A cidade de Afonso Bezerra, com 11 mil habitantes parou, na manhã de hoje (14) para ver e receber o prefeito Jackson Bezerra que encerrou às 11h uma caminhada de 176 quilômetros, iniciada na capital às 9h15 de terça-feira.
A população saiu às ruas para cumprimentar o prefeito que foi saudado aos gritos de “guerreiro” e recebeu inúmeros abraços ao longo da caminhada de 35 minutos por dentro da cidade até a Praça Cívica 9 de junho, onde um ato público reuniu moradores e contou com a presença de vários prefeitos que foram prestar solidariedade ao colega.
Visivelmente abatido, pés cheios de esparadrapos, o prefeito Jackson Bezerra era o retrato do cansaço físico e da alegria da chegada. “Não dá para descrever como estou me sentindo ao completar esta caminhada”, disse o prefeito em meio a abraços e cumprimentos. “Mas você que ter um ideal, objetivos e metas. Se não for assim você não consegue nada”.
Jackson defendeu sua caminhada de protesto como um grito de socorro em defesa dos municípios. “Esta situação tem que mudar. Temos que mudar a forma como os municípios, sobretudo os pequenos, estão sendo tratados. Não dá mais suportar sermos tratados assim”.
Ao lado da mulher, Aldenora, Jackson foi recebido como herói. Também ao seu lado o poeta Neto Braga, o aposentado Manu, o vendedor de água mineral Deon e o amigo Paulo de Cucuia, companheiros da jornada de 176 quilômetros que começou na zona sul de Natal. Todos receberam uma medalha comemorativa pelo feito.
Também deram apoio à caminhada o auxiliar de enfermagem Renato Jorge, o fotógrafo Tião, o fogueteiro Francisco, além de Laudo Vaquejada e os motoristas Saulo e Jon e seu filho Leilton. Todos exibiam sinais de cansaço mas de inegável orgulho por ter ajudado o prefeito e realizar uma proeza que vai, certamente, ficar história de Afonso Bezerra, município criado há 54 anos, tem o Fundo de Participação como principal fonte de receita, renda mensal variando entre R$ 700 mil e R$ 800 mil e 425 servidores públicos.
“Chega de intolerância”
Na chegada ao município, Jackson Bezerra já contava com a presença de centenas de moradores além de colegas prefeitos, liderados pelo presidente da Federação dos Municípios do Rio Grande do Norte, prefeito Benes Leocádio, de Lajes. No ato público, Benes solidarizou-se com o colega, cumprimentou-o pela atitude e saiu em defesa dos municípios: “Chega de intolerância, de tanto aperto, de tanto arrocho. Isso não pode continuar”, bradou o prefeito de Lajes, destacando que a atitude do colega prefeito simboliza a luta dos prefeitos de todos os pequenos municípios do Estado e do País. “Temos que ter vergonha, admitir que as prefeituras estão quebradas”.
Benes anuciou levará para a reunião de mobilização da Confederação Nacional dos Municípios, da qual é vice-presidente nacional, uma sugestão dos prefeitos potiguares: caso nada seja feito para socorrer financeiramente os municípios, as prefeituras devem suspender todos os programas federais que necessitem de contrapartida dos municípios. “Além de ser o primeiro socorro de todos, os prefeitos têm de custear gasolina para os carros da polícia rodarem, servidores para a Justiça funcionar, servidores para os programas federais funcionarem”, acrescentou Benes Leocádio
Além de Benes, estiveram presentes em Afonso Bezerra, os prefeitos Kerginaldo (Senador Elóy de Sousa), Gilson (Francisco Dantas), Severino (Lagoa de Velhos), Alberto Patrício (Alexandria), Júnior Bernardo (Riachuelo), Chagas Oliveira (Pilões), Francisco Edson (Caiçara do Rio do Vento), Marcos Aurélio (Riacho da Cruz), Leonardo (Ipanguaçu), Assis (Santana do Matos), Valter Araújo (Lucrécia), Babá (São Tomé) e Jackson Queiroga, de Olho D’Água dos Borges.
Ao relatar a situação de injustiça na distribuição do bolo tributário, Jackson Bezerra informou números que retratam a grave situação financeira dos pequenos: A União, os governos estaduais e os 200 maiores municípios do País ficam com 95 por cento de tudo que é arrecadado no País. Para os outros 5.464 municípios sobram 5% do bolo.
O movimento dos prefeitos potiguares não para por aí. Na próxima semana eles pretendem convocar, para um ato suprapartidário, todos os candidatos ao governo do Rio Grande do Norte, a bancada federal, além de todos os candidatos às eleições 2010. O objetivo é arrancar compromissos dos atuais e futuros governantes e parlamentares em defesa dos pequenos municípios.
