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PFL escolhe hoje entre Agripino e José Jorge

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PSDB - Alckmin demonstrou preferência por Agripino

Brasília (AE) – O PFL escolherá hoje, por voto secreto, o nome para ser o vice na chapa de Geraldo Alckmin, pré-candidato do PSDB à Presidência da República. Os dois postulantes – José Agripino (RN) e José Jorge (PE) – são nordestinos, engenheiros e senadores do PFL. Na checagem final da posição dos 96 eleitores pefelistas, o grupo de José Jorge contabilizou, ontem, uma vantagem de 19 votos sobre o adversário. Não é o que dizem os partidários do líder Agripino, que conta com o apoio do grupo do senador Antonio Carlos Magalhães (BA) e a preferência da cúpula do PSDB e do próprio Alckmin.

“O resultado é imprevisível e a diferença de votos para o vencedor, seja quem for, será muito pequena”, afirma o deputado ACM Neto (PFL-BA). O grupo que trabalha por Agripino reconhece que o adversário é o candidato de Bornhausen, do senador Marco Maciel (PE), dos prefeitos pefelistas do Rio de Janeiro, César Maia, e de São Paulo, Gilberto Kassab, e do governador Cláudio Lembo (SP), e que todos estão em campanha aberta por José Jorge.

Ainda, assim, eles apostam que o voto secreto abre espaço para a vitória do líder do PFL no Senado porque deixa os eleitores à vontade para se manifestar, independentemente da pressão dos caciques. A urna estará à disposição dos pefelistas a partir das 9h, na presidência do partido localizada no último andar do edifício principal do Senado. O local de votação foi escolhido para facilitar a vida da grande maioria do colégio eleitoral, já que 81 dos 94 votantes são deputados e senadores que passam a semana no Congresso Nacional. Os demais integrantes do colégio eleitoral são governadores, vice-governadores, prefeitos de capital e membros da executiva nacional sem mandato eletivo.

O colegiado é o mesmo que participou da consulta aberta há cerca de um mês. A nova votação – uma espécie de segundo turno, como definiu Agripino – foi proposta pelo próprio líder com o compromisso de que quem ganhar deve apoiar o outro, “sem choro nem vela”.

Agripino argumentou que a “consulta rápida” seria o “parto mais indolor” para encerrar a disputa interna e manter a unidade partidária. O critério de escolha foi decidido em reunião da Executiva Nacional pefelista e a consulta foi feita pelo presidente do partido, que pediu aos eleitores que apontassem uma lista tríplice. O vencedor foi o próprio Bornhausen, apontado como melhor opção por 70 eleitores, seguido de José Jorge, que ficou em segundo lugar, com 55 votos. Agripino foi o terceiro colocado, com a simpatia de 43 eleitores.

Embora tenha acatado o segundo turno, o grupo mais próximo de Bornhausen não vê a idéia com bons olhos. No entendimento geral deste grupo, a segunda consulta levanta dúvidas sobre a seriedade da primeira e a neutralidade do presidente do partido no processo. Vários pefelistas querem homenagear Bornhausen nesta definição do vice. Dizem que ele adquiriu legitimidade porque “deu alma ao partido”, conduzindo-o para a oposição sem nenhum interesse pessoal ou regional.

Argumentam também que, durante o primeiro ano e meio de governo, ACM insistiu em atrelar o partido ao presidente Lula e custou muito a se render à tese de que o melhor para o PFL era ficar na oposição, como pregava Bornhausen. Neste caso, concluem, quem tem de emplacar o vice do candidato de oposição a Lula é Bornhausen, e não ACM.

Lideranças do RN destacam importância da escolha de JA

A atuação do senador José Agripino como líder do PFL no  Senado e enquanto um dos mais ferrenhos oposicionistas ao governo do presidente Lula são os principais trunfos do potiguar na disputa pela vaga de vice na chapa de Geraldo Alckmin (PSDB). Em recente visita a Natal, o “decano” do jornalismo político, Villas-Bôas Correia, ressaltou esses diferenciais em relação ao pernambucano José Jorge. “Agripino é o melhor candidato. Não só porque é o melhor, mas porque é o melhor para Alckmin. Ele é capaz de dar um tom oposicionista mais vigoroso à campanha”, avaliou.

Os pefelistas potiguares também destacam a importância do senador ser o indicado. Em Brasília, o deputado federal Ney Lopes está otimista com a escolha. “Estamos vivendo um momento histórico para o  Rio Grande do Norte e José Agripino tem a perspectiva de uma grande vitória”, avaliou.

Para o presidente do PFL em Natal, Marcílio Carrilho, a escolha de Agripino para a Vice-Presidência é a chance do Rio Grande do Norte sair do “protocolo de intenções” e passar a um período de crescimento real. “É um político voltado para ações de desenvolvimento, honesto e que poderia trazer para o Estado projetos importantes como o da planta de PVC”, afirmou. Marcílio. O deputado Getúlio Rego (PFL) confia na indicação de Agripino para ser candidato do seu partido a vice-presidente do República.

