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“Precisamos de profissionalização”

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Karlley Pondofe fez do gosto pelo esporte um negócio. Adepto da prática da corrida, foi exatamente nessa modalidade que ele encontrou um novo nicho de mercado. Organizar eventos esportivos é o ponto alto de uma carreira marcada pela versatilidade. Publicitário formado, Karlley começou com uma agência de propaganda. Depois, observando os feirões de automóveis feitos por um dos clientes da agência, ele mesmo buscou esse segmento. Com a crise na economia em 2008, o que freou os financiamentos bancários, o publicitário poderia também ter freado. Mas Karlley fez desse momento uma guinada nos negócios. A partir daí começou a promover eventos esportivos.

Ousado, promoveu a Meia Maratona de Natal, hoje o evento que mais congrega participantes na cidade. A competição deflagrou um novo ritmo de atividade e segmento da Unika, empresa da qual Karlley é diretor. Do corredor de rua amador, o publicitário hoje é um corredor de negócios, se assim poderia ser chamado, já que a partir da Meia Maratona ele já enveredou por diversos eventos esportivos. No próximo mês, por exemplo, deflagra o circuito de corrida noturno. E já tem a confirmação que também será o responsável pela organização do Campeonato Internacional de Jiu Jitsu. E a Meia Maratona? Essa será em novembro, com expectativa de mais de 6 mil pessoas. Circuito diferente, horário diferente e planos mais arrojados.

O convidado do 3 por 4 de hoje é um jovem, corredor de rua como milhares de pessoas, mas que fez do esporte um negócio. Karlley Pondofe demonstra a persistência dos maratonistas e a garra dos empreendedores.

Idealizador da meia maratona de Natal, há pouco mais de três anos Karlley Pondofe decidiu investir na área de eventos esportivos e já está movimentando o mercado localConfira:

De publicitário a promotor de evento como foi esse caminho?

Na publicidade a gente atendia vários clientes. A gente atendia muito o grupo A Cândido, que contempla Nacional Veículos, Via Costeira Veículos, empresa de ônibus e tudo mais. E eles começaram a fazer feirões de automóveis com a bandeira nacional, que é a Volskwagen. Eu comecei a observar e percebi que era um nicho que aqui em Natal precisava. A partir do momento que finalizei a Lumina (agência de publicidade) eu me juntei com o pessoal do Itaú. Fizemos uma proposta e criamos uma marca para os eventos automotivos, os feirões. E aí bombou. Ficamos de 2006 a 2008 fazendo esses eventos. Foram na faixa de 30 eventos, quase todos os meses fazíamos em lugares diferentes. Com a crise em 2008 tivemos que ir para outro segmento. Já que eu gostava de correr, sempre gostei da questão de esporte, foi um segmento que eu vi que Natal precisava ter uma visão mais profissional das coisas. A cidade precisava de profissionalização. A Federação de Atletismo sempre quis fazer um negócio bem mais profissional, mas não tinha o empresário que levantasse a bandeira, vestisse a camisa. Então a gente montou uma proposta e criou a Meia Maratona de Natal, que é o grande evento da gente. Esse evento é em parceria com a TRIBUNA DO NORTE, desde o ano passado. Hoje virou um evento nacional e trazendo pessoas de fora do Brasil também. É o maior evento da gente, é o carro chefe e daí estamos tentando entrar em tudo que é área esportiva.

Nesse segmento você encontrou pessoas em Natal praticando esporte e carentes por evento, ou eventos que estimulam a prática esportiva?

São as duas coisas. Primeiro surgiram as pessoas que já treinavam e não tinham onde competir. Competiam em corridas de 600 ou 500 pessoas. Quando a gente lançou a Meia Maratona que já foi uma proposta totalmente diferente, começamos três vezes ou quatro vezes mais o número de pessoas que já tinham e começamos a trazer tecnologia. Camiseta com tecido diferenciado, o chip eletrônico, que é utilizado em todo mundo e aqui o pessoal ainda não tinha utilizado. Isso entre outras coisas que começamos a trazer junto com a federação. Então, a partir disso a gente abriu um mercado onde profissionais começaram a fazer evento e as pessoas começaram a ver que era uma atividade física que poderia ser feita em qualquer horário, só fazia bem para ele e que juntava as pessoas. Uma coisa puxou a outra. A gente aumentou o mercado, cada vez mais as pessoas começam a treinar, irem para outros Estados para competirem e isso faz com que nossos eventos sempre tenham mais gente. Então, uma coisa levou a outra.

A partir da corrida você chegou ao pedal, no caso com o evento Pedal Livre. Como estão os eventos em outras modalidades?

A partir da corrida vimos que o segmento esportivo poderia crescer muito no Rio Grande do Norte. Então começamos a fazer assessorias em alguns eventos de pequeno porte. O Pedal Livre surgiu através da Secretaria de Mobilidade Urbana porque queria trazer uma cultura entre o ciclista e o automóvel. Em São Paulo tem a ciclofaixa. Fizemos alguns eventos na zona Norte. Foi um sucesso porque o pessoal começou a praticar mais esse tipo de esporte. Por causa desses dois segmentos (corrida e ciclismo) começamos a fazer alguns projetos. A partir de 2011 vamos entrar no ramo de futebol, que é com a Copa de Futebol Society, vamos fazer um evento semanal de bicicleta, onde a gente vai tentar fazer com que Natal vire uma cidade onde as pessoas possam, realmente, sair de casa de bicileta. Isso será realizado todos os domingos. E as corridas aí nem se fala, é o grande gancho da gente. Esse (a corrida) é um esporte que é de classe A até classe E.

Não é complicado investir em eventos esportivos em uma cidade onde há tanta carência para prática de esporte?

