para enfatizar que não está disponível para ser vice de quem quer que seja. “Meu nome está colocado à disposição do partido para disputar a Presidência da República”, sentenciou. Guerra frisou que nem sequer tivera tempo de ler a pesquisa que Coelho enviara na véspera à sede do partido em Brasília. Para acalmá-lo, argumentou que, segundo um representante da executiva nacional que recebera o material, o cenário com Aécio candidato e Serra como vice também havia sido testado.

Preocupados em não melindrar Aécio e ainda convencidos de que uma chapa com a dupla de governadores será “imbatível no futuro próximo”, serristas de vários Estados trataram de pôr panos quentes na crise. Interlocutores de Serra procuraram Aécio e seus aliados para dizer que “o governador paulista fora tão surpreendido quanto ele com a pesquisa”, e mais: “Serra não teve responsabilidade alguma sobre o vazamento dos dados”.

José Serra ironiza dissidência

Jundiaí, SP (AE) – O governador de São Paulo, José Serra, ironizou o mal-estar entre o PSDB e o vereador Gabriel Chalita (PSB), eleito pela sigla tucana e o mais votado entre os parlamentares da Câmara Municipal de São Paulo em 2008. “Não perco tempo com isso. Eu estou no Poupa Tempo, não no perca tempo”, disse o governador, em entrevista coletiva após inauguração de uma unidade do Poupa Tempo em Jundiaí, no início da tarde de ontem.

Filiado ao PSB desde setembro, Chalita fez críticas à política educacional do governo do Estado. O PSDB entrou com pedido no Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) para reaver o mandato do vereador. A ação baseia-se no reconhecimento por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) de que o mandato político é do partido e não de quem ocupa o cargo.

O governador seguiu o tom de não nomear os destinatários de suas críticas durante discursos, como o que foi feito em Jundiaí.

Aliado do governador nega desgaste

Reconhecido como aliado de primeira hora do governador de São Paulo, José Serra, o deputado Jutahy Júnior (PSDB-BA) passou o dia ontem repetindo que a pesquisa fora feita para uso interno e que não houve nenhuma intenção de criar dificuldade ao governador mineiro. “Tudo isto é stress pré-campanha”, minimizou. “São episódios que podem gerar constrangimentos, mas serão superados pelo interesse comum”, completou Jutahy, convencido de que tudo está sendo conduzido com “profissionalismo, respeito e todos os cuidados mútuos” que os dois pré-candidatos merecem.

Um aliado do governador mineiro chamou a atenção para o fato de a pesquisa liberar Aécio do sacrifício de assumir a vice-presidência na chapa em 2010, dando-lhe liberdade para optar por uma “candidatura certa” ao Senado. A má notícia para os mineiros é que os números também mostram que a chapa puro-sangue só mudaria o resultado final da eleição caso Serra fosse o vice de Aécio.

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