A Petrobras projeta um investimento de R$ 864 milhões somente na área de exploração de petróleo e gás natural, no Rio Grande do Norte, até o ano de 2011. O gerente geral da Unidade de Negócio de Exploração e Produção do Rio Grande do Norte e Ceará (UN-RNCE), Fernando Lima, assegurou que entre as metas está a expansão da produção de gás natural — hoje com 3,5 milhões de metros cúbicos/dia — para cinco milhões de metros cúbicos nos próximos cinco anos.
A maior parte do gás produzido no Rio Grande do Norte é, de alguma forma, consumido no Estado, inclusive pela Petrobras. Fernando Lima explica que companhia tem em seu processo produtivo o uso intensivo deste gás – para a produção de óleo e cogeração de energia. “Mas essa área de gás, assim como a de óleo, tem uma certa mobilidade. Estou falando esses números porque é o que a gente conhece hoje”, disse.
O gerente geral da UN-RNCE afirma que a estatal mantém os investimentos na área de exploração para atingir as metas dentro do plano de expansão até 2011. A Petrobras, segundo ele, ampliou os investimentos em exploração e pesquisa, para assegurar os resultados. “Isso trará perspectivas de mais óleo e gás”, afirmou.
A maior parte do gás natural produzido pela Unidade de Negócio de Exploração e Produção do Rio Grande do Norte e Ceará, cerca de 80%, provém das jazidas localizadas em alto mar. Situação contrária ao óleo, cuja produção se concentra em terra e 20% a partir das plataformas.
Mas Fernando Lima chama a atenção que a exploração no mar está muito complicada em função do processo de obtenção dos licenciamentos ambientais. “Hoje é mais demorado e requer mais investimentos. Então, estamos tendo dificuldades de prosseguir ou dar uma velocidade mais adequada nesse tipo de exploração”, disse o gerente geral da UNRN-CE da Petrobras.
A quantidade de perfurações em alto mar é até menor atualmente e, segundo o gerente geral, o que muda mesmo é o nível de exigência do processo ambiental. Fernando Lima refere-se também à tramitação dos processos na instância do Ibama que, talvez, “o órgão ambiental tenha carência de pessoal — o que pode retardar esse processo. Parte dessa expansão pretendida e planejada pela estatal do petróleo Petrobrás tem influência das cinco áreas na Bacia Potiguar arrematadas no último leilão da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Dos cinco blocos em águas profundas, dois estão localizados no Rio Grande do Norte (parte da Bacia Potiguar se estende até o Ceará). O esforço para ampliar a produção de gás natural é também para atender a demanda da Termoaçu — empreendimento em fase de implantação no município de Alto do Rodrigues —, cuja obra está com mais de 50% concluída.
A obra da Termoaçu está em pleno vapor, com 1.500 pessoas trabalhando. A expectativa é, quando chegar ao ápice, a construção mobilize cerca de quatro mil profissionais de diversas áreas de atuação. A usina terá capacidade para produzir 340 megawatt — energia suficiente para atender dois milhões de residências. É um dos maiores projetos já implantados no Rio Grande do Norte.
A usina é um investimento total de R$ 756 milhões (cotação do dólar a R$ 2,16). A expectativa é que a Termoaçu consuma dois milhões de metros cúbicos de gás natural por dia. A operação será modulada e parte desse gás está ligada ao projeto de injeção contínua de vapor nos poços. De forma que, ao final, chega aos dois milhões de metros cúbicos/dia.
Fernando Lima destaca que são vários projetos agregados à Termoaçu. Alguns ainda em estágio de licitação e outros em ritmos mais adiantados, sem falar naqueles que estão sob estudo.
Gasoduto da região Seridó será concluído até dezembro
O gasoduto da região Seridó deve ser construído até dezembro deste ano, conforme assegura o gerente geral da Unidade de Negócios de Exploração e Produção do Rio Grande do Norte e Ceará (UN-RNCE), Fernando Lima, que ratificou o compromisso assumido pela Petrobras frente ao Governo do Estado de construir também uma fábrica de gasolina automotiva no Pólo Industrial de Guamaré.
“Queremos levar o gás ao Seridó até o final do ano. Estamos preparando o Pólo de Guamaré para comprimir e, a partir daí, podermos transportar o gás até aquela região do Estado”, disse Fernando Afonso Lima. Segundo ele, a Petrobras já iniciou a aquisição dos equipamentos.
A implantação da estrutura para transporte e comercialização do gás na região Seridó potiguar envolve parceiros como a BR Distribuidora e a Potigás — Distribuidora de Gás do RN — uma das responsáveis pelo estudo de demanda necessário à implantação do projeto. Esse gasoduto é uma estrutura que há anos vem sendo pleiteada especialmente pelo setor produtivo, como a indústria ceramista.
“O importante, nesse primeiro momento, é vencer as etapas. A partir daí, com os efeitos da utilização do gás, será necessário despertar o interesse das pessoas consumirem. Por isso, nessa fase, será importante que os governos (estaduais e municipais) façam campanhas de incentivo ao consumo de gás natural”, disse Fernando.
A Petrobras completa 30 anos de produção de petróleo no Rio Grande do Norte – começou em 1976 com o Campo de Ubarana, na costa do município de Guamaré. Em fevereiro deste ano, o gerente geral da UN-RNCE calculava que a planta de gasolina automotiva e o gasoduto Seridó custariam cerca R$ 425 milhões. Dinheiro que a estatal garantiu ter à disposição. Os novos investimentos demandam também uma produção maior de óleo e, por isso, a companhia petrolífera projeta que até 2009 o Estado produzirá cerca de 110 mil barris/dia.
Fernando Lima reafirmou que a estatal não tem como assegurar uma periodicidade às exportações de óleo porque, entre outros fatores, é o marcado quem determina o rumo da Petrobras quanto à comercialização. A frente de investimento amplia também as perspectivas de produção e pesquisa no campo das fontes alternativas de produção de energia.
A Petrobras quer ampliar as pesquisas e a capacidade das duas plantas de produção de biodiesel instaladas no Rio Grande do Norte. O objetivo é sair do plano da produção de óleo em fase experimental para chegar à escala industrial.
A segunda unidade está em pré-operação. Ambas estão dentro da filosofia do Núcleo de Energias Renováveis da Petrobrás – o braço avançado do Centro de Tecnologias da companhia. O gerente geral explica que os profissionais desse núcleo estudam não só a questão da tecnologia, mas também a ampliação dessa capacidade.
Tão importante quanto a expansão da capacidade dessas unidades é que ocorra o mesmo com a capacidade de produção da matéria-prima – com arranjos produtivos no setor do agronegócio – por exemplo, a ampliação da produção contínua de mamona, girassol e outras oleaginosas.