Muito complicado. É um risco muito grande para gente. Mas a gente pensa que por causa da abertura dessa nova cultura, que estamos tentando trazer para cá, cada vez mais os próprios participantes exigem isso da Prefeitura e do Governo do Estado. Esses gestores estão com a cabeça bastante aberta para esse tipo de coisa. Inclusive contamos com o apoio das duas Secretarias (de Esporte do Estado e de Natal). Sem eles nada aconteceria. Os próprios participantes são empresários, são políticos, estudantes, toda uma sociedade. Não tem como a gente não acompanhar esse crescimento com a conscientização cultural esportiva. Realmente, está se abrindo esse tipo de coisa. Estão começando a liberação de alguns locais que dá para atividade desportiva de ciclismo, corrida. As coisas estão caminhando devagar, mas acredito que vai melhorar.

A Unika, com eventos esportivos, descobriu um nicho de mercado?

Acho que em Natal sim. Em todos os Estados brasileiros, muito menos no Nordeste, as pessoas se atentam a esse tipo de coisa há muito tempo. E agora com esses eventos que a gente está fazendo, só para você ter idéia a Meia Maratona de Natal ganhou uma proporção tão grande no Brasil que entrou no ranking oficial brasileiro. E só há 29 corridas no país que estão nesse ranking.

O que levou a Meia Maratona de Natal a figurar nesse seleto ranking?

Exatamente essa cultura que estamos implantando. Colocamos 17 representantes de Estados brasileiros participando do nosso evento e ainda de dois países. Isso para gente agrega. Veja que a Caixa Econômica acreditou na gente, a Confederação de Atletismo também e colocou a gente nesse ranking. Para gente isso é o crescimento natural das coisas. A partir desse evento, que é o maior promovido pela Unika,  nosso carro chefe, vamos começar a profissionalizar os outros segmentos também. Lógico, sempre atentando com as federações, que são os grandes fomentadores desse tipo de atividade.

Por outro lado, vocês também fomentam a economia para outro segmento, que é o personal trainer, academias.

Só para você ter idéia na Meia Maratona são 250 pessoas contratadas. Para realizar isso a gente entra em contato com 56 academias, no Brasil com 80 clubes de corrida. As pessoas querem treinar entram nos clubes de corrida, entram na academia, os grupos de corrida vão aumentando, as academias são mais procuradas por pessoas querendo praticar esse tipo de atividade. Com os eventos de bicicleta também há um aumento no número de vendas de bicicletas, equipamentos, pessoal de nutrição com clínica que faz testes. A gente gera movimento em vários segmentos esportivos e saúde. Todos nós juntos (atletas, academias, empresa) faremos com que Natal deixe de ser a cidade sedentária.

O que é mais difícil para organizar um evento esportivo do porte da Meia Maratona?

Verba. É um evento muito caro, a gente tem que fazer com que cada participante se sinta como o vencedor do negócio e para isso a gente tem que deixar ele totalmente cômodo, com tudo da melhor qualidade possível. Para esse tipo de coisa uma camiseta é caríssimo. Por isso vamos buscar empresas que já acreditaram nesse tipo de evento. Algumas empresa já despertaram para o retorno que isso dá. A gente está começando a conseguir verba para isso.

Qual a meta da Unika agora?

Vamos tentar entrar em mais três segmentos esportivos. O futebol, principalmente o amador. Existe muita gente carente de campeonato, tem o lazer, mas não tem o campeonato. E tem outros dois segmentos onde iremos entrar e irão pelo lado da praia também. Além do esporte, vamos começar a parte empresarial de seminários e palestras. Vamos trazer eventos chamado Grandes Empreendedores. São cases de empresários, presidentes de empresas nacionais. No segundo semestre começaremos a ter o foco nisso. Imagine o presidente de uma grande indústria trazendo sua experiência para os empresários de Natal.

Meia Maratona de Natal o que há de concreto para a edição 2011?

Será dia 5 de novembro. O diferencial desse ano o horário, será a partir das 16h, largada e percurso totalmente diferente. Fizemos uma pesquisa e as pessoas adoraram o percurso novo. Começamos a fazer apoio operacional com outros Estados para trazer mais pessoas. Vamos começar a fazer atividades para quem fizer inscrição ganhará benefício no segmento esportivo, vamos chamar de Clube do Corredor. Anos passado foram 4.852 correndo. Esse ano nosso limite mínimo é 6 mil pessoas. Daqui a dois anos chegamos a 10 mil pessoas correndo na Meia Maratona. A tendência é a meia ser evento ímpar na cidade. Somos o maior evento esportivo em número de participantes. Objetivo é ser o maior do Nordeste.

Perfil

Karlley Pondofe é formado em Publicidade. Começou a carreira profissional na Lumina, agência que dirigia junto com outros dois colegas. A agência ficou em atividade até 2005. A partir daí ele entrou no segmento da promoção de feiras de automóveis, em parceria com o banco Itaú. A crise econômica de 2008 reduziu drasticamente os números de financiamentos e fez Karlley repensar os negócios. A partir daí a Unika, empresa que dirige, entrou no segmento de organizar eventos esportivos. A Meia Maratona de Natal, principal desses eventos, já faz parte do seleto calendário de corridas brasileiro, onde figuram apenas 29 eventos. “Todos os eventos que a gente faz se junta a federação porque é a parte técnica do negócio. As pessoas amadoras que vão fazer evento não pegam federações e acabam fazendo eventos amadores e que se tornam mais amadores ainda sem a parte técnica”, diz o empresário.

Detalhes

Esporte: corrida de rua

Projeto hoje: Meia Maratona de Natal

Em que acredita: acredito na pessoa, cada um pode fazer seu destino.

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