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Petrobras planeja transformar gás do pré-sal em óleo sintético

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PETRÓLEO - A idéia de estudar este tipo de tecnologia vinha sendo pensada desde 2006, mas a necessidade  de desenvolver o pré-sal acelerou o programaRio – A Petrobras estuda adotar a tecnologia de transformação de gás  natural em óleo sintético como forma de melhor aproveitar o montante do combustível  existente no pré-sal da Bacia de Santos. A alternativa, segundo especialistas  do setor, permite comprimir um maior volume de gás em menor espaço, o que facilita  seu transporte.  Hoje, uma das principais dificuldades para utilização do gás do pré-sal é a  logística necessária para transportá-lo para o mercado consumidor, devido à  distância dos reservatórios da costa (cerca de 300 quilômetros) e o elevado  custo para liquefazer este gás em grandes proporções em alto mar. 

De olho nesta tecnologia criada na década de 20 na Alemanha chamada Gas To Liquid  (GTL), a Petrobras firmou contrato com a empresa britânica CompactGAS, uma primeira  unidade de processamento de pequeno porte em seu complexo industrial de Atalaia,  no Sergipe, no primeiro semestre de 2009. Segundo uma fonte da empresa, a idéia  de estudar este tipo de tecnologia já vinha sendo pensada desde 2006, mas a  necessidade de desenvolvimento do pré-sal acelerou o cronograma.  A unidade de GTL vai ser instalada inicialmente em terra durante seis meses,  processando 280 metros cúbicos de gás natural por dia, o que renderia em torno  de 20 barris. A proporção em grande escala, segundo técnicos do setor, é de  que para cada 30 milhões de metros cúbicos, sejam produzidos 100 mil barris  diários. O valor do investimento em uma unidade deste porte seria em torno de  US$ 3 bilhões.  Como comparação, a tecnologia para a produção do GNL (Gás Natural Liquefeito),  que pode também ser transportado em navios e precisa ser regaseificado no local  de destino, tem um custo estimado em torno de US$ 2 bilhões para uma unidade  que processa 7 milhões de metros cúbicos por dia. 

O gerente executivo de Exploração e Produção da Petrobras, José Antonio de Figueiredo,  não confirma os testes em Atalaia, mas diz que a estratégia da empresa é testar  o GTL na unidade de Pipa 3 – projeto itinerante de produção antecipada – que  vai ser licitado até o final do ano e não necessariamente será levado à área  do pré-sal da Bacia de Santos. “Podemos fazer estes testes em outros pontos  de exploração no Brasil abaixo ou acima da camada de sal”, disse, lembrando  que a unidade Pipa 3 é uma das plataformas genéricas que a Petrobras vem encomendando  ao mercado e que pode ser utilizada em várias áreas exploratórias numa primeira  fase antes da instalação da plataforma definitiva. 

Ao contrário das outras duas unidades de produção antecipada da petroleira –  Seillean, em operação, e Pipa 2, em construção – o sistema de Pipa 3 será o  primeiro a contemplar o aproveitamento do gás. A unidade terá capacidade para  a produção de 30 mil barris por dia de óleo e 800 mil metros cúbicos de gás  natural por dia, podendo armazenar de 300 mil a 380 mil barris de óleo equivalente.  Além do custo menor de instalação da unidade de processamento, a vantagem do  sistema GTL, segundo especialistas, é o elevado valor que se pode agregar a  ele. Isso porque o óleo sintético produzido a partir do GTL possui uma quantidade  menor de enxofre. Embora não possa ser comercializado sem ser misturado, o produto  adicionado ao diesel permite uma melhor qualidade final, atendendo às recentes  especificações dos Estados Unidos e Europa que exigem uma emissão máxima de  50 partículas por milhão (ppm) ante as 500 ppm emitidas hoje no diesel nacional. 

Hoje, a tecnologia do GTL está presente principalmente nas áreas em que se encontram  as maiores reservas mundiais de gás natural. Com 26 trilhões de metros cúbicos  em seus reservatórios, a Qatar Petroleum é, de longe, a líder na produção do  óleo sintético no seu país, sempre em parceria com empresas internacionais.  Desde o final dos anos 90, a empresa começou a investir nesta tecnologia que  antes só tinha sido adotada em épocas da crise do petróleo (1973 e 1979) pelas  majors BP, Exxon e Shell.  No total, são produzidos no mundo todo em média 84 mil barris por dia com esta  tecnologia atualmente. Porém, há programados mais de 20 projetos para implantação  do sistema GTL no mundo todo, especialmente na região do Qatar, que devem somar  a este volume outros 980 mil barris por dia entre 2009 e 2011, segundo estudo  desenvolvido pela BP Statistic em 2007.

 “O GTL é uma tecnologia importante e que deve ser adotada em larga escala na  área do pré-sal, porque pode ser embarcado para exportação direta dali para  os mercados europeu e norte-americano”, disse Figueiredo. Ele lembra, porém,  que outras tecnologias estão sendo estudadas para serem adotadas em conjunto  na área do pré-sal na Bacia de Santos. “É bem provável que tenhamos um mix de  uma série de tecnologias, entre elas o GTL, o GNL, oleodutos e até a construção  de usinas térmicas em alto-mar para o abastecimento das plataformas que atuarem  na região”, afirmou.

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