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Presidente é acusada de usar retórica sobre eólica

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São Paulo (AE) – As declarações da presidente Dilma Rousseff (PT) de desdém em relação à energia eólica e de ênfase à continuidade dos investimentos em hidrelétricas foram consideradas de “infelizes” e “ultrapassadas” a “retóricas” por quem vem trabalhando em apoio à energia alternativa. Dilma falou na quinta-feira em reunião do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, que ela preside, mas com o qual ainda não havia se reunido. Para o físico Luiz Pinguelli Rosa, secretário executivo do fórum, a observação dela de que não é possível viver só com energia gerada por vento é “retórica”. “Nem estamos defendendo isso. Ninguém pode depender de algo que de repente para. A eólica tem de ter back up (reserva). O que no Brasil tem, porque temos hidrelétricas com reservatórios. Elas são o back up”, diz.

Além disso, afirma o pesquisador da Coppe-UFRJ (instituto de pós-graduação e pesquisa em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro), o País tem as condições ideais para unir as duas energias.  “Há uma curva de complementaridade. Quando temos menos água no Norte, temos mais vento no Nordeste. Mas hoje estamos usando termelétricas para fazer esse complemento às hidrelétricas. O que não é bom, porque elas emitem muito mais gases de efeito estufa. A melhor ideia é usar mais eólica”, diz.

Ricardo Baitelo, coordenador da campanha de energia do Greenpeace lembra que as novas hidrelétricas construídas na Amazônia também não têm segurança energética, por usarem fio d’água em vez de reservatório, ou seja, dependem do fluxo do rio Se ele está cheio, tem energia. Do contrário, não.

“Na época de seca no Rio Xingu, Belo Monte vai gerar de 5% a 10% do que geraria. Dilma usou o argumento de que a eólica não segura (a demanda), mas Belo Monte também não. Toda energia é intermitente. Mas precisamos de algo que preencha onde temos a insegurança”, afirma. Segundo ele, não faz sentido investir em um mesmo tipo de energia só na Amazônia, mas em eólicas em vários cantos do Brasil, uma vez que, apesar de o sistema de transmissão elétrica ser integrado, quanto mais longe, mais caro é levar energia de um lado para o outro do País.

Comentário semelhante veio do Instituto Democracia e Sustentabilidade, do qual faz parte a ex-ministra do Ambienta Marina Silva. “Ninguém defende apenas eólico ou solar. O que nós defendemos e reiteramos é a diversificação da matriz energética. Ninguém é contra as hidrelétricas, e sim contra essa visão de exclusividade”, afirmou a secretária executiva do instituto, Alexandra Reschke.

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