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Potiguares a caminho da seleção

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Leonardo Erys – repórter

Um convocado para a equipe principal; outro para o time  júnior. Apesar de Fidel Fernando, de 25 anos, e Iremar Vinícius, de 15, terem dez anos de diferença na idade, juntos eles irão representar o Rio Grande do Norte neste ano na Seleção Brasileira de Taekwondo. Os potiguares conquistaram a vaga após uma seletiva realizada no Rio de Janeiro em dezembro do ano passado. Iremar Vinícius irá integrar a equipe principal pela segunda vez na carreira, já que esteve no time no ano passado. “Como eu estive na seleção no ano passado, já tinha a ida a seletiva garantida”, explicou o jovem atleta, que, mais uma vez, conquistou a vaga após as disputas. Para Fidel Fernando, no entanto, que fará parte do time principal da seleção na categoria até 80 quilos, essa será a primeira vez. “Já disputei vaga na categoria de base, em 2006, na seletiva, mas não consegui. Em 2011, fiquei em 1º no ranking [já na categoria profissional], mas quando fui para a seletiva, perdi na primeira luta”, contou. Em 2012, Fidel ficou em 2º lugar no ranking geral – que é classificatório para a seletiva – e conseguiu vencer as lutas para chegar ao time nacional.
Iremar Vinícius, de apenas 15 anos e Fidel Fernando, de 25, já fazem parte da equipe permanente da seleção brasileira de taekwondo
Hoje já integrante do time profissional da Seleção Brasileira, Fidel Fernando diz que nunca viveu – financeiramente – do esporte, que ele sempre tratou como um ‘hobby’. “O taekowndo não é um esporte para dar dinheiro não, é mais um hobby, É o que eu gosto de fazer”, diz. “Não vivo do taekwondo, porque não dá”, completa. Com a entrada na seleção, ele passa a receber um salário fixo, além do apoio no projeto Bolsa Atleta. Ainda assim, Fidel segue estudando Educação Física, onde pretende se profissionalizar. Além disso, dá aulas de taekwondo em projeto social, e não remunerado, que ocorre no Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN).

Se na equipe profissional, ainda há como se sustentar através do salário oferecido pela Confederação Brasileira de Taekwondo (CBTK), na equipe júnior, as coisas não funcionam bem assim. “A equipe adulta tem salário, mas a infantil ainda não”, explica Iremar Vinícius. Ele diz, no entanto, que a partir deste ano receberá o auxílio do Bolsa Atleta,  em função de ter terminado em segundo lugar no ranking em 2011, quando lhe rendeu a primeira convocação para a seleção.  A equipe júnior do Brasil foi toda renovada de um ano para o outro, segundo ele. “De vinte atletas do ano anterior, apenas cinco permaneceram”.

Apesar dos 15 anos de idade, Iremar, que luta taekwondo há oito anos, já ensina o esporte a outras crianças que querem seguir no caminho da arte marcial. “Atualmente dou aula em uma academia próxima a minha casa”, conta o jovem.

Para o mestre Taekwondo, Rivanaldo Freitas, que dá aulas da arte marcial em uma academia no loteamento Novo Horizonte, na zona Oeste de Natal, em projeto comunitário, ainda falta recursos para que o esporte cresça e o país se torne potência. “Falta política de incentivo ao esporte. Muitas vezes, o atleta  tem um trabalho de uma vida ‘todinha’ dedicada ao esporte e só é reconhecido naquele momento [conquista olímpica]. As pessoas não sabem o que ele passou pra conquistar, como foi no caso do Diogo Silva, no Pan [ouro em 2007, no Rio de Janeiro]”, ressalta. Ele ainda cita a judoca Sara Menezes como exemplo.

Formação humana é chave no taekwondo

O Mestre Rivanaldo Freitas explica que o taekowndo é mais do que um esporte e isso foi decisivo na sua paixão pela arte marcial. “O taekwondo tem uma coisa que é a disciplina e hierarquia e aquilo causa uma transformação imensa. Sempre foi uma coisa que me atraiu, porque trabalha essa questão da formação humana”, conta.

Ele entende que esse tipo de trabalho no caráter além da luta não é apenas do taekwondo, mas de outros segmentos das artes marciais.

“As artes marciais orientais em geral elas sempre trabalham essa questão da não-violência, da formação das pessoas”, ressalta.

Fidel Fernando e Iremar Vinícius contaram que desde que iniciaram no esporte foi ‘amor a primeira vista’. “Morei cerca de 10 anos em São Paulo e cruzei com o Taekwondo pelas ruas de Natal, em uma academia. Foi amor a primeira vista”, diz Fidel. Para Iremar, o taekowndo surgiu em um projeto na escola em que estudava. “A gente treinava judô e  o professor passou a dar aulas de taekowndo. Faltei o primeiro dia, mas depois que fui, não saí mais. Eram 35 alunos no início. No final, só eu fiquei”, relata.

Apesar dos bons resultados em competições nacionais, o mestre Rivanaldo Freitas acredita que a estrutura ainda não é a ideal para descobrir novos valores.

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