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Pioneirismo feminino no futebol potiguar

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Maurílio Medeiros
Repórter
O Rio Grande do Norte é terra de mulher arretada. Em 1928, Celina Guimarães foi a primeira mulher a votar no Brasil e, no mesmo ano, Alzira Soriano foi eleita a primeira prefeita do país. Mais de 90 anos depois, nesta semana, mais duas potiguares arretadas também resolveram fazer história, desta vez, no futebol. Pela primeira vez no Estado, os passes de bola, pênaltis e gols foram narrados e comentados por vozes femininas ao mesmo tempo. Foi na partida América x União, pela final do campeonato estadual de futebol feminino, às 15h do dia 22, na Arena das Dunas, que Júlia Carvalho (jornalista), de 23 anos, e Jessyanne Bezerra (estudante de jornalismo), de 20, foram pioneiras na narração e no comentário, respectivamente.

Júlia Carvalho (d) e Jessyane Bezerra (e) foram pioneiras ao protagonizarem primeira transmissão de futebol com comando feminino
Júlia, cujo pioneirismo se deu por meio da voz, revela que quase a perdeu. “Eu, que ando sempre tão acompanhada de palavras, fiquei sem. Só tenho a agradecer pelo convite […] Nunca havia narrado, não tive preparo. A partir de agora, caso volte a narrar, sei que errarei e, assim, aprenderei a dar o meu melhor. Quando me falaram que eu seria a primeira a fazer isso por aqui, fiquei ainda mais nervosa, não pelo receio das críticas, mas por ter consciência da representatividade. ‘Puxei a fila’ e espero quebrar essa lógica machista de que não podemos ocupar esse lugar”, diz.

Ela conta que durante a graduação na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), foi repórter, comentarista e apresentadora de um programa esportivo, no qual recebia muitos elogios. “Vários colegas sempre diziam que falo rápido demais e, por isso, um deles até já havia me sugerido tentar narração esportiva. Acho que fiquei com essa ideia na cabeça. Sempre amei esportes em geral, desde criança. No jornalismo esportivo, minhas inspirações são Renata Mendonça, que me parabenizou pela narração, Ana Thaís Matos, Renata Silveira, Júlia Guimarães, Rafaelle Seraphim, entre outras. Semana passada, a Federação Norte-Rio-Grandense de Futebol (FNF) estava procurando uma mulher para narrar a final do estadual feminino fui indicada. Aceitei porque foi a primeira chance que tive nesse sentido e vi como uma oportunidade de aprender. Fui na cara e na coragem, dando o meu melhor. Quando soube que seria a primeira a fazer isso, senti o peso da responsabilidade. É uma conquista histórica da qual me orgulho. Fico emocionada como profissional, além de esperançosa pela porta se abrindo para nós [mulheres]. Um dos conselhos que recebi antes de aceitar a proposta foi de uma amiga narradora, de outro Estado. Ela disse: ‘a gente só aprende a narrar, narrando’. Então, sim, quero aprender e narrar mais vezes. Não sei se agora, mas tenho planos de estudar técnicas e me aprimorar”, narra.

Jessyanne cursa o 4º período de jornalismo e também fez parte da TV Universitária. Foi ali que conheceu Júlia, que, após ser convidada pela FNF, indicou a colega. “Eu comecei no jornalismo esportivo no TVU Esporte, do qual a Júlia também participou. Nós nos conhecemos lá. Por isso, depois que a convidaram, ela me chamou para ir junto. Quando surgiu a oportunidade, senti que estava preparada e, sobretudo, animada. No TVU Esporte, já criei muita experiência e, quando me chamaram para ser comentarista, a sensação era de ir fazer só mais uma transmissão”, conta a estudante.

Em relação ao pioneirismo feminino no futebol estadual, ela endossa a tese da colega sobre ser apenas o início de uma nova era. “Não consigo mensurar, só consigo pensar no espaço que estamos abrindo. É histórico […] Pretendo seguir nesse ramo, pois me faz feliz e completa, pessoal e profissionalmente. Estou aberta a convites, se me chamar eu vou!”

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