Brasília – O desmatamento na Amazônia brasileira virou caso de polícia. Enquanto avalia os números sobre as áreas de floresta derrubada e formula políticas de médio e longo prazos, o governo prioriza a operação de vigilância armada sobre a Amazônia, a ser desencadeada dentro de uma semana. A Polícia Federal (PF) começa a se mobilizar para um “arrastão policial”, como disse ontem o diretor-geral do órgão, delegado Luiz Fernando Corrêa. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, acompanhada do ministro interino da Defesa, o Comandante do Exército general Enzo Peri, faz hoje um sobrevôo no noroeste de Mato Grosso, na divisa dos Estados do Amazonas e de Rondônia, onde os índices de desmatamento são alarmantes.
A Polícia Federal já começou a mandar para locais estratégicos da Amazônia centenas de policiais. Vão se juntar a integrantes da Força Nacional de Segurança Pública e Polícia Rodoviária Federal, num total de 780 homens, que vão reforçar a maior mobilização realizada pelo atual governo para conter o avanço do desmatamento na Amazônia.
A ministra Marina e o general Peri, acompanhados também do secretário-executivo do Ministério da Agricultura, do ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, e dos chefes da PF, do Incra e do Inpe, desembarcam na base do Cachimbo e sobrevoam Mato Grosso de helicóptero. Por volta das 13 horas aterrissam em Sinop e fazem uma reunião especial de avaliação do que vão ver.
Mobilização
O contingente de segurança armada enviado à Amazônia é o terceiro maior mobilizado pelo governo federal nos últimos 20 anos, ficando atrás apenas dos 2.200 policiais utilizados nos Jogos Pan-Americanos, no ano passado, e os mais de 2 mil acionados na desocupação do garimpo de Serra Pelada (PA), na década de 80. A mobilização do Pan durou seis meses e a de Serra Pelada, cerca de dois anos. Por sua experiência acumulada na Amazônia, a PF coordenará as ações, que serão desencadeadas na segunda quinzena de fevereiro. Deverão ser reprimidos todos os tipos de crimes ambientais. Os policiais vão devassar madeireiras, abordar caboclos com motosserra sem licença, combater garimpos ilegais, apreender carregamentos de madeira, prender grileiros e pistoleiros profissionais que atuam na região a seu serviço.