A torcida pela escolha de Agripino, porém, é também dos líderes de outros partidos. O PSDB, presidido pelo ex-senador Geraldo Melo, e o PMDB, do deputado Henrique Eduardo Alves, são dois exemplos. Esse último parlamentar acredita na indicação do potiguar. “O Nordeste estará muito bem representado por ele, que sempre demonstrou competência em sua vida pública. Como torcedor, posso até ser suspeito para falar, mas acredito em sua vitória”, disse o peemedebista, que pretende acompanhar de perto a votação. Contudo, o deputado destacou: “Independente do resultado, por tudo que fez pelo PFL e pelo RN, ele já é um vencedor.”

Prévias terão implicação nas alianças locais

A eleição interna de hoje no PFL terá fortes reflexos sobre o pleito potiguar. A escolha, ou não, de José Agripino para a vaga de vice-presidente deve abrir uma nova etapa nas negociações para a formação de alianças no RN. Caso o senador seja o indicado para compor a chapa do tucano Geraldo Alckmin, pré-candidato à Presidência, a aproximação com o PSDB norte-rio-grandense, repetindo a aliança nacional, será o caminho natural. Sendo assim, o PFL acabaria também próximo à Unidade Popular e do apoio ao candidato dessa aliança, Garibaldi Filho (PMDB).

Por outro lado, se José Agripino for preterido na disputa com José Jorge, o leque de composições se abre. Embora a possibilidade de marchar junto ao PMDB e PSDB se mantenha, também ressurge a alternativa do senador se tornar candidato ao Governo do Estado, opção defendida durante todo o ano passado. Mesmo que não queira concorrer ao cargo, Agripino pode lançar uma chapa “puro-sangue” do PFL

Nos dois casos, porém, a aliança com a governadora Wilma de Faria estaria legalmente afastada, já que o PSB, mesmo que não venha a se coligar oficialmente com o PT em nível federal, conta com a legenda do presidente Lula em seu arco de alianças aqui no Estado.

‘Vice será avalista dos compromissos’

Com a experiência de quem já exerceu três mandatos de senador, governou o Rio Grande do Norte por duas vezes e lidera a bancada do PFL no Senado há mais de três anos, o senador José Agripino Maia enfrenta a disputa interna para compor a chapa presidencial com o PSDB às vésperas de completar 61 anos, em 23 de maio. Ele conta com a torcida discreta do tucanato, acredita que será o escolhido e se propõe, desde já, a ser “o fiador” dos compromissos que o pré-candidato Geraldo Alckmin assumir com sua região.

Em que ponto um vice nordestino pode alavancar a candidatura de Alckmin que até agora não deslanchou?

José Agripino: A par da formulação de uma política abrangente para a região, o vice nordestino pode ser o arauto dos compromissos individuais do candidato com cada Estado da região, ao tempo em que se apresenta como avalista desses compromissos, sem perder a visão nacional dos problemas.

Porque José Agripino é uma boa opção para vice?

JA: Ao longo de três anos de liderança de oposição no Senado, a cara do PFL de oposição consciente e combativa ficou muito identificada na minha pessoa. Creio que isto ajudará a estabelecer o contraponto entre Alckmin e Lula na campanha.

O Estado de origem do vice – Pernambuco ou Rio Grande do Norte – tem peso na campanha?

JA: Aí depende do nível de visibilidade do vice. Nada impede de um vice do Rio Grande do Norte e ser bem visto em sua região ou no Brasil. Ser de um Estado ou de outro, o que faz a diferença é como o vice é visto pelo Nordeste e pelo País.

A disputa com o senador José Jorge deixar seqüelas?

JA: Não, porque há um compromisso prévio, meu e dele, de o escolhido ter o apoio do outro, sem restrições.

Entrevista/José Jorge

“Disputa não deixará trauma no PFL”

Depois de 16 anos de mandato de deputado federal e 8 de senador, interrompidos apenas no ano e meio em que passou à frente do Ministério de Minas e Energia, no governo passado, o senador José Jorge Vasconcelos Lima, 61 anos, espera fechar com chave de ouro sua carreira parlamentar. Com padrinhos de peso como o governador de São Paulo, Cláudio Lembo, e o prefeito da capital, Gilberto Kassab, ele espera vencer a disputa no PFL, certo de que um vice pernambucano será de grande valia para o pré-candidato Geraldo Alckmin na campanha.

Com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva batendo Alckmin e, de goleada no Nordeste, qual o peso político de um vice do PFL nordestino?

José Jorge: Lula tem vantagem grande no Nordeste porque é a quinta vez que disputa a Presidência e a população local, por causa do baixo nível de escolaridade, demora mais a conhecer novos candidatos. Mas, do momento em que Alckmin for identificado com nosso grupo político, que é muito forte em Pernambuco, a tendência é ele encostar em Lula.

O fato de ser pernambucano lhe dá vantagem sobre o adversário potiguar?

JJ: Pernambuco é um Estado com maior peso político e eleitoral. Tem mais que o dobro de eleitores do que o Rio Grande do Norte. Lá, a aliança com o PSDB é mais clara, com a vantagem de o PFL comandar a chapa para o governo, com um vice tucano. No Rio Grande do Norte, o candidato a governador não será da aliança, mas do PMDB. 

A disputa, em que também se confrontam ACM e Bornhausen, ameaça a unidade interna do PFL?

JJ:  De jeito algum. Eu e Agripino somos amigos, trabalhamos juntos e eu concordei com esta segunda consulta, por voto secreto, por uma sugestão dele. Além disso, até agora não houve trauma algum entre Bornhausen e o senador Antonio Carlos. Com a escolha do vice, a disputa acaba.

 

 

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