Dois trechos da avenida Felizardo Moura, nas Quintas, foram prejudicados devidos a problemas causados pelas chuvas. Na altura do bairro Nordeste, uma imensa árvore da espécie timbaúba, localizada na praça João da Mata, caiu por volta das 14h30. O corpo de bombeiros foi chamado logo após o incidente e permaneceu no local até o início da noite, cortando tronco e galhos para desobstruir a via.
No sentido Quintas-Igapó, a Felizardo Moura sofreu outro estrago: uma parte do meio-fio se rompeu e a cabeceira da estrada abriu uma vala que canalizou a água até a residência de um casal que mora abaixo da avenida. Eles estavam trabalhando no momento da inundação. O vendedor Amauri Alves da Silva, 38, mora no local desde criança e sua família nunca teve prejuízos devidos às chuvas. “Tenho medo de que o pessoal não conserte logo e a chuva continue invadindo nossa casa”, comenta. A mulher, desconsolada, só pensa em se mudar. “Mas não temos par onde ir”, reclama a diarista Francisca de Sousa, 52 anos. Muitas casas da comunidade Beira-Rio ficaram sem abastecimento de água, porque a tubulação se rompeu no meio-fio.
Esses dois problemas nas vias de acesso e saída da zona Norte, pela ponte de Igapó, causaram imensos transtornos ao trânsito. Guardas da STTU e CPRE estavam nos locais para disciplinar o tráfego de veículos.
Alagamentos
Nas comunidades localizadas entre as pontes de Igapó e Forte Redinha, os problemas causados pelas chuvas são imensos. Famílias estão desesperadas com a possibilidade das chuvas causarem mais estragos às residências. No loteamento José Sarney (bairro Lagoa Azul), o bombeamento das águas da lagoa de captação está com problemas. Das seis bombas, apenas duas funcionam.
A água está invadindo casas e alagou a horta do agricultor Erinaldo Fernandes Jales, 48, que perdeu sua fonte de renda. “Vou viver de quê?”, indaga. Da horta, dependem quatro adultos e uma criança (ele, sua mulher, o filho, a nora e um neto). No mesmo terreno vive outro filho, que é funcionário de uma empresa e seguramente o rapaz irá segurar “as pontas” enquanto a horta não é refeita
Vizinha da horta, a frentista Maria de Fátima Pereira de Sousa, 33, estava fazendo a mudança quando a reportagem da TN esteve no local. “Estou tirando os troços para ir para a casa da sogra”.
Temporal danifica rodovia e derruba poste sobre casas
As fortes chuvas abriram uma cratera no trecho da ‘Curva da Morte, na BR-226, no bairro de Felipe Camarão, zona Oeste de Natal. O estrago chamou a atenção de vários curiosos, que não se intimidaram com o risco de um novo desabamento. Moradores do bairro disseram que a pista começou a ceder por volta das 6h de ontem. Era possível ver a tubulação que passa sob a pista e cuja vazão era grande em decorrência das fortes chuvas.
“Já existia um buraco aí, mas com essas chuvas abriu de vez por volta das 10h30 da manhã”, disse o Wallace do Santos que presenciou o momento que parte da pista caiu. Para evitar maiores problemas, os próprios moradores improvisaram uma sinalização com palhas de coqueiros e pneus de carro. Patrulheiros da Polícia Rodoviária Federal só chegaram ao local por volta das 11h para fazer o isolamento do trecho e orientar os motoristas.
De acordo com os policiais da PRF, vários pontos da BR-226 estavam prejudicados. Um ônibus que fazia a linha de Macaíba atolou na lama que descia das casas mais altas. Passageiros e moradores tentaram sem sucesso retirar o veículo do lamaçal. Até um caminhão do Exército tentou, sem sucesso.
Ainda em Felipe Camarão, uma parte da rua Mar e Céu também cedeu. Os pedaços do asfalto caíram na Travessa Ramos Marcílio. Nessa mesma travessa, caíram dois postes em cima de duas casas. Uma delas foi a do policial militar Ivanildo Marreiro. “Esse estrago todo foi a chuva de hoje. Quando vi o poste já tinha caído em cima da minha casa. Liguei para Coser para que a energia daqui fosse cortada, mas não desligaram. Estou vendo a hora acontecer coisa pior”, disse o policial.
Isso porque várias crianças passavam sem o menor cuidado perto dos fios de alta tensão. Até mesmo os adultos transitavam pelo local correndo o risco de serem eletrocultados. A força da água foi tão forte que chegou a levar calçadas inteiras.