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Presos são mantidos em celas alagadas na carceragem da Ribeira

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SUJEIRA - Celas da carceragem da Ribeira são inundadas pelas chuvas

Celas superlotadas, fedorentas e calorentas. Presos pálidos e doentes devido ao enclausuramento de meses sem banho de sol. Os 68 detentos das seis celas da Carceragem da Ribeira pensavam que já tinham sofrido todo tipo de violação dos direitos humanos. Estavam enganados. Desde domingo, as celas estão com goteiras e, na madrugada de ontem, parte do teto desabou e a água das chuvas – e lixo – invadiram as celas. A água subiu rapidamente e ficou pouco abaixo do joelho dos presos. O delegado Correia Júnior, convocado para avaliar o problema, foi rápido no diagnóstico: “isso tem de ser