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Presidente minimiza. Supremo, Congresso e CNBB reagem

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Vera Rosa e Daniel Weterman
Agência Estado

São Paulo e Brasília (AE) – Um dia após o presidente Jair Bolsonaro compartilhar dois vídeos de convocação para protestos anti-Congresso, autoridades, políticos e juristas reagiram, citando até a possibilidade de que o presidente tenha cometido crime de responsabilidade. O governo tentou minimizar a crise. Bolsonaro afirmou que tratou-se de “troca de mensagens de cunho pessoal”. Militares que atuam no Planalto alegaram que o presidente não fez críticas diretas aos parlamentares, nem foi o responsável pela confecção do vídeo.

Bolsonaro declarou que ilação fora de contexto é tentativa rasteira de tumultuar a República

#SAIBAMAIS#O envio das mensagens por Bolsonaro foi revelado anteontem pelo site BR Político. Uma das respostas mais contundentes veio do Judiciário. O decano do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Celso de Mello, afirmou que considera “gravíssima” a conduta de Bolsonaro e que o envio do vídeo a aliados revela a “face sombria de um presidente que desconhece o valor da ordem constitucional”. Para Mello, Bolsonaro demonstra uma visão “indigna de quem não está à altura do altíssimo cargo que exerce”.

“O presidente da República, qualquer que ele seja, embora possa muito, não pode tudo, pois lhe é vedado, sob pena de incidir em crime de responsabilidade, transgredir a supremacia político-jurídica da Constituição e das Leis da República”, afirmou o ministro. A lei 1.079/50 prevê, como um dos crimes de responsabilidade do presidente, atentar contra “o livre exercício” dos outros Poderes, o que pode levar a um pedido de impeachment.

O secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Joel Portella Amado, disse que a Igreja Católica poderá questionar judicialmente a responsabilidade de Bolsonaro por difundir os vídeos. A atuação do presidente no episódio “ultrapassa os limites da legalidade”, na avaliação da presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), Rita Cortez.

Presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que “criar tensão institucional não ajuda o País a evoluir”. Na segunda-feira, 24, os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Dilma Rousseff (PT) já haviam repudiado o envio dos vídeos com convocação para um protesto anti-Congresso.

A resposta do presidente veio pelas redes sociais. Em um post no Twitter, Bolsonaro declarou que troca “mensagens de cunho pessoal” com amigos pelo WhatsApp, sem negar que tenha enviado a filmagem. “Qualquer ilação fora desse contexto são tentativas rasteiras de tumultuar a República”, disse. Segundo o Estado apurou, Bolsonaro ficou irritado com o ex-deputado Alberto Fraga e o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, que falaram sobre o vídeo com a imprensa nos últimos dias.

Presidente do Supremo, o ministro Dias Toffoli defendeu uma “convivência harmônica entre todos”. Sem mencionar o vídeo divulgado por Bolsonaro, ele afirmou que o Brasil “não pode conviver com um clima de disputa permanente” e que não existe “democracia sem um Parlamento atuante, um Judiciário independente e um Executivo já legitimado pelo voto”. Também ministro. Gilmar Mendes afirmou que as instituições devem ser “honradas por aqueles aos quais incumbe guardá-las”.

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