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Polycarpo Feitosa

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Woden Madruga 
Manoel Onofre Jr. está com novo livro pronto esperando apenas que passe essa tal da Covid – 19 para fazer o lançamento, todas as tribos ansiosas pela noite de autógrafos. Título: “Antonio de Souza (Polycarpo Feitosa): uma biografia”. Por conta da nímia gentileza do autor o livro me chegou às mãos e foi das minhas boas leituras da semana dividindo o tempo do confinamento com a releitura dos livros da estante aposentada. Manoel Onofre me fez voltar ao livro novo, a leitura nova. Gostosa leitura nova. 
O biografado é um dos maiores nomes das letras potiguares: escritor, poeta, jornalista e que sempre usou o pseudônimo de Polycarpo Feitosa em seus romances, contos e artigos para jornais. Alguns de seus livros, como o romance ‘Gizinha’, foram elogiados pela crítica nacional. Nomes como João Ribeiro, Medeiros e Albuquerque, Agripino Grieco e Magalhães Jr. estão nesse time. Manoel Onofre transcreve trechos de algumas dessas críticas, como a de João Ribeiro, publicada no Jornal do Brasil, de 16 de setembro de 1930, ano do lançamento de “Gizinha”:
“Acreditamos ser Gizinha um dos melhores romances deste momento e certamente não passará despercebido em nosso mundo literário, tão vazio de obras de valar e tão cheio de pomposos papeis inúteis”.
Antonio José de Melo e Souza, nascido em Papari (Nísia Floresta) em 24 de dezembro de 1867 e falecido no Recife em 05 de julho de 1955, além de escritor e jornalista, também foi político. Governador do Rio Grande do Norte em dois mandatos, e interventor do Estado (nos anos de 1930) várias vezes.  Deputado estadual, federal e senador (dois mandatos). O político Antonio de Souza aparece muito bem na biografia pesquisada e escrita por Manoel Onofre, que juntou parte da correspondência entre o então governador e o seu auxiliar João Vicente da Costa (futuro desembargador e professor de Direito), avô materno de Manoel Onofre. Transcrevo um desses bilhetes/cartões que o governador enviou para o seu auxiliar e amigo:
“14 Junho 920
Amº. João Vicente – Bom dia.
Represente-me hoje, às 4 da tarde, no juramento dos novos escoteiros, em frente ao Palácio. Estou com uma tosse dos diabos, e só sairei amanhã para Serra Caiada, onde passarei uma semana. Se houver algum extraordinário, telegrafe para Macaíba. Dê notícia de que vou para o interior levar a família, mas sem falar em fazenda.
Do afº. Souza”
Antonio de Souza também era fazendeiro. Tinha uma propriedade chamada Invernada, localizada em Serra Caiada, um dos cenários do  romance Gizinha. Foi de lá que veio esse seu novo bilhete para João Vicente:
“De Invernada, 24 Maio 921
Caro João Vicente
Estou preso pela chuva. Se puder irei amanhã ou depois. Recebi “A República”. Junto uns telegramas de cadeiras.
Abraços do afº – SOUZA”
No livro, Manoel Onofre ressalta:
– Antonio de Souza era, verdadeiramente, um tipo fora de série. Caráter semelhante ao de antigos patriarcas sertanejos. Paradigma de honradez e dignidade. Mas, não era sertanejo. Nascido e criado perto do mar, ele amava o sertão, possuía uma fazenda no interior do Estado, onde costumava invernar”. 
Cita em seguida trecho de um artigo de Edgar Barbosa, publicado em “O Poti” de 10 de julho de 1955: “Uma constante em toda a sua obra é a paixão pela vida sertaneja, isso em um homem destinado pela obstinação celibatário e pela sua cultura em viver nas cidades”.
O solteirão
Antonio de Souza não casou e nem teve filhos. Solteirão convicto, como o próprio Manoel Onofre conta:
“Solteirão empedernido, era por convicção um solitário. Se amou, não deixou pistas. Personagem machadiana, esse Dr. Souza. Dom Casmurro sem Capitu… Circunspecto, formal, cortês, cerimonioso, dotado de grande espírito crítico, parecia ter escrúpulos de pertencer ao gênero humano. Paradoxalmente, pela irrepreensível conduta moral, pelas atitudes politicamente corretas, era um solidário, possuidor de apurado senso de cidadania”.
 Onofre transcreve trechos do perfil de Antonio de Souza, traçado por Câmara Cascudo em seu livro “O Tempo e Eu”:
– Morava na “Quinta dos Cajuais”, praça Pedro Velho, sobrado escondido pelo arvoredo, com ampla biblioteca e revistas estrangeiras. Fazia-lhe companhia a velha progenitora e três irmãs, Nana, Maroquinha e Belinha. Todas ficaram solteiras, como o irmão, que elas chamavam Nenem”.
– Alto, pálido, carnadura sólida, os cristais dos olhos aguçando o olhar penetrante de míope, quase surdo, arredio, alheiado a qualquer vínculo social, amando a solidão, as leituras intermináveis, desconfiado do desinteresse humano, inimigo de cerimônias oficiais, de convivência numerosa, com maneiras polidas e glaciais, foi um homem sem confidências, sem intimidades, sem contar uma anedota escabrosa, soltar um palavrão, aparecer desbotoado ou de pijamas. Irônico, era, como afirmava Aníbal Fernandes do governador Barbosa Lima Sobrinho, de Pernambuco, frio, cético, distante”. 
– Não bebia, não jogava, não fumava. Ninguém conhecia amantes do velho Souza. Como deduzira Oliveira Lima do imperador D. Pedro II, nessa atividade, se não fora casto, fora cauto”. 
Crise na saúde
Caiu na minha bacia das almas esta mensagem enviada por Mário Sérgio Bulhões de Sá Leitão, peagadê em música popular brasileira e olheiro do circo político:
“Existe uma crise de saúde mundial. É certo. Entretanto a vida é um eterno confronto entre o real e o ideal. Então, cada um tem uma situação diferente do outro. Uns vão tirar proveito deste momento, muitos terão problemas sérios para resolverem, de maneira que os problemas se apresentam de modos diferentes para todos. Uma coisa é certa: a população mundial sairá desta crise com um importante aprendizado. O de praticar mais a solidariedade, com um olhar diferente para o próximo e, queira Deus, mais politizado”.
“Pontes Miranda, o grande jurista, deixou para todos nós um ensinamento definitivo. Ele escreveu que a maior tarefa do homem na terra é diminuir a diferença entre eles. Já o deputado Djalma Marinho, potiguar, dos grandes nomes do nosso Parlamento, em discurso na Câmara dos Deputados, disse: “O mundo vive sob o império da democracia, porém a população, que é o eixo do mundo, vive politicamente infeliz”.
“É neste sentido que vejo o atual momento. Fé em Deus e se cuidar ao máximo. ”
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