A Polícia Federal prendeu ontem seis pessoas acusadas de, ao menos, dez assaltos a agências dos Correios situadas na Região Metropolitana de Natal cujos valores somados totalizam R$ 600 mil em prejuízo aos cofres públicos. A investigação durou aproximadamente um ano e, nessa terça-feira (22), além das prisões, os agentes cumpriram dez mandados de busca e apreensão.
Na saída do Itep, preso que integra quadrilha investigada há, pelo menos, um ano pela PF/RN
O delegado Christian Gomes Bezerra dos Santos, da Delegacia de Repressão a Crimes Contra o Patrimônio e o Tráfico de Armas (DELEPAT) afirma que a Polícia Federal tem acompanhado o crescimento de ações criminosas que têm como alvo não apenas as agências dos Correios, no Estado, como as cargas transportadas pela empresa. “Temos registrado, em média, uma ação por semana. Ou seja, deve dar umas 48 por ano”, afirma o delegado, em entrevista nessa terça-feira por telefone.
Com as prisões e apreensões, a Polícia Federal averigua outras eventuais ações do bando, que por enquanto as investigações apontam para atuação contra agências apenas no Rio Grande do Norte. Cerca de 50 policiais da Superintendência de Natal e da Delegacia de Mossoró cumpriram mandados em bairros da zona Norte da Natal e no município de Extremoz. Cinco pessoas tinham mandado de prisão preventiva determinados pela Justiça e um outro a determinação é pela prisão temporária.
Além de prisões, os agentes da Polícia Federal fizeram apreensões em
imóveis localizados na zona Norte de Natal e em Extremoz
Iniciada há um ano, as investigações apontam que integrantes de uma mesma quadrilha são os responsáveis e vinham praticando uma série de roubos qualificados contra os Correios. O grupo criminoso atuava rendendo funcionários e clientes da empresa pública mediante a utilização de armas de fogo, restando também evidenciado nas investigações que os suspeitos assaltaram duas vezes uma mesma agência, na Cidade Satélite, zona Sul de Natal, respectivamente, nos meses de julho e dezembro de 2017.
Com a ampliação das investigações, a Polícia Federal concluiu que todos os roubos tiveram as participações dos mesmos autores. Como resultado preliminar das buscas, foram apreendidos seis revólveres e uma pistola, armas usadas nas ações do bando. Os detidos na “Operação Xavantes — o nome da operação faz referência à localização da primeira agência assaltada pela quadrilha — irão responder pelos crimes de roubo qualificado, porte ilegal de arma e associação criminosa.
O delegado Christian Gomes afirma que deve pesar contra eles também o fato de terem mantido funcionários públicos como reféns. A Polícia Federal não tem, por enquanto, indícios que os integrantes dessa organização criminosa tenham envolvimento com quadrilhas especializadas em roubo a bancos e caixas eletrônicos. Mas somente a conclusão das investigações podem descartar.
Durante a Operação Xavantes foram encontradas armas e munições em posse dos criminosos
“Eles se especializaram nessa modalidade que chama menos atenção. Sempre agiam da mesma forma — pegavam um funcionário, e às vezes também alguém da família, como reféns e seguiam para as agências, onde aguardavam o tempo de abertura dos cofres. Não há relatos de violência física, mas psicológica, à medida que mantinham sob ameaça e com uso de arma de fogo essas vítimas”, explica o delegado da PF Christian Gomes.
Para o delegado, a quantidade de ações contra a instituição estaria relacionada às mudanças de perfil dos serviços oferecidos pelas quais vem passando os Correios há alguns anos, além dos tipos de encomendas que agora são transportadas, essa em decorrência do comércio eletrônico (cada vez mais compras pela Internet). “Houve essas mudanças, mas talvez o eventual contingenciamento de recursos dificulte os investimentos necessários para evitar que esses crimes ocorram. Por enquanto, estão agindo após ocorrerem os casos”, argumenta Christian Gomes.
O que
Operação Xavantes, desencadeada pela Polícia Federal ontem (22)
O que
Cerca de 50 policiais da Superintendência da PF, em Natal, e da Delegacia de Mossoró cumpriram dez mandados de busca e apreensão. Cinco pessoas tinham mandado de prisão preventiva determinados pela Justiça e para um outro a determinação era de prisão temporária.
Ações criminosas
Algumas ocorrências atribuídas à quadrilha:
Parnamirim: 09/05/2017 e 03/08/2017
Extremoz: 03/11/2017
Ceará-Mirim: 28/12/2017
Macaíba: dia 05/01/2018
Natal: 20/03/2018 (Ag. Princesa Isabel); e Agência em Cidade Satélite (julho e dezembro de 2017)
Vera Cruz: 04/05/2018
