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Pinochet é velado sem honras de chefe de Estado

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FUNERAL - Jovens velam o corpo do general e ex-ditador Augusto PinochetSantiago – Os restos mortais do ex-ditador chileno Augusto Pinochet descansaram estão sendo velados desde ontem na Escola Militar de Santiago, à espera de seu funeral hoje, sem honras de Estado e no mais estrito protocolo militar, em um país dividido sobre seu legado. Um dia depois de sua morte, centenas de chilenos fizeram fila nesta segunda para conseguir ver o caixão, com o corpo do ex-ditador em traje militar cinza, correspondente ao grau de capitão-general do Exército chileno, uma patente que apenas ele e o libertador Bernardo O’’Higgins ostentam. Hoje seu corpo ele será cremado.

De lado, foram colocados dois círios e uma guarda de honra com cadetes que cuidarão do corpo de Pinochet até o momento de seu funeral, previsto para as 11h de com uma última missa a ser realizada no pátio Alpatacal da Escola Militar, informou o Exército.

Pinochet receberá todas as honras militares, mas seu funeral não terá caráter de uma cerimônia de Estado, nem será motivo de luto nacional, de acordo com decisão tomada pela presidente Michelle Bachelet, que faz parte dos 28.000 chilenos torturados durante a ditadura (1973-1990).

Os violentos distúrbios iniciados no anteontem à tarde  após o anúncio da morte do ex-ditador Augusto Pinochet se prolongaram pela madrugada  de ontem e deixaram pelo menos cem presos e 50 feridos, entre eles 43 policiais,  informou hoje o subsecretário do Interior chileno, Felipe Harboe.

Os distúrbios começaram quando cerca de 4 mil pessoas que se haviam reunido  em uma praça do centro de Santiago para comemorar com cantos e papel picado  a morte de Pinochet marcharam até a sede do governo. Grupos de encapuzados levantaram  barricadas às quais atearam fogo e entraram em choque com a polícia. A polícia usou carros com jatos d’água e disparou bombas de gás lacrimogêneo  para dispersar os manifestantes, que repeliram os ataques com pedras e garrafas.  Eles também quebraram sinais de trânsito e luminárias públicas. Em diversos setores de Santiago ocorreram saques em estabelecimentos comerciais,  vários veículos foram incendiados e foram registrados danos à propriedade pública  e privada. Ontem, eram visíveis os rastros da destruição no centro da capital.  Os incidentes mais graves ocorreram no bairro de Peñalolén, no oeste de Santiago,  onde sete policiais militares foram atingidos por balas disparadas por armas  artesanais. Também ocorreram atos de violência nos bairros populares como Villa Francia,  Lo Hermida e La Pincoya. No entanto, no bairro La Victoria, um lugar simbólico  e tradicional de protestos durante o regime de Pinochet  realizado  um verdadeiro carnaval.

Bachelet nega funeral de Estado

Santiago – Na primeira declaração pública desde a morte do ex-ditador  Augusto Pinochet, a presidente do Chile, Michelle Bachelet, disse ontem que levou  em conta “o bem do país”, ao negar a ele um funeral de Estado. “Quando não existem  normas para determinadas situações, os governantes têm de tomar decisões pensando  no país”, afirmou. “Nas últimas horas vimos gestos de divisão que não nos agradam,  mas sei que temos, como sociedade, a fortaleza ética para uma reconciliação”,  assinalou Bachelet, que foi vítima da repressão do regime pinochetista (de 1973  a 1990) e cujo pai morreu na prisão da ditadura.

Em alusão ao regime militar, Bachelet acrescentou que “foi terrível” para o  Chile o momento em que se perdeu o diálogo. “Tenho memória, acredito na verdade  e aspiro à justiça”, afirmou. “A grandeza de um país está na vontade íntima  de reencontro sobre a base de uma verdade histórica.” Pinochet morreu no domingo, aos 91 anos, em decorrência de problemas cardíacos,  e sua morte pôs novamente em evidência a divisão que sua figura ainda causa  entre os chilenos, pois enquanto seus partidários choravam, seus adversários  saíram às ruas para comemorar.  Após participar de um ato no palácio presidencial De la Moneda, na qual recebeu  as propostas de uma comissão especial para modificar a lei orgânica de ensino,  Bachelet disse aos jornalistas que as manifestações, a favor ou contra Pinochet,  não lhe agradam. 

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