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Pinacoteca pode perder recursos para reforma

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Yuno Silva
Repórter

A Copa passou e o propalado legado não vingou, pelo menos no que diz respeito a Pinacoteca do Estado. Desprovida de orçamento e incapaz de garantir a manutenção da própria estrutura física, o museu permanece em estado crônico de letargia, apesar de existir R$ 1 milhão à espera da formalização de convênio entre o Governo do RN, Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) desde 2013.  A meta era, além de dar conta de serviços mais urgentes de restauração no prédio neoclássico construído entre 1865 e 1873, melhorar a iluminação interna, climatizar algumas salas de exposição e readequar a reserva técnica para guarda do acervo.
Recurso para o Palácio Potengi será destinado à restauração do prédio e modernização da iluminação
De acordo com fontes do escritório no RN da Petrobras, a patrocinadora, a verba estaria para prescrever (e ser devolvida) nos próximos dias; por sua vez o Ibram pressiona para fechar o convênio; mas uma série de entraves burocráticos vem protelando a parceria.

Há nove meses sem uma agenda concreta de atividades nem editais públicos de ocupação, o museu funciona no imponente Palácio Potengi, Cidade Alta, desde 1997 e nunca desfrutou de autonomia financeira.

“Na época, em 2013, foi criada uma Associação dos Amigos da Pinacoteca para desburocratizar a vinda desses recursos”, explicou Rodrigo Bico, diretor geral da Fundação José Augusto. Vale destacar que, inicialmente, a Associação foi criada com o intuito de facilitar o recebimento desses recursos. “Como a entidade tinha menos de um ano de formação, o patrocinador não fez o crédito. Precisaria ter no mínimo dois anos de atividades”.   

FORMALIZAÇÃO
O gestor informou que acompanha de perto essa questão, e adiantou que até o final desta semana terá uma definição. “O Ibram tem total interesse em viabilizar esses recursos, inclusive fizeram contato com a Petrobras para salvar esse convênio”, garantiu Bico. A reportagem do VIVER entrou em contato com a diretora do Ibram, Eneida Braga Rocha de Lemos, mas ela estava em reunião e não retornou até o fechamento. O diretor geral da FJA ressalta que, somado ao pouco tempo de criação da Associação dos Amigos da Pinacoteca, que hoje está sob o comando de Isaura Rosado (ex-FJA), a demora na liberação dos recursos para reestruturação do museu também foi influenciada pelas mudanças na gestão Estadual, pela crise política e econômica que assola o país e pela operação Lava Jato que apura possíveis irregularidades na Petrobras. Outra possibilidade ventilada pela Fundação José Augusto era receber o convênio através da UFRN, pois o trânsito entre órgãos federais facilitaria as coisas e não haveria necessidade de contrapartida, mas a articulação nesse sentido foi interrompida.

NOVO USO
Mais um fator complica esse meio de campo: o interesse do governador Robinson Faria em despachar do Palácio Potengi. “A vinda dessa verba está condicionada a permanência do espaço como museu. Tenho conversado com o governador sobre a importância desses recursos e de manter a Pinacoteca como equipamento cultural. Até o fim desta semana daremos um retorno ao Ibram sobre esse posicionamento, para assim dar andamento aos trâmites burocráticos”, frisou.

Consolidar agenda
A Pinacoteca do Estado, que há 18 anos ocupa a antiga sede do poder executivo Estadual, está sob direção do administrador Samuel Lins. Sem qualquer vínculo anterior mais direto com a área cultural, sobretudo com o segmento das artes visuais, Lins tateia e faz o que pode para manter o movimento no museu.    

Desde o início de 2015, para complementar o calendário, a Pinacoteca vem abrigando eventos de música, cinema, teatro, quadrinhos, lançamento de livro, moda e performance. “No mês de outubro pretendemos retomar a política dos editais de ocupação, para entrar 2016 com uma agenda mais consolidada no campo das artes visuais”, planeja Samuel.

No momento três exposições ocupam as galerias: a mostra “InArte Urbana” traz para o museu a arte do grafite e permanece aberta a visitação até o próximo dia 30 de setembro; a exposição fotográfica “Natureza Figurativa e Abstrata”, de Cristina Acafe e curadoria de Jomar Jackson, em cartaz até dia 3 de outubro, reúne 60 imagens registradas em Natal, Brasília, Currais Novos, Acari e Jardim do Seridó; e a terceira sobre ações culturais do ex-prefeito Djalma Maranhão (1915-1971).

Lins disse que há pautas reservadas até dezembro, mas que “sempre” deixa um espaço no calendário para, justamente, ser preenchido por eventos avulsos. “Queremos estimular a ocupação da Pinacoteca, se não há espaço nas galerias, dependendo do projeto, tentamos viabilizar no hall de entrada ou mesmo no pátio externo”, reforça.

Sem contrapartida
O diretor da Pinacoteca informou que, mesmo sem orçamento, o museu não vem cobrando taxa dos promotores dos eventos – mesmo daqueles que cobram ingresso. “Pedimos uma ajuda para sanar alguma necessidade mais urgente, como material de limpeza e produtos para cuidar do jardim. “Queremos acolher, gerar movimento. Estamos de portas abertas”.

Entre os eventos agendados, destaque para o projeto MPB Jazz, que promove shows no dia 21 de outubro. “Também estamos vendo com o pessoal da Samba (Sociedade dos Amigos do Beco da Lama e Adjacências) e com a editora Jovens Escribas para trazer eventos para cá. Nossos planos incluem realização, uma vez por mês, aos domingos, de eventos mais ligados a cultura urbana, grafite e hip hop. O projeto piloto acontece em novembro”.

Sobre a reserva técnica, Samuel Lins disse que optou por não ficar com a chave. “Ampliamos o espaço e reforçamos a segurança. Apenas três servidores têm a chave, assim resguardamos a equipe e mantemos o controle”, avalia.

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