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Pilates para crianças

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Isaac Ribeiro repórter

Existem várias diferenças entre o modo de vida das crianças de ‘antigamente’ para as de hoje. Antes, até mesmo para as brincadeiras era necessário um certo esforço físico — subir em árvores no esconde-esconde, jogar futebol em terrenos baldios, correr em carrinho de rolimã, queimada… Hoje, para a maioria, a diversão é dentro de casa ou apartamento; entenda-se televisão, computador e vídeogame. Sem contar com a agenda corrida de colégio, curso de línguas, educação física, quase sempre carregando bastante peso na mochila. Isso tudo, além de estressar os pequenos ainda gera sequelas na postura, entre outros problemas. Para tratar tudo isso, o Método Pilates pode ser uma poderosa ferramenta.

Método fortalece musculatura infantil e corrige problemas de postura gerados por excesso de peso das mochilas escolares e pela forma errada de sentar diante da tevê e do computadorMas quando se fala em pilates para crianças, uma das primeiras perguntas a vir nas mentes dos pais é: “Mas não é uma atividade muito puxada para meu filho? Não vai comprometer seu desenvolvimento?”

Segundo os especialistas, é justamente o contrário. O pilates só tem a contribuir para o desenvolvimento das crianças, uma vez que além de fortalecer a musculatura para suportar a carga da mochila, corrige a postura, introduz à disciplina, concentração e ainda serve de canal para extravasar a energia típica da idade.

Segundo a professora Bianca Dore, o pilates pode ser aplicado a partir dos quatro anos de idade, desde que em turmas específicas, só com crianças. Ela explica que  os exercícios são aplicados de forma lúdica, como uma brincadeira, com o objetivo de conquistar os pequenos alunos à pratica do método e assim corrigir não só os maus hábitos posturais motivados pelo peso da mochila, mas também pela forma relaxada de sentar diante da tevê, do computador e até mesmo na cadeira escolar.

Diferente da musculação, o pilates usa máquinas especiais com sistema de molas, no lugar de pesos. A instrutora Marivani Rocha esclarece ainda que nas aulas com crianças nem mesmo molas são usadas. “Fazemos aulas de solo, com bolas, rolos de espuma, elementos de recreação. E o foco da aula varia de acordo com cada idade”, comenta. “A evolução é nítida. A flexibilidade é notada com o decorrer das aulas.”

Pais reconhecem resultados positivos

Na fase entre a infância e a adolescência ocorrem as maiores transformações no nosso corpo, que cresce de forma acelerada, definindo-se. O peso exagerado da mochila escolar e a forma inadequada de sentar-se são umas das principais causas de problemas ortopédicos futuros. O pilates tem sido bastante procurado, pelos pais bem informados sobre o método, por prevenir, minimizar e corrigir desvios posturais através de exercícios que se adequam e respeitam os limites e as necessidades de cada criança.

O pilates associa o esforço físico dos exercícios ao controle neuromuscular, gerando ganho de força e flexibilidade, e reorganização de ossos e músculos, sem falar em disciplina, concentração e uma maior consciência sobre os limites do próprio corpo.

Luciana Fontes, mãe de Gabriela, de 10 anos de idade, conta que resolveu colocar a filha no pilates por considerar ser a forma mais correta de ela se exercitar sem agredir a musculatura em desenvolvimento — o que, em sua opinião, geralmente acontece em outras atividades físicas.

“Além disso, tem o auxílio direto do professor. Decidi inscrevê-la nas aulas para consertar a postura, pois percebo que às vezes ela fica um pouco relaxada. Ela já fez balé e pratica vôlei no colégio. Tem toda uma herança de arte e exercícios físicos na família”, comenta Luciana.

O fato de ser professora de pilates fez com que Marivani Rocha colocasse seus dois filhos gêmeos, Gabriel e Pedro — hoje com quatro anos de idade — nas aulas do método. E isso já faz dois anos. “Desde cedo procurei fazer os exercícios com eles, pelo menos uma vez por semana. Eles têm muita energia e temos que fazer com que a gastem.”

Marivânia também comenta o fato de as crianças estarem muito mais sujeitas ao sedentarismo. “Hoje tem muito computador. Logo cedo, as crianças já sabem ligar, entrar na internet, visitar sites, jogar. Passam as horas vagas sentadas diante dele. Antes as brincadeiras eram correr, subir em árvores; precisava de mais de esforço físico.”

Método ajuda idosos a ter “vida mais funcional”

Mas não são só as crianças as merecedoras de atenção especial nas aulas de pilates. Os idosos também são tratados de forma diferenciada. Segundo Bianca Dore,  eles têm uma musculatura mais enfraquecida, são mais sedentários, seus ossos também estão mais fracos — ainda mais se houver uma osteoporose associada — e a postura vai se modificando devido a esses fatores.

