Para o ambientalista e professor doutor em geografia, Elias Nunes, que trabalha com problemas ambientais de áreas urbanas e rurais, a questão do trânsito também influencia na qualidade de vida do cidadão, assim como moradia, saneamento, segurança e outras variáveis físicas e ambientais.
Segundo o professor, a facilidade de aquisição de veículos por parte da classe média é um fator positivo do ponto de vista econômico-social, pois há cerca de 20 anos, a compra de um carro era uma missão quase impossível por causa do preço e mesmo para quem tinha disponibilidade para pagar à vista, o produto era escasso no mercado. Contudo, o benefício de uns acaba causando o transtorno de outros. “a grande quantidade de veículos na rua atrapalha o fluxo do transporte de massa prejudicando o deslocamento de quem não tem um veículo próprio. A emissão de gases e a poluição sonora produzidos por esses veículos acabam agredindo o meio ambiente e piorando a qualidade de vida”.
Elias Nunes observou que em dez anos, ou seja, dois governos e meio, a frota de veículos da capital praticamente duplicou e durante esse período nada foi feito para comportar o volume de veículos que circulam hoje pela cidade.
“Não temos corredores exclusivos para ônibus, um atraso de pelo menos 15 anos, faltam estacionamentos públicos, as principais vias não têm mais para onde expandir. Não existe um transporte coletivo de qualidade que seja fluente e confortável para convencer a classe média a deixar os veículos em casa. Ou seja, a infra-estrutura existente não evitará que o trânsito local fique tão caótico quanto o que vemos nas grandes cidades. Em alguns locais da cidade é possível presenciar esse caos como no trecho onde se cruzam as avenidas Coronel Estevam e Presidente Bandeira. Os deslocamentos estão cada vez mais difíceis”.
Transporte coletivo é estimulado
Tendo como proposta, o combate à poluição, o estímulo ao uso do transporte coletivo e a adoção de alternativas sustentáveis como o transporte a pé e de bicicletas, a STTU promoverá no dia 22 de setembro o projeto “Na Cidade Sem Meu Carro”. O exemplo partirá dos próprios funcionários públicos, incluindo os de alto escalão, que se deslocarão para o local de trabalho utilizando alternativas sustentáveis.
O projeto faz parte da Jornada Internacional Na Cidade Sem Meu Carro, iniciada na França em 1998, que contou com a participação de 186 cidades e a adesão de outros países da Europa, em 2000, quando foi realizado o “Dia Europeu Sem Carro”. O Brasil aderiu à jornada em 2001. O ano de 2006 consolidará o Brasil como um país integrado à rede internacional da mobilidade sustentável.
Para tanto, a sociedade civil, governos federal, estaduais e municipais, além de OnGs, preparam-se para divulgar ações importantes de fortalecimento de políticas públicas que atendam as necessidades de deslocamento da população e viabilizem um novo modelo de desenvolvimento sustentável.
Segundo a STTU, obras de adequação e melhorias quanto à acessibilidade dos pedestres e viabilização do transporte de massa estão sendo feitas. São estações de transferência, ciclovias e eliminação de obstáculos das calçadas.
