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“Por Nossa Nova Universidade”

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Sâmela Gomes
Presidente da Universidade Potiguar e da Faculdade Internacional da Paraíba

Outro dia, em um bate-papo com colegas e amigos executivos de várias empresas espalhadas no Brasil, deparei-me com certa “desilusão” de muitos com os jovens estagiários e trainees em suas empresas, mesmo com o árduo processo de seleção pelo qual haviam passado. As reclamações que mais se repetiam diziam respeito à falta de habilidade de trabalhar em grupo, de uma certa autoimagem supervalorizada, acompanhada de uma crença que se sabe mais que aqueles que já estão na empresa há mais tempo e intolerantes à frustração.

Este parece sempre ser um cenário drástico, visto que esta é uma geração que aprendeu a estar constantemente conectada, tem mais acesso à informação e índice maior de escolarização que a geração anterior. Contudo, quando analisamos melhor, entendemos que existem algumas características que podem estar contribuindo para que uma parcela de nossos jovens esteja com mais dificuldade em desenvolver o que chamamos de soft skills, ou habilidades não técnicas.

Os conceitos de “adolescência” e “jovem adulto” se modificaram ao longo das últimas décadas, dando características diferentes aos que nasceram na década de 90, (geração Y ou geração milennial), em relação àqueles nascidos em décadas anteriores. As características mais marcantes dessa geração são: ser multitarefas, possuir raciocínio rápido para desenvolver conclusões com conexão de um número grande de informações, acreditar no seu poder de foco, acreditar em seu potencial, ter recompensas mais imediatas ante ao que querem e não possuir grandes apegos a empresas ou cargos.

Todas estas características podem ser lidas por sua face mais positiva ou negativa. Esta geração tem autodeterminação, tem menos medo de errar e tem grande agilidade no pensamento; podem, ao mesmo tempo, trabalhar em mais de um projeto, conectar muitas informações. Entretanto, podem ter dificuldade em se aprofundar em análises; em se sujeitar às tarefas subalternas de início de carreira; podem transformar a luta por salários ambiciosos desde cedo, em um misto de frustração e dificuldade de relacionamento com seus chefes e pares. A grande capacidade de conexão que demonstram, pode andar ao lado de uma inabilidade de estabelecer relações profundas que podem dificultar na experiência de sedimentação em empresas ou funções, trazendo maiores desafios para o crescimento profissional.

Talvez por isso a grande revolução da educação superior esteja voltada à associação do desenvolvimento técnico àquele da formação de habilidades não-técnicas. Precisamos construir experiências universitárias que façam com que nossos jovens possam exercer atividades que lhes serão importantes. O mercado mais do que nunca as exige – a horizontalidade das empresas, a interdependência de setores e a criação de novos segmentos, traz consigo a necessidade de profissionais inovadores, empreendedores, que consigam trabalhar em equipe, fazendo com que o resultado final se multiplique.

Continuar insistindo nos modelos antigos e arcaicos – embora valorizados pelas gerações mais antigas, vai continuar produzindo a frustração de empregadores e jovens, com consequências diretas nos projetos de vida destes últimos. Para este desafio, somente Universidades que se conectam com o mundo e se reinventam, conseguem se preparar adequadamente. A todos que estão conosco nesta jornada, meu mais profundo respeito; pois o que fazem hoje, se refletirá no sucesso de nossos filhos e netos, na nossa sociedade e na construção de um futuro certamente diferente do que vivenciamos hoje.

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