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Por ele e por mim

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Rubens Lemos Filho 
Lembro mesmo é de Moacir Oliveira, o diagramador, rabugento, batendo a régua nas páginas e desenhando-as para enviar à revisão, composição e impressão. Não sabia nada disso. Estava ali de intrometido. 
Aos meus seis anos de idade, a Tribuna do Norte que frequentava se reunia em  redação pequena e espartana. Woden Madruga editava  e o comando geral silencioso e infalível ficava com José Gobat Alves. 
Para entrarmos, passávamos por um pequeno corredor onde, no estúdio lateral, as estrelas da cidade se esgoelavam em notícias policiais ou impunham tom aveludado ao soltar músicas pedidas por fãs que conheciam a voz  e se apaixonavam. Papai comentava o futebol em plena catarse. 
Muitas se decepcionaram. Wellington Carvalho, que Deus o tenha, era de uma entonação de galã de filme do espanhol Almodóvar. Só o gogó. Wellington, que simboliza aquele tempo da metade dos anos 1970, parecia uma pantera, seu apelido e sabia tudo.  Mas ele era do time da Rádio Cabugi. Irmã siamesa da Tribuna do Norte. 
Na redação do jornal , meu pai, que viera dilacerado de um período de gentilezas nos porões da repressão, acumulava duplo trabalho graças à coragem de Aluízio e Agnelo, também proscritos pelo regime que alguns malucos insistem que volte. 
A coluna diária de Rubens Lemos, pai, chamava-se Diálogo, uma crítica e um pedido, subliminares, dentro de um período ainda trevosos. Seu compadre, Agnelo, lhe pedia para moderar na irreverência mesmo sabendo da mínima capacidade intelectual de interpretação dos censores truculentos. Eu olhava e não entendia nada, escondido debaixo da mesa por entre as pernas de papai. Talvez o inconsciente das prisões arbitrárias me tenha contaminado. 
Na coluna Diálogo, em fevereiro de 1974, desabafava com sutileza, por não conseguir um lugar para abrigar a família. Ninguém queria assunto com um renegado. 
Abriu assim sua coluna: “Jornalista, 16 anos de profissão, aprendiz de poeta, alguns tropeços na vida, mas sempre querendo bem, precisa de uma casa para alugar e morar. Não quer luxo(não tem status para isso), pretende apenas viver.”Conseguiu uma pequena residência na Rua Juvenal Lamartine, nome de estádio, pertinho da AABB no Tirol. A Tribuna do Norte operava outro milagre. 
Saiu em 1978, voltou em 1989 para editar o Segundo Caderno, pelo  qual ganhou 1olugar no concurso de reportagem promovido pela Apern, um banco local. Um Jornalista Potiguar no Exílio era o título da série publicada aos domingos. Sem as páginas da Tribuna do Norte, ninguém saberia de nada. 
Quando subi os degraus da Tribuna do Norte, para um teste supervisionado por dois craques, Woden Madruga e Antônio Melo. Prova passada sem direito à cola. Na noite de 6 de abril de 1988, redação lotada pelo crème de là creme jornalístico local, saí com o repórter Emerson Amaral, sem deixar de perceber olhares irônicos ao rapaz magérrimo segurando uma caneta e um caderno borrado. 
Minha primeira missão: cobrir a Taça Brasil de Futebol de Salão. No Palácio dos Esportes, América 6×1 CRB de Alagoas, show do ala Sílvio Maia. Fui ficando. Fiz Esportes, fiz matéria sobre buraco e fossa estourada em Cidades, invadi a energia macabra de um necrotério na Seção de Polícia, terminei em Política e, por algum tempo, redigindo primeira página com editores do naipe de Paulo Tarcísio Cavalcanti, Edilson Braga e Nelson Patriota. 
Fui ser assessor de imprensa. A vida me deu umas senhoras bordoadas. Nocaute. Ao voltar à Tribuna do Norte, refiz o percurso portaria-redação. É labirinto. Não, não é. É  trincheira onde se juntam os resistentes, os corajosos inspirados pela força de Aluízio Alves, redator sem comparação. 
Estar aqui é renovar a vida a cada coluna. É recordar meu pai, que fará 80 anos em junho. E celebra, onde estiver, a passagem dele e a presença minha numa fortaleza em que a competência é parceira da bravura. Viva os 71 anos da Tribuna do Norte. Que venham os 142. Por ele e por mim. 
Wallyson 
Todas as opiniões são respeitáveis, mas o ABC lidera geral a Copa Nordeste por conta de um profissional: Wallyson. Ele joga e dá segurança aos demais. 
Melhorou 
O ABC melhorou muito contra o Treze em relação ao jogo diante do Rio Branco de Venda Nova. Exatamente por relaxar a fechadura que é marca do seu treinador. 
Calma 
O técnico Sílvio Criciúma parece desacostumado a quem tem opinião própria, desagrade ou não a ele. Aqui, por exemplo, é liberdade. 
 Jorge Henrique  
Bom para o América o atacante Jorge Henrique não ter vindo. Último gol dele foi em 2018 no Figueirense. 
Dívida 
O Vasco deve 1 milhão de reais a Jorge Henrique. Futebol ficou caro e fácil. Caro pelo que é pago a quem produz mal e fácil porque basta ser meia-boca para conseguir entrar em time. 
Exemplo 
Está tão fácil que Vítor Júnior, aquele meia que enganou em Natal pelo ABC, acertou com a Jataiense(GO). Rebolado muito, bola pouca. 
Os artigos publicados com assinatura não traduzem, necessariamente, a opinião da TRIBUNA DO NORTE, sendo de responsabilidade total do autor.

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