O dono do instituto, Márcio Rogério Pereira Gomes, foi o titular de outra empresa, que figurou no topo das pesquisas autofinanciadas em 2016. Ele foi condenado recentemente a sete meses de prisão, em regime aberto, e ao pagamento de R$ 213 mil por divulgação de pesquisas fraudulentas relativas às eleições municipais de quatro cidades no interior de São Paulo.
Em 2020, o Ipop já acumula mais de 30 processos na Justiça Eleitoral de Goiás. Em um deles, em Pontalina, o Ministério Público entrou com uma representação contra a empresa após receber a denúncia de que Gomes “ofereceu um resultado mais favorável a um pré-candidato”.
Em depoimento, o candidato do PSC à prefeitura do município, Mack, disse que o empresário pediu R$ 6 mil para publicar uma pesquisa em que ele apareceria com 21,3% das intenções de voto. A oferta foi recusada e, um mês depois, foi publicado um levantamento em que Mack tinha 11,3%. Depois da divulgação, a Justiça barrou a pesquisa.
— Há indícios de que ocorreu a fraude e que ele (Gomes) foi o autor — afirmou o procurador Guilherme Oliveira, que colheu o depoimento do candidato e tem em mãos o áudio da conversa dele com o empresário.
Em outro caso que corre na Justiça trabalhista, uma ex-funcionária do Ipop relata um cenário distinto do apresentado pela empresa nos últimos meses. Contratada como agente de pesquisa no fim de janeiro, ela relata falta de salários e acúmulo de funções que deveriam ser desenvolvidas pelo estatístico responsável pelas pesquisas, como a confecção dos discos apresentados aos eleitores e a definição dos bairros das cidades em que os questionários serão aplicados.
Em prints de conversas anexadas pela defesa da funcionária no processo, o dono do Ipop pede que a funcionária envie por WhatsApp a relação de bairros de Guapó, Aragoiana, Varjão, Cezarina e Indaiara, onde foram aplicados questionários do instituto. A funcionária encaminha a lista para Márcio e avisa que está confeccionando o disco que será usado na pesquisa.
Os questionários apresentam falhas, como nomes fora de ordem alfabética e presença de candidatos que sequer fazem parte da disputa. Já os dados de estratificação mudam completamente. Numa mesma cidade, mulheres representaram 27,3% dos entrevistados em julho. Em outubro, a quantidade subiu para 48,2%.
Procurado, o empresário afirmou que as pesquisas são judicializadas por candidatos descontentes com os resultados:
— Caso você fosse candidato e saísse um resultado em que você está em segundo ou terceiro, você não ia desqualificar a pesquisa? Estamos ganhando (na Justiça) em todas.