A secretaria Municipal de Planejamento, Orçamento e Finanças (SEMPLA) apresentou ontem o Plano de Reabilitação de Áreas Urbanas Centrais – Ribeira (PRAC/Ribeira), no auditório da CBTU. O Plano tem como objetivo promover o uso e a ocupação da área, estimulando a permanência dos moradores e atraindo a população não residente através de ações integradas. Estas ações visam sustentar a identidade cultural, bem como revitalizar a economia local. Porém, não colocando em risco as características de bairro histórico.
Os estudos na área são realizados desde 2005 com o apoio do Ministério das Cidades. “A prefeitura já vem colocando em prática aquilo que o projeto já indicou e as formas de como fazer as intervenções. A intenção do projeto é fazer isso de maneira coordenada. E não fazer obras pontuais que acabam por não surtir o efeito esperado, que é a recuperação do bairro da Ribeira”, diz o coordenador Nacional do Programa de Reabilitação de Áreas Urbanas Centrais, Renato Balbim.
O Plano indica algumas obras prioritárias assim como elementos para investimentos futuros. A integração de ônibus, trens e barcos, assim como a urbanização da comunidade do Maruim são algumas das prioridades. Já existem, inclusive, recursos garantidos para melhorias na comunidade e possível relocação dos moradores do Maruim. Esse projeto está ligado ao de ampliação do Porto de Natal, que contará com auxílio do Governo Federal.
Renato Balbim afirma ainda que, inicialmente a Ribeira era um bairro de uso misto, ou seja, tanto de comércio quanto de residência. “A idéia é de retomar a habitação na Ribeira, mas com comércio e serviço, um bairro completo. Existem muitas áreas e imóveis vazios que podem servir para novos projetos”, conclui.
A secretaria de Planejamento contratou a consultoria de pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, através da Fundação Norte Rio-Grandense de Pesquisa e Cultura -FUNPEC para o desenvolvimento de uma proposta condizente com as diferentes expectativas da Prefeitura, do Governo do Estado, bem como dos moradores e comerciantes da Ribeira. “Hoje a gente já tem um plano e vamos discutir com o Ministério das Cidades por onde começar a trabalhar. Vamos tentar recursos federais através do Ministério para o plano de revitalização”, completa Virgínia Ferreira, secretária de Planejamento.
Cada secretaria irá executar as partes do projeto de sua responsabilidade. Isso quer dizer que se o projeto prevê alterações no cenário cultural, por exemplo, a Capitania das Artes tem obrigação de cumprir com o que está proposto no Plano. Se há necessidade de mudanças no trânsito e transporte na Ribeira, a Secretaria Municipal de Transporte e Trânsito Urbano (STTU) será a encarregada.
As obras serão realizadas de forma integrada. “Não podemos dizer hoje que a Ribeira pertence somente a Natal, pertence à região metropolitana. As intervenções na cidade não são só de responsabilidade da prefeitura de Natal, mas também do governo Federal e do Governo do Estado”, conclui Virgínia.
“A Ribeira é o berço da cidade, foi aqui que começou o desenvolvimento de Natal e com o tempo tornou-se um centro histórico. A Prefeitura ao longo da administração, colocou o discurso na prática. A Ribeira hoje tem um grande potencial de moradia e que ainda não foi devidamente explorado. Com o planejamento, estamos resgatando o bairro da Ribeira”, afirma o Prefeito Carlos Eduardo.
Mesmo com mudanças estéticas visíveis, alguns pontos do bairro aparentam abandono. O sapateiro Carlos Régis, 44 anos, “nasceu e cresceu” na Ribeira e não acredita na revitalização. “Nunca vai acontecer”, desabafa. Até reconhece as melhorias dos últimos meses mas assegura que não passa de uma obrigação da Prefeitura para com os natalenses.
