Rio e Brasília – A Polícia Federal (PF) e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) investigam o furto de quatro computadores portáteis e dois discos rígidos com informações sigilosas da Petrobras, que estavam sob a guarda da prestadora de serviços Halliburton, segunda maior empresa do setor, com sede nos Estados Unidos e que já foi presidida pelo atual vice-presidente americano Dick Cheney.
Os equipamentos estavam em um contêiner, que foi violado durante o transporte entre Santos (SP) e Macaé (região norte-fluminense). A delegada Carla Dolinski, responsável pelo caso, disse que a Petrobras alegou interesse nacional e, por isso, pediu à PF que investigue o caso. A carga saiu de Santos no dia 18 de janeiro e chegou a Macaé 12 dias depois. No dia 31 de janeiro, funcionários da Halliburton perceberam que o lacre do contêiner havia sido violado.
Segundo as investigações, os bandidos chegaram a trocar o cadeado para evitar suspeitas. Os computadores furtados pertenciam à multinacional, que presta serviços para a Petrobras na área de avaliação de reservatórios de petróleo. A Petrobras informou que tem cópia de todos os dados roubados. A delegada Carla Dolinski ouvirá testemunhas na semana que vem. As investigações, por enquanto, seguem duas linhas principais: roubo de carga ou furto de material com o objetivo de ter informações estratégicas da Petrobras.
A polícia ainda não sabe se os ladrões levaram outros equipamentos além dos computadores, o que reforçaria a primeira hipótese. “Furto de contêineres é um crime muito comum”, comentou. No entanto, a hipótese de espionagem industrial não está descartada, mesmo porque a Petrobras já se manifestou sobre a importância dos dados furtados. Em agosto do ano passado, a estatal contratou um consórcio formado pela Halliburton e pela britânica Expro para testes em reservatórios de alta pressão e alta temperatura, condições semelhantes às encontradas nas reservas gigantes descobertas abaixo da camada de sal na Bacia de Santos, como o projeto Tupi.
O contrato, de US$ 270 milhões, garante à Halliburton acesso a detalhes do subsolo do País, que ganhou as atenções do mundo do petróleo após a confirmação das reservas de Tupi, que podem ter até 8 bilhões de barris de petróleo e abriu as portas de uma enorme província petrolífera com até 100 bilhões de barris. “É a notícia exploratória mais excitante do ano”, afirmou, no ano passado, a consultoria americana PFC Energy. Especialistas explicam, porém, que em contratos desse tipo há cláusulas de confidencialidade, nas quais os contratados se comprometem a não divulgar as informações. A delegada da PF disse que não recebeu ainda resposta às diligências feitas junto à Petrobras e que, por isso, não tem detalhes sobre o conteúdo dos dados roubados. “Só nos disseram que havia informações estratégicas a respeito de suas operações”, contou. Em nota distribuída na tarde de ontem, a estatal disse apenas que os equipamentos furtados continham “informações importantes para a companhia”, reforçando que há cópias integrais de todos os dados perdidos.