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Política de marketing turístico no RN é pouco eficaz

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TURISMO - Turistas estrangeiros estão cada vez menos presentes nas praias do RN

Praia e sol são os principais atrativos do Rio Grande do Norte para atrair turistas, estrangeiros e brasileiros. Mas nada disso é atrativo se não houver uma estratégia de marketing capaz de convencer a vinda de visitantes para Natal e interior, uma tarefa a cargo da iniciativa privada e do poder público, que para dar resultado tem de ter infra-estrutura por trás disso tudo.

E no caso do governo estadual, a política do marketing turístico é de fazer campanha pontual, como confirmou o subsecretário estadual do Turismo, Armando José e Silva, em relação a campanha a ser realizada em agosto e setembro na Europa, mais especificamente na Itália e Portugal.

Consultor de Turismo para as iniciativas privadas e públicas, o baiano Paulo Gaudenzi afirma, com relação ao marketing turístico, que “diante de um quadro de alta competitividade como o do turismo hoje é muito difícil um produto turístico sobreviver sem um política de marketing bem definida e ágil”.

Gaudenzi disse à TRIBUNA DO NORTE que “essa politica não pode considerar aspectos pontuais, mas sim uma visão estratégica e que contemple aspectos e cenários de curto, médio e longo prazos”.

Armando José e Silva explica que “nesse momento” não existe nenhuma campanha publicitária em andamento para “vender” o Rio Grande do Norte lá fora, mas ele informou, ainda, que para o segundo semestre será feita outra campanha em São Paulo, tudo para atrair turistas para a chamada alta estação, que deve render frutos já em novembro deste ano.

Segundo Silva, a campanha publicitária a se realizar na Itália e em Portugal, vai ter como parceira a Embratur, nos moldes daquilo que se denomina “envelopamento”, ou seja, revestir com adesivos ônibus e trens que cortam os dois países, além de espalhar outdoors em estações de metrôs com temas sobre o Rio Grande do Norte.

Silva afirma que a Secretaria Estadual de Turismo (Setur) já realizou diversas campanhas regionais, e ultimamente vem participando de feiras nacionais e internacionais acompanhando o calendário de eventos, previamente aprovado pelo Conselho Estadual de Turismo (Conetur), principalmente nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil.

Também existem participações em eventos na América do Sul, principalmente na Argentina e Chile e em diversos países europeus, entre os quais Alemanha, Espanha, França, Inglaterra, Itália, Holanda, Portugal e Suécia.

Com relação a gastos com publicidade, a Setur informa que no ano passado gastou R$ 927,3 mil em campanhas na TV Globo, em São Paulo, Ribeirão Preto e Campinas (SP), SBT, em São Paulo e ainda nos canais fechados de TV Globo News, GNT e Sport TV, além de 700 inserções na mídia Cinema e no jornal “O Globo”, afora banners em sites na internet e publicidade impressas nas revistas “Veja”, “Viagem e Turismo” e “Guia 4 Rodas do RN” e em Portugal.

Sites têm espaço para melhoras

O governo estadual e a prefeitura de Natal mantêm sites na internet. No caso da Secretaria Estadual de Turismo (Setur) pode ser visto em três idiomas – português, inglês e espanhol -, trazendo informações sobre atrações como artesanato, belezas naturais, carnaval, culinária, ecoturismo, esportes de aventura, festas junina, folclore, turismo pedagógico e personalidade, no caso o escritor Câmara Cascudo.

Além disso, o site www.setur.rn.gov.br traz informações sobre 58 municípios e outros destinos turísticos, como as principais praias potiguares e ainda dicas de roteiros de aventura, ecoturismo, religioso e pedagógico.

Afora isso, o site traz informações, algumas já defasadas, sobre o aspecto administrativo e o Programa de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur).

Já o site da Secretaria Municipal de Turismo (Sectur) é acessado através de um link na pagina da internet da prefeitura www.natal.rn.gov.br .

No link da própria Sectur, tem um outro para o Portal do Turismo, onde existe uma apresentação sobre Natal e outros links sobre informações turísticas, como localização da praias, restaurantes, museus, monumentos históricos e outras atrações para os turistas.

O Portal também traz informações sobre o folclore e agenda anual de eventos, inclusive artísticos e religiosos e fotos da capital potiguar.

Secretaria de Natal não tem dados, mas fala de ações

A Secretaria de Turismo de Natal não divulgou os valores investidos em divulgação turística nos últimos anos, tampouco detalhou o planejamento para este ano. Contudo, o secretário Fernando Bezerril contou que aproveitou o 3º Salão de Turismo, realizado na semana passada no Anhembi, em São Paulo, para divulgar a programação do “Natal em Natal”, promoção que se realizará na capital potiguar no mês de dezembro.

Uma nova folheteria foi distribuída no evento, mostrando não só o aspecto artístico como os principais atrativos turísticos e culturais da capital potiguar. Gorros de Papai Noel também foram distribuídos no evento.

