Ribeirão Preto, (SP) – A produção exclusiva do álcool anidro, tanto para a mistura à gasolina como para o abastecimento dos carros flex fuel, e o fim do uso do hidratado, foi defendida ontem pelo gerente de Álcool e Oxigenados da Petrobras, Silas Oliva Filho, e por usineiros que participam do seminário Cenários da Safra Canavieira 2006/2007, em Ribeirão Preto (SP). O assunto surgiu por acaso, mas centralizou as discussões do painel sobre a competitividade do combustível na matriz energética brasileira. De acordo Oliva Filho, a produção exclusiva de anidro no Brasil padronizaria a estrutura logística para o etanol, facilitaria as negociações do combustível no exterior e ainda ampliaria os negócios feitos na bolsa.
Atualmente, a Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) negocia apenas contratos de álcool anidro, o que deixa de fora desse mercado, ao menos a metade da produção do combustível do Brasil, ou cerca de 8,5 bilhões de litros, fora desse mercado futuro. “É uma sugestão que, principalmente, seria uma grande forma de agregar valor ao produto e facilitaria torná-lo uma commodity mundial”, explicou o gerente da Petrobras. “Além disso, os custos de transporte seriam menores, já que hoje as distribuidoras pagam para transportar a água (que representa 7% do álcool hidratado)”, completou.
Já o usineiro e conselheiro da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica), Maurílio Biagi Filho, afirmou que a unificação da produção no álcool anidro reduziria a zero a adulteração e seria o ponto de partida para um novo ciclo do combustível. “Seria até interessante que déssemos um novo nome para esse álcool”, opinou.
Apesar de o álcool anidro custar cerca de 10% mais caro do que o hidratado durante o período da safra, o consumidor não seria penalizado porque os veículos que passassem utilizar anidro puro também gastariam menos combustível. Já o gerente de desenvolvimentos de produto da Unidade de Sistemas de Gasolina da Bosch, Fábio Ferreira, classificou a idéia como “um sonho de toda a indústria automotiva”.
Segundo ele, a água dá ao álcool hidratado uma maior condutividade e um maior poder de corrosão na parte mecânica do motor. Ainda de acordo com Ferreira, o uso de anidro puro não traria problemas mecânicos veículos antigos que são movidos exclusivamente a álcool hidratado.