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Prefeitura não explica valor do show

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Ellen Rodrigues – Repórter

O show do Padre Fábio de Melo, que acontece hoje (25) à noite no Machadão, vai custar R$ 221 mil aos cofres públicos do Município de Natal. A apresentação do padre-cantor encerra a série de quatro shows, promovidos pela prefeitura, e o valor representa quase o dobro do que foi pago pelas apresentações anteriores: Zé Ramalho (R$ 65 mil), Bibi Ferreira (R$ 55 mil) e Cordel do Fogo Encantado (R$ 23mil). O total é de R$143 mil. O contrato com o padre Fabio de Melo só foi publicado no Diário Oficial do Município na quarta-feira passada (23).
Padre Fábio de Melo fará show hoje à noite
Nas secretarias municipais envolvidas nas contratações para o Natal em Natal, ninguém soube detalhar os custos do contrato. “Não tenho detalhes porque dividimos as tarefas dos eventos natalinos. Só sei do Auto e do Réveillon. Mas fiquei sabendo que por ser próximo da prefeita Micarla de Sousa, o padre cobrou um cachê 50% menor do que cobraria para um show no Natal”, disse o secretário da Funcarte, Rodrigues Neto.

O titular da Funcarte disse, ainda, que Iracy Azevedo, secretária de  Relações Interestitucionais e de Governança Solidária, é quem coordena os eventos e poderia dar mais detalhes sobre os custos envolvidos nos contratos. Em contato pelo telefone, Iracy disse à reportagem que os eventos englobaram mais de uma secretaria. “Os contratos foram feitos no formato show colocado, o que significa que a produtora recebe o dinheiro para agilizar tudo”, disse, alegando que também não sabia detalhar o custo, por exemplo, do cachê do padre Fábio de Melo. “Isso é com a produtora responsável, Talentos e Produções”. O produtor Breno Lima, da Talento Produções, que agencia os shows do padre, não atendeu ao telefone durante todo o dia de ontem.

O secretário de Comunicação Social, Jean Valério, explicou que no contrato de R$ 221 mil firmado com a Talento Produções, está incluída toda a estrutura que será trazida pelo sacerdote para o show. Ele enumerou que hospedagem, passagens aéreas, excesso de bagagem e o som do show estão incluídos no valor do contrato. Jean Valério confirmou que no cachê do cantor Zé Ramalho, que cobrou R$ 65 mil, também estão incluídos a estrutura e os demais itens citados para o contrato do padre Fabio de Melo.

“Mas não é possível fazer comparação. Veja que o padre está fazendo o show em uma data especial (25 de dezembro)”, comentou. O secretário de Comunicação fez questão de ressaltar que há uma comissão de padres da Arquidiocese de Natal que participa da organização do show.

“Teremos uma grande missa e depois o show de padre Fábio. Essa é uma apresentação que comemora os 100 anos da Arquidiocese de Natal e os 410 anos da cidade de Natal”, ressaltou o secretário. A assessoria informou que a estrutura de show do padre é integrada por oito músicos e sete pessoas de apoio.

Produtores locais afirmam que, no mercado de shows nacionais, a cotação do padre Fábio de Melo, no início do ano era de 50 mil, quando o padre-cantor ainda fazia parte da congregação mineira. Hoje, como cantor independente, o artista tem sua própria produtora. 

A assessoria de imprensa da Arquidiocese de Natal disse que o Centenário da Diocese é comemorado oficialmente no dia 29 de dezembro, mas após uma audiência da prefeita Micarla de Sousa com o arcebispo dom Matias Patrício, ficou combinado que  o show marcaria a abertura do I Congresso Eucarístico Missionário (CEMAR), que encerra as comemorações religiosas dos cem anos.

“Já ia ter o show, então apenas aproveitamos a ocasião. A  comissão de padres trabalha voluntariamente no evento, mais como um suporte de mobilização da comunidade”, disse a assessora.A Arquidiocese não teve qualquer participação no contrato com o padre Fabio de Melo.

“Todo o valor dos shows será pago pelas produtoras”

Todos os contratos dos artistas nacionais e locais para os eventos incluídos na programação do “Natal em Natal”, foram realizados através da Secretaria de Turismo e Desenvolvimento do Município (Seturde). Mas, a responsabilidade da secretaria  é exclusivamente fazer o contrato e repasse do dinheiro, segundo o secretário Francisco Sales.

“Os recursos são da Funcarte. Nos propomos a oferecer estrutura para agilizar os contratos porque são muitos sendo realizados ao mesmo tempo. Para se ter uma ideia, hoje são 180 contratos na Seturde, só referentes a esses eventos”, disse o secretário. “Por isso não sei detalhes sobre os custos do show do padre, sei apenas que inclui todos os gastos”.

O secretário da Funcarte disse que Iracy Azevedo, secretária de  Relações Interinstitucionais e de Governança Solidária, que coordena os eventos, poderia dar mais detalhes sobre os custos envolvidos nos contratos.

Artistas locais recebem

Durante a última apresentação do Auto de Natal, na quarta-feira (23), os artistas locais do elenco protestaram pelo não cumprimento do acordo feito com a Prefeitura sobre o pagamento do cachê. Houve ameaça do elenco  não entrar em cena e, no fim do espetáculo, um ato de protesto silencioso.

Ontem, a secretária Iracy Azevedo garantiu que havia liberado o pagamento dos 116 artistas que estrelaram a peça natalina deste ano. “Ao todo foram R$ 250 mil para os atores e bailarinos, que só poderiam ser liberados quando terminasse o evento, como acontece neste tipo de contratação”, disse a secretária.

Na última apresentação do Auto do Natal “Maria, José e o Menino Deus”, na noite de quarta-feira, os artistas que encenaram o espetáculo fizeram um protesto durante o show de Bibi Ferreira, que acabou por encerrar sua apresentação. Os atores, dançarinos e figurantes se queixavam pelo fato de não terem recebido o cachê pelo trabalho na peça até o meio-dia da quarta, prazo que teria sido estabelecido pela organização do auto. “Mas conversamos com eles e tudo ficou entendido”, esclareceu Iracy.

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