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Predio que funcionou Cine Nordeste pode ser demolido

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OBRA - Faixa informa que em breve o prédio será um estacionamentoUm dos primeiros símbolos da arquitetura moderna da cidade poderá ser demolido a qualquer momento. O prédio que funcionou nas décadas de 50 até 90 o Cine Nordeste, ao lado da praça Padre João Maria, carrega hoje em sua fachada uma faixa os dizeres pintados em vermelho e letras garrafais “Em Breve Estacionamento 24h”.

A obra está revoltando arquitetos, urbanistas e historiadores que se preocupam com a preservação do patrimônio arquitetônico da capital. Na visão do professor e arquiteto Paulo Nobre, o que está acontecendo em Natal é um absurdo. “No mesmo momento que sentimos a esperança de ter o Centro Histórico em processo de tombamento, passamos na rua João Pessoa e nos deparamos com a faixa amarela. Imagine você ceder o espaço de uma arquitetura modernista para um estacionamento, um vazio cultural e histórico terrível”, desabafa Paulo.

Na década de 50 o edifício ainda abrigou a Escola Técnica do Comércio de Natal, sendo demolido e construído a Rádio Nordeste. Logo depois o local passou a abrigar o Cine Nordeste, ainda na década de 60. Esse processo de anos de história não está sendo respeitado pelo novo proprietário do local. A reportagem do VIVER buscou informações sobre o nome do proprietário, mas os pedreiros que se econtravam na obra trabalhando, disseram não ter autorização para oferecer informações.  “O proprietário não autoriza fotos aqui não. Nem vou dar informações de nada”, disse um dos pedreiros que não quis se identificar. Na porta do prédio um aviso amarelo da Prefeitura de Natal informa que a “Obra não é licenciada”, com intimação datada do dia 09 de abril desse ano.

De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb), nenhuma alteração na construção foi autorizada, informando ainda que o proprietário não possui documentação para reformar o local.

A destruição do prédio representa a perda de uma parte da história arquitetônica da Cidade Alta – em vias de tombamento pelo Iphan —, sendo parte importante da segunda metade do século XX. As construções da primeira parte, aliás, já foram praticamente destruídas, sobrando apenas o Palácio Felipe Camarão e o Palácio Potengi,  além de poucas casas.

Para a diretora do Instituto do Patrimônio Histórico Nacional-IPHAN, Jeane Nesi, é necessário agora um pedido de tombamento urgente do prédio. “Como ele está na área de tombamento do Centro Histórico, sugerimos ao presidente da Fundação José Augusto Crispiniano Neto um tombamento de emergência”, disse Jeane, acrescentando que esse é um sentimento de perda muito grande para o Estado. “Mais uma perda enorme para nós”, disse.

O Presidente da Fundação José Augusto falou com a reportagem da TN que quando foi avisado da demolição, o prédio já estava num processo avançado e não havia como fazer nada. “Infelizmente fomos pegos de surpresa. É uma perda muito grande para o Estado, pois é um dos primeiros prédios de arquitetura modernista. Lamento demais. É uma falta de sensibilidade, não tem cabimento um negócio desse. Se tivermos ainda o que fazer iremos tentar sim”, disse Crispiniano Neto. 

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