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Playlist pra soltar o som

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Yuno Silva
Repórter

A folia está só começando, e até a Quarta-feira de Cinzas muita água (ardente) vai rolar no bico dos mais dispostos e de quem mais precisar de um aditivo para se soltar e entrar no clima. Claro que a assertiva acima não é regra, pois a animação está ao alcance de todos independente de ‘intermediários’, mas nada acontece durante o Carnaval sem uma trilha sonora ‘pra cima’. Como a festa é democrática vale tudo: frevo, axé, samba e marchinhas. Também não falta espaço para forró, pop, rock, funk, hip hop e MPB; sem falar que a cada temporada sempre surge um ou outro hit com prazo de validade determinado.

Para sair do lugar comum e turbinar o repertório carnavalesco, a reportagem do VIVER ouviu músicos, produtores e artistas foliões que aceitaram o desafio de listar clássicos certeiros que nem sempre estão na ‘agulha’.
Khrystal de Banda DuGiba em ensaio para o carnaval
O trombonista Gilberto Cabral, um dos coordenadores do Carnaval natalense e maestro da Banda DuGiba, garante que o hino “Vassourinhas” é obrigatório em qualquer desfile de bloco, troça e baile. “Não faltam músicas para tocar no Carnaval, tocamos vários estilos na Banda DuGiba, mas como sou do Recife e me criei nas ladeiras de Olinda, ‘Vassourinhas’ é um clássico que não pode deixar de ser tocado”. A melodia foi criada pelo maestro Matias da Rocha em 1909, e basta o toque do naipe de metais ‘pararararara pararararara’ para ninguém ficar parado.

Este ano a Banda DuGiba fechou parceria com a cantora Khrystal, que destacou a música “Lança Perfume” da roqueira Rita Lee e “Frevo Mulher”, composição de Zé Ramalho famosa na voz de Amelinha. “Essa música (‘Lança Perfume’) é massa, e não é óbvia. Claro que tem músicas óbvias maravilhosas, mas gosto de viajar no repertório de gente que não é cria do Carnaval e promove esse diálogo”, destacou.

Sobre a parceria inédita com a Banda DuGiba, Khrystal é só alegria: “Muito feliz por inaugurar essa parceria com um amigo (Gilberto Cabral) de longa data. A gente nunca tinha feito nada junto nessa intensidade, então está sendo um presente entrar 2015 com tudo!”. Ela contou que faz tempo que trabalha no Carnaval, e que um de seus sonhos é passar um ano “só curtindo”.

Já o baixista Sérgio Groove, que também integra a Banda DuGiba, sugere incrementar a folia ao som de ritmos caribenhos como salsa, merengue e chá chá chá. “Não toca muito por aqui, mas anima geral”, disse. 

Hinos dos Blocos de Elite
O produtor cultural Júlio César Pimenta, ligado ao Festival MPBeco, preferiu focar sua lista em autores potiguares. “Começo com os clássicos de Dosinho, ‘Doido Também Apanha’ na voz de Valéria Oliveira e ‘Vão me levando’ numa bela gravação do Quinteto Violado. A Banda Detroit tem vários hinos dos Blocos de Elite, entre eles ‘A lenda do sacarrolha’, ‘Mundiçando’, ‘Bakulejo’ e ‘Ressaca’”, lembrou Pimenta, que também incluiu a Banda Encontro Magnético, Terezinha de Jesus, Leão Neto, Carlos Zens, Rodolfo Amaral e Lane Cardoso. “Antônio de Pádua tem um frevo maravilhoso, ‘Frevo  Sivucado’; e Pedro Mendes vem de ‘Tiete da Lua’”.

O idealizador do Prêmio Hangar, Marcelo Veni, também destacou os potiguares. “Sinto falta daquelas músicas dos blocos dos anos 1980 como os Meninões, Saca Rolha, Ressaca, Puxa Saco, entre outros. Os frevos de Dosinho, que são mais tocados no Recife que aqui, vale muito conferir”. Veni ainda pinçou músicas de Carlos Santa Rosa, Mirabô, Chico Bethovem, Babal  e Sérvulo Godeiro. “Destes artistas, no geral, se ouve apenas uma ou duas músicas, mas todos têm um bom leque de composições que botam qualquer baile pra ferver”.

Em escala nacional, Marcelo vê Lamartine Babo como um dos expoentes da música brasileira. “Lamartine merecia um baile inteiro só com músicas dele, tipo a clássica ‘O teu cabelo não nega’ e outras menos famosas como ‘Tamanho não é documento’, ‘Moleque indigesto’, ‘Linda morena’ e ‘Grau Dez’, esta em parceria com Ary Barroso”.

De Los Hermanos a Chico Buarque
A cantora Andiara Freitas, escalada para animar o pólo Ponta Negra na segunda (16) entre outras performances em festas particulares, elencou o “Frevo de Orfeu”, de Tom Jobim; e “Retalhos de Cetim”, de Benito de Paula. Enquanto o roqueiro Anderson Foca, do combo DoSol, acrescenta na lista “A Cidade” de Chico Science e as marchinhas entoadas pela banda Los Hermanos no disco “Bloco do eu sozinho”: estão lá “Todo Carnaval tem seu fim” e “Retrato pra Iaiá”. O clima é meio de Quarta-feira de Cinzas”, avisa Foca.

O regueiro Allan, do Rastafeeling, sugere “um bloco light” com músicas que ouve em casa durante o Carnaval: estão na fita “País Tropical”, de Jorge Ben Jor; “Sonho de um Carnaval”, de Chico Buarque; e “Cadê meu Carnaval”, de Geraldo Azevedo. “Essas músicas marcaram meus melhores carnavais”. Enquanto isso no “bloco do agito” Allan ouve “Madascar Olodum” (Reflexus) e “E lá vou eu” (Banda Mel).

Para fechar, o produtor daniel Campos listou o disco “Muitos Carnavais”, de Caetano Veloso, que vem com clássicos do quilate de “Chuva, suor e cerveja”, “A filha da Chiquita Bacana”, “Atrás do Trio Elétrico” e “Frevo novo”. “Tem músicas que raramente (ou nunca) tocam no Carnaval, como ‘Piaba’ e a própria ‘Muitos Carnavais’, que, com um arranjo atualizado, seria com certeza parte do repertório do Carnaval de rua. No repertório de Campos ainda constam Alceu Valença, Chico Buarque, Elba Ramalho, Jackson do Pandeiro, Gilberto Gil,  Timbalada e Cartola.

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