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PF vincula Lula a planilha de propinas da Odebrecht

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Fausto Macedo e Mateus Coutinho
Agência Estado

Relatório da Polícia Federal que indiciou criminalmente o ex-ministro Antonio Palocci por corrupção passiva, divulgado pela Operação Lava Jato, afirma que codinome “Amigo” em planilhas de propinas da Odebrecht se referia ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em um documento do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht – o chamado departamento de propinas da empresa -, “Amigo” é destinatário de R$ 23 milhões.
Antonio Palocci é indiciado por corrupção passiva e planilha indica que teria recebido R$ 6 milhões
No relatório de indiciamento, a PF afirma que, deste total, R$ 8 milhões teriam sido efetivamente repassados ao petista e “debitados” do “saldo” da “conta-corrente da propina, que correspondia ao agente identificado pelo codinome de Amigo”. A planilha indica ainda, segundo o documento da PF, que R$ 6 milhões teriam sido pagos a “Italiano” – que seria Palocci – e R$ 50 milhões a “Pós Itália”, referência ao ex-ministro da Fazenda Guido Mantega.

Os investigadores alegam que chegaram aos R$ 8 milhões por meio do cruzamento de valores debitados do saldo total do Setor de Operações Estruturadas da empreiteira. O setor era responsável pelo pagamento de propina a políticos, agentes públicos e ex-dirigentes da Petrobrás, segundo a Lava Jato.

A PF afirma que a conclusão sobre a “alcunha” de Lula tem “respaldo probatório e coerência investigativa”. Ela se baseia em e-mails e mensagens da cúpula da Odebrecht que fazem referência a Emílio Odebrecht como a sigla EO – patriarca do Grupo Odebrecht e pai de Marcelo Odebrecht – e, em várias ocasiões, à expressão “amigo de EO” que coincide com eventos que tiveram a participação do ex-presidente.

Em troca de mensagens de 30 de janeiro de 2014, por exemplo, o executivo Alexandrino Alencar encaminha a Marcelo Odebrecht uma programação de eventos do “amigo de EO”, incluindo uma viagem a Cuba no dia 24 de fevereiro. As datas coincidem com a viagem de Lula à Cuba, tendo feito inclusive uma palestra em Havana em 26 de fevereiro, ligada à Odebrecht.

“Luiz Inácio Lula da Silva era conhecido pelas alcunhas de ‘Amigo de meu pai’ e ‘Amigo de EO’, quando usada por Marcelo Bahia Odebrecht e, também, por ‘Amigo de seu pai’ e ‘Amigo de EO’, quando utilizada por interlocutores em conversas com Marcelo Bahia Odebrecht”, diz o relatório subscrito pelo delegado federal Filipe Hille Pace. Lula não foi indiciado porque não é alvo deste inquérito.

Sobre a citação feita pelo delegado Pace, a defesa do ex-presidente disse que o posicionamento é um “abuso” e não pode ser tratado como oficial. “Uma autoridade que não é a responsável pelas investigações em relação a Lula, emitiu sua ‘convicção’, sem lastro, para atacar a honra e a reputação do ex-presidente”.

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