Outro ponto alto da participação da Secretaria de Turismo de Natal no Salão foi a entrega do prêmio “Caras – Sete Maravilhas do Brasil” ao Forte dos Reis Magos, entregue pelo diretor financeiro da revista, Félix Liguori, ao secretário Fernando Bezerril, primeiro a receber a notícia da premiação, há dois meses, através de comunicado da diretora de Marketing de Caras, Valença Sotero.

Bezerril lembrou a importância do prêmio para Natal, já que a revista Caras é um veículo de comunicação de ampla credibilidade nacional. “O Forte dos Reis Magos merecia estar nesta lista. Os leitores da revista foram muito sensíveis ao votar no nosso principal monumento histórico”, observou ele.

Quanto ao fato de Natal ter sido um dos destinos mais procurados nos pacotes comercializados durante o Salão, Bezerril disse que esperava essa tendência, já que a cidade é uma das preferidas do público paulista. “A baixa estação é passado. Agora vamos colher os bons resultados de julho. As companhias aéreas já informaram que os vôos estão lotados e a hotelaria de Natal certamente terá boas taxas de ocupação em julho e ao longo do segundo semestre.”

Recursos ainda são poucos, diz ABIH

O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) do RN, Enrico Fermi reconhece que o governo estadual tem destinado verba para a divulgação turística do RN pelo país e no exterior, mas afirma que o dinheiro disponibilizado “ainda é muito pouco” em comparação aos recursos dos governos de outros estados, como Bahia, Ceará e Pernambuco.

Ele lamenta, por exemplo, que em São Paulo, como o maior pólo emissor de turistas para a região Nordeste, não exista nenhum outdoor promovendo o RN. Segundo ele, até um acordo que existia entre a iniciativa privada, o governo estadual e a prefeitura de Natal deixou de ser praticado, que era a partilha dos gastos da verba publicitária. “As empresas entravam com 20%, a prefeitura com 30% e o governo do Estado com 50%”, relembrou.

Fermi diz que esse acordo existiu na época em que eram secretários estadual e municipal de Turismo, Ivanaldo Bezerra e Murilo Felinto”, que faziam parte de governos que não tinham aliança política nenhuma. Hoje, reforça ele, Natal e o Estado são administrados por um mesmo partido, mas esse tipo de parceria não vem sendo provocada.

Para Fermi, como não existem recursos suficientes, fica difícil investir em marketing na mídia eletrônica, que é mais forte para atingir o grande universo de turistas em potencial, que atualmente, explica ele, são as classes “C” e “D” em decorrência do aumento do poder aquisitivo das pessoas. “Espaço de televisão em São Paulo é muito caro”, reconheceu.

Bate-papo com Paulo Galdenzi – consultor

Por 12 anos secretário estadual de Cultura e Turismo da Bahia e por 18 anos presidente da Bahiatursa, Paulo Gaudenzi, 63 anos, vem atuando como consultor de Turismo para empresas e governos desde 2007 e já foi cotado para ser o secretário estadual de Turismo do RN. Nesta entrevista, ele faz uma análise sobre a importância do marketing para a chamada indústria “sem chaminé”.

Até que ponto o marketing é importante para atrair turistas?

Diante de um quadro de alta competitividade como o do turismo hoje é muito difícil um produto turístico sobreviver sem um politica de marketing bem definida e ágil. Essa politica não pode considerar aspectos pontuais, mas sim uma visão estratégica e que contemple aspectos e cenários de curto, médio e longo prazos.

O senhor acha que o marketing é suficiente para atrair e manter o fluxo turístico?

O marketing é muito importante, mas só pode ser aplicado se houver um bom produto, com bom preço, (compatível com o mercado que vai ser trabalhado), e com bons e eficientes canais de distribuição desse produto.

Quais pré-requisitos são necessários para se manter ou fazer uma campanha de marketing?

Em primeiro lugar deve existir as condições previstas na resposta anterior. As campanhas devem ter sustentação através de várias ações complementares como abastecimento dos pontos de vendas,acompanhamento da comercialização dos operadores, constante atualização do site de informações, etc. A quantidade de recursos é proporcional ao que se quer alcançar. As campanhas não pode nem devem ser feitas ,uma hoje outra no ano seguinte. Devem ser pensadas para ter continuidade. É muito importante a participação do setor privado pois eles devem também se sentir responsáveis por esse produto a ser vendido e não só o governo. Ainda mas porque os governos só podem vender imagem, sonho, fantasia… Enquanto a iniciativa privada vem junto para vender o produto com preços, etc. Além de influir na relação com os parceiros vendedores dos mercados emissivos. O poder público é parceiro da iniciativa privada. Cabe também ao poder público o papel de incentivador dessa atividade, é responsável por um grande papel que é a construção da infra-estrutura, básica para o avanço dos futuros empreendimentos privados e melhoria dos já existentes.

Como o senhor avalia o marketing turístico no Nordeste e no Brasil?

O Nordeste é o grande produto de sol e mar do Brasil, e que pode associar a cultura local como diferencial desse produto turístico. A região é a mais próxima dos Estados Unidos e da Europa e está a seis e sete horas da Argentina. Assim o Brasil precisa investir sempre mais e de forma crescente no Nordeste.

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