Fausto Macedo, Julia Affonso e Luiz Vassallo
Agência Estado
Sergio Moro apontou que os telefones celulares foram invadidos por um grupo que integra uma organização criminosa
#SAIBAMAIS#Os presos foram transferidos para Brasília, onde iriam prestar depoimento na Superintendência da PF do Distrito Federal. A ação da PF, batizada de Operação Spoofing, foi determinada pelo juiz da 10.ª Vara Federal de Brasília, Vallisney de Souza Oliveira.
Além de Moro, procuradores da força-tarefa da Lava Jato no Paraná e outras autoridades teriam sido alvo de hackers – no mandado de buscas, há menção ao desembargador federal Abel Gomes, do Tribunal Regional Federal da 2.ª Região (TRF-2), no Rio, ao juiz federal Flávio Lucas, da 18.ª Vara Federal do Rio e aos delegados da PF Rafael Fernandes, em São Paulo, e Flávio Vieitez Reis, em Campinas.
A PF informou também nesta terça-feira que vai investigar a suspeita de invasão de hackers nos aparelhos celulares do ministro da Economia, Paulo Guedes, e da deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP). A parlamentar disse que teve seu telefone celular clonado no domingo.
Desde 9 de junho, o site The Intercept Brasil passou a divulgar o conteúdo de supostas mensagens trocadas pelo então juiz federal titular da Lava Jato em Curitiba com integrantes do Ministério Público Federal, principalmente com Dallagnol.
Foram divulgadas pelo The Intercept e outros veículos conversas atribuídas ao ex-juiz e a procuradores no aplicativo Telegram. O site afirmou que recebeu de fonte anônima o material, mas não revelou a sua origem. Sergio Moro nega conluio – e ele Dallagnol afirmam ainda não reconhecem a autenticidade das conversas.
O hoje ministro da Justiça já afirmou que a invasão foi realizada por um grupo criminoso organizado. Para ele, o objetivo dessa ação seria invalidar condenações por corrupção e lavagem de dinheiro, interromper investigações em andamento ou “simplesmente atacar instituições”.
Em 19 de junho, Moro passou oito horas e meia respondendo aos questionamentos dos senadores na Comissão de Constituição e Justiça da Casa sobre supostas mensagens que sugerem atuação conjunta com os procuradores da Lava Jato quando ele era juiz federal.
Um dos endereços alvo de buscas foi a residência da mãe de Gustavo Henrique Elias Santos, um dos suspeitos preso na capital paulista. Ele trabalha com shows e eventos, segundo investigadores. Procurado pelo Estado, seu advogado, Ariovaldo Moreira, alegou não conhecer os autos da investigação e disse que pediu informações à 10.ª Vara Federal de Brasília.
“Liguei para a Polícia Federal em Brasília para buscar garantias de que ele está lá. Eles me encaminharam um e-mail para que eu fizesse o pedido. Eles me disseram que ele poderia ter me ligado, mas soube que o telefone do Felipe foi apreendido”, afirmou o advogado.
Até a conclusão desta edição a reportagem não havia confirmado o nome dos outros três suspeitos presos.
Mensalão
O inquérito é mantido em sigilo e está sendo conduzido pelo delegado Luiz Flávio Zampronha, que em 2005 e 2006 presidiu o inquérito do mensalão. Spoofing, segundo a PF, é um tipo de falsificação tecnológica que procura enganar uma rede ou uma pessoa fazendo-a acreditar que a fonte de uma informação é confiável quando, na realidade, não é.
“As investigações seguem para que sejam apuradas todas as circunstâncias dos crimes praticados”, informou a PF. A operação mira uma “organização criminosa que praticava crimes cibernéticos”.
O aparelho celular de Moro foi desativado em 4 de junho, após ele perceber que havia sido alvo de ataque virtual. O celular do ministro foi invadido por volta das 18h. Ele só percebeu após receber três telefonemas do seu próprio número. O ex-juiz, então, acionou investigadores da PF, informando da suspeita de clonagem.
O último acesso de Moro ao aparelho foi registrado no WhatsApp às 18h23 daquele dia. O suposto hacker teria tentado se passar pelo ministro no aplicativo Telegram.