Essas alterações, friza a especialista, também são responsáveis por uma tendência maior a quedas, o que traz várias consequências maléficas. “No pilates, fazemos também um trabalho específico para os idosos, onde fortalecemos a musculatura, pois com os músculos mais fortes eles conseguem facilitar a absorção do cálcio nos ossos e diminua a fraqueza deles”, comenta Bianca.

Mas, assim como nas crianças, os idosos também são trabalhados de forma específica, dentro de certos limites. “Não podemos fazer determinados exercícios, como flexões. Trabalhamos a musculatura, para deixá-los mais fortes e eretos; trabalhamos bem a parte do equilíbrio para que eles fiquem mais ativos e possam se locomover melhor”. A intenção maior, segundo Bianca, é trazê-los para uma vida mais funcional, mais próxima da normalidade.

A aposentada Maria Elvira da Silva, 92 anos, pratica pilates há oito meses. Ela conta que sempre foi uma pessoa muito ativa, esperta, mas que estava se sentindo mole, cansada e a atividade tem lhe dado ânimo novo.   “Hoje me considero renascida, como tivesse quinze anos de idade. Não sinto doença de qualidade nenhuma”, diz, bem-humorada.

Ela confessa que, nas primeiras aulas, não conseguia executar com facilidade os movimentos do pilates. “Achei difícil demais; pedia para me segurarem; não fazia os exercícios completos.” Agora, já habituada à atividade, Maria Elvira diz executar tudo corretamente. “Tem um rapaz de vinte e seis anos que não consegue estirar as pernas e eu faço sem problemas.”

Disposição é o que não falta a Maria Elvira. Durante o veraneio, ela caminhava todos os dias e levava vantagem com relação a suas amigas. “Elas ficavam pra trás, cansadas, entrevadas”, diz ela, que é viúva e mãe de duas filhas. “Sou muito disposta. Acho que vou viver uns 120 anos. Quem ainda não conhece o pilates, precisa conhecer o mais rápido possível.”

Bate-papo » Bianca Dore – educadora física

Quais os benefícios do pilates para crianças?
Ele trabalha a consciência corporal de forma muito forte. Observamos que as crianças, por hábitos de vida mesmo, também pela carga de escola, carregar mochila, a postura que ela tem de ficar por muito tempo nas cadeiras do colégio, estudando, acabam desenvolvendo uma má postura decorrente dessas atividades diárias deles. O que a gente tenta fazer no pilates é trabalhar exatamente nessa parte de consciência corporal, pois não podemos trabalhar com eles a parte de fortalecimento em si. A gente alonga a musculatura deles. É incrível, hoje em dia, o grau de encurtamento dos jovens e crianças; isso porque não praticam mais tanto atividades físicas como antigamente, têm a vida muito mais corrida: saem do colégio e vão para o inglês ou outra atividade, muito tempo no computador, e a atividade física em si fica de lado. Então trabalhamos em cima da consciência corporal para refletir em cima de uma postura mais adequada.

E o que significa “encurtamento”?
O ideal seria que todo mundo praticasse uma atividade física que pudesse alongar determinados grupos musculares. E o que acontece? Como eles passam muito tempo na postura sentada, na frente da televisão, do computador, no colégio, eles acabam encurtando, principalmente, essa musculatura posterior das pernas e encurvando os ombros, o peitoral, a musculatura anterior. No pilates, a gente vai justamente tentar trabalhar isso; alongar essa cadeia posterior, que vai possibilitar uma postura em pé mais ereta, mais consciente, e também abrir mais o peito, facilitando o alinhamento da coluna.

Há uma idade mínima para a criança ingressar no pilates?
Podemos trabalhar com crianças a partir dos quatro anos. O ideal é que elas trabalhem em grupos separados, pois não temos como trabalhar crianças junto com adultos porque é algo diferenciado, a aula é voltada para elas. De preferência, que essas crianças mais novinhas façam um esporte associado ao pilates. Mas não tem uma regra de idade; a partir dos quatro anos, elas já conseguem entender o que estão fazendo. Nós vamos moldando aos poucos. Tem que ser algo lúdico, meio como uma brincadeira. Aí eles vão ganhando disciplina, concentração, tranquilidade, aliviam a mente.

Praticando o pilates eles suportam melhor o peso da mochila?
Sim, porque os músculos vão estar mais bem alongados, preparados para esse suporte de carga, além da consciência deles em relação ao corpo.

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