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Plano do pré-sal sai em dezembro

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PETROBRAS - José Formigli

Rio – A Petrobras lançará em dezembro um plano diretor para a área do pré-sal na Bacia de Santos, que definirá todo o sistema logístico e de escoamento do petróleo e gás produzidos na região. No caso do gás, disse o gerente executivo do pré-sal da companhia, José Formigli, a tendência é que a companhia combine o uso de gasodutos com a produção de gás natural liquefeito nas plataformas de produção, alternativa que garante maior flexibilidade no transporte do produto. Ele apresentou o cronograma de avaliação das oito descobertas da região, segundo negociações que estão sendo finalizadas com a Agência Nacional do Petróleo (ANP): Tupi, com reservas entre 5 bilhões e 8 bilhões de barris, tem de ser avaliado até dezembro de 2010; Carioca, até 2011; e Júpiter, no ano seguinte.

Já os projetos Guará e Caramba têm prazo até 2012. Os três únicos planos de avaliação ainda não aprovados pela agência, Bem-te-vi, Iara e Júpiter, devem ser concluídos em 2014. Na fase de avaliação, o concessionário ganha prazo para aprofundar os estudos sobre o potencial das reservas, com a perfuração de poços ou a produção em fase de testes. A estatal já encomendou quatro plataformas projetos-piloto nas descobertas. Duas serão colocadas em Tupi. As duas restantes dependem ainda de negociações com os sócios. Além disso, anunciou a encomenda de oito plataformas de produção, com capacidade para até 120 mil barris por dia cada. Os locais onde serão instaladas também não foram definidos, disse Formigli.

Segundo o executivo, todas estarão operando até 2017, ano considerado chave para os projetos do pré-sal em Santos. É nesse ano que a empresa pretende concluir a fase 1A de desenvolvimento das jazidas, quando terá uma capacidade instalada de 1,26 milhão de barris por dia. Formigli afirmou, porém, que a produção não estará neste nível, pois há declínio natural na produção. Para a fase 1B, além de 2017, a companhia ainda avalia novas tecnologias de produção e escoamento, que serão divulgadas no plano diretor. Formigli, no entanto, afirmou que o plano deve ser revisto anualmente, de acordo com os resultados obtidos pela avaliação dos projetos.

A primeira fase de produção, disse, será fundamental para conhecermos o comportamento dos reservatórios: qual a taxa de declínio da produção, quais os tipos de fluido que produzem, dentre outros fatores. Um grande desafio, segundo o executivo, são as altas taxas de gás carbônico (CO2) encontradas nos reservatórios. “Misturado à água, o CO2 vira ácido carbônico, que é altamente corrosivo”, explicou. Por isso, a companhia já estuda com os fabricantes de dutos o desenvolvimento de novos materiais mais resistentes à corrosão. O CO2 extraído junto ao óleo ganhará um “destino verde”, nas palavras de Formigli. “Uma das alternativas é reinjetar nos poços. Não queremos lançá-lo na atmosfera.”

Os primeiros dados sobre produção na região serão divulgados com o planejamento estratégico da companhia, previsto para as próximas semanas. A Petrobras montou um grupo para avaliar o pré-sal de forma global, desde a produção até o refino e comercialização do petróleo e gás produzidos. Parte do gás será escoada por gasoduto até a plataforma de Mexilhão, alçada ao posto de “hub” (centro) da produção de gás na porção norte de Santos e ao sul de Campos. Outra parte deve ser transformada em GNL ou combustíveis (tecnologia conhecida como “gas to liquids”) nas plataformas. Um primeiro gasoduto, ligando Tupi a Mexilhão, já foi projetado, com capacidade de 10 milhões de metros cúbicos por dia.

Nova estatal para o pré-sal será menor que a Petrobras

Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a nova estatal que o governo pretende criar para explorar óleo na camada pré-sal não terá o tamanho da Petrobras. Em entrevista ao  programa 3 a 1, da TV Brasil, ele avaliou que a empresa teria cerca de 60 funcionários, como na Noruega. “Quando falamos em empresa estatal, não queremos criar uma outra Petrobras”, ressaltou. “É um fundo, uma pequena empresa.” Embora tenha ponderado que ainda não decidiu sobre a criação da empresa, Lula disse que a nova estatal atuará na venda e na negociação do preço do petróleo. “É essa empresa que vende o petróleo, essa empresa que negocia o preço do petróleo. É isso o que nós poderemos fazer”, afirmou. “Não está certo ainda porque eu não recebi a proposta”, completou, referindo-se ao estudo que está sendo preparado por um grupo de ministros sobre a melhor forma de explorar o óleo em campos profundos.

Segundo fontes, no último encontro com os governadores do Rio, Sérgio Cabral, do Espírito Santos, Paulo Hartung, e de Sergipe, Marcelo Déda, na semana passada, o presidente disse que tinha desistido de criação de uma nova empresa estatal.

Entenda o que é a camada pré-sal

Jacson Damasceno – Repórter

No início deste mês, o presidente Lula iniciou a produção do primeiro óleo da camada pré-sal, no campo de Jubarte, no Espírito Santo. A gigantesca descoberta da Petrobras, em tempos de crise energética em todo o mundo, deu início a intermináveis discussões nos campos dos recursos energéticos, economia e política.

No Rio Grande do Norte, as trocas de idéias também já estão sendo fomentadas, mas seguramente grande parte da população ainda não sabe o que vem a ser a tão falada camada pré-sal, muito menos o que o petróleo e o gás depositados nela podem significar para o país. Uma reserva já encontrada, mas que cujas dimensões ainda não foram completamente definidas pelos especialistas.

Se estendendo do Espírito Santo até Santa Catarina, a camada pré-sal está a mais de 7 mil metros de profundidade, tendo cerca de 800km de extensão por 200km de largura. O reservatório está abaixo de uma camada de sal, que, por sua vez, se encontra abaixo do leito oceânico. Sua capacidade total ainda é estudada, mas crê-se que esteja entre 70 bilhões e 100 bilhões de barris de petróleo.

Só para se ter uma idéia, em 55 anos de existência a Petrobras explorou em todo o país algo em torno de 14 bilhões de petróleo. A exploração da pré-sal deve estar consolidada em nove anos. A expectativa é de que poderão ser retirados, por dia, cerca de dois milhões de barris. Atualmente a produção é de 1,8 milhão de barris/dia em todas as outras reservas do país.

Levando-se em conta o preço do barril, de US$ 110, fazendo as contas, chega-se a uma lucratividade de US$ 200 milhões, a cada dia, ou cerca de R$ 400 milhões, para arredondar. Tudo isso se o Brasil vendesse aos outros países o óleo bruto, antes de transformá-lo nas dezenas de outros produtos derivados.

Nesta rápida explanação, fica fácil perceber porque o petróleo do pré-sal pode elevar o Brasil à categoria de principais exportadores do mundo. Atualmente, o país sequer produz para seu próprio consumo, importando entre 200 mil e 300 mil barris por dia. Fica fácil entender também porque a recente descoberta da Petrobras está rendendo tantas discussões.

O petróleo retirado no Rio Grande do Norte vem da Bacia Potiguar, mais tardia que a formação da camada recém- descoberta entre os litorais do Espírito Santo e Santa Catarina.  Mesmo assim, com a quantidade de barris retirados da grande reserva, refinarias pequenas como a de Guamaré podem operar exclusivamente com a produção local.

Para o diretor da Companhia Potiguar de Gás (Potigás), Geraldo Pinto, o “Geraldão”, é hora de a discussão sair somente das rodas entre especialistas e vir para as das  classes de trabalhadores. “Estão acostumados a somente discutir a pobreza. Agora é hora de discutir a riqueza. Discutir o quanto a camada pré-sal é importante para o Brasil”, disse Geraldão, que também é gerente e geofísico da Petrobras.

O subsolo é patrimônio da União, e atualmente, a Petrobras atua na prospecção, isto é, na pesquisa sobre a existência dos poços, e após as descobertas leiloa o direito à perfuração a grandes empresas, algumas estrangeiras. Mas no caso do pré-sal, Geraldão defende que a exploração seja feita somente pela própria Petrobras.

“Tem que gritar que o petróleo é nosso de novo. É uma questão de segurança nacional. Defendemos que a reserva seja explorada pela Petrobras e que o financiamento seja público”, disse o diretor da Potigás. O Governo Federal já retirou a camada do pré-sal do leilão, e agora estuda como ela deverá ser explorada. Está sendo ventilada a possibilidade da criação de uma nova estatal, somente para a nova produção.

Uma grande reserva

A camada pré-sal é uma reserva de petróleo e gás natural localizada entre 7 mil e 8 mil metros de profundidade, em uma faixa de 800km de extensão por 200km de largura, que se estende entre os estados do Espírito Santo e Santa Catarina. Leva tal nome por ter sido formada abaixo de uma extensa camada de sal, localizando-se abaixo dela na estratificação. As estimativas sobre a capacidade da camada pré-sal ainda são imprecisas. Mas especialistas dizem que a produção deverá ser plena daqui a nove anos, e poderão ser retirados de lá 2 milhões de barris de óleo por dia. O que equivaleria a uma lucratividade de R$ 400 milhões a cada dia de produção, isso levando-se em conta o preço do óleo bruto sem beneficiamento.

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