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Por menos amenidades e mais humanidade

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Leo Souza 
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Estamos diante do maior conflito de narrativas de nossa história recente e, quanto mais nos aprofundamos nos assuntos propostos, mais vulneráveis ficamos na superficialidade dos temas. E nesse vai e vem de contos e descontos, nossa massa social não consegue ter clareza do que talvez merecesse a nossa atenção interrupta: o padecimento dos mais vulneráveis em um ambiente cada vez mais óstio para sobreviver.
O leitor ou a leitora deste artigo é capaz de se afetar com a realidade que coloca famílias potiguares passando fome neste instante? É capaz de se indignar que ninguém, até o momento, se propõe a pensar como resolver de uma vez por todas a questão de moradias sem o mínimo de dignidade no interior do estado? Que o acesso à saúde da camada mais vulnerável dos nossos conterrâneos ficou impossível com os problemas atuais e a realidade econômica excludente?
Quem nunca passou fome ou outra real necessidade, pode até se tornar incapaz de perceber há pessoas que podem morrer e para elas pouco importa quem vai vencer os argumentos do lado A ou B, a ausência de algo para a subsistência é muito mais urgente. E enquanto houver famílias subsistindo, há também uma realidade a ser mudada. A negação dessa face cruel presente nos canteiros de Natal ou nas aéreas periféricas do nosso interior pode se revelar em discussões sobre composição política ou apoio de grandes lideranças, que de nada adianta ao candidato que seja, se esse não estiver disposto a discutir uma solução para o que realmente é problema no Rio Grande do Norte.
Até quando falaremos de custeio da máquina pública e folha salarial, enquanto temos o poço sem fundo do desemprego cada vez mais retirando o horizonte da vista de milhares de potiguares? 
Fica claro que os personagens políticos fogem das soluções e se apegam às narrações que agradam os espectros a que pertencem. Mas é por isso que Carolina Maria de Jesus escreveu em seu Diário de uma favelada, que a fome ensina muito, que a fome também é professora. Porque só quem compartilha de dor semelhante é provocado a aprender a pensar e respeitar a necessidade do outro.
E caro leitor, não se engane, enquanto se disputa qual narrativa política prevalecerá, mais pobre ficamos do debate realmente necessário sobre o serviço público. Mais carentes ficamos de legado e investimentos. Ausência total de humanidade de quem já elegeu  a omissão da realidade.
Os artigos publicados com assinatura não traduzem, necessariamente, a opinião da TRIBUNA DO NORTE, sendo de responsabilidade total do autor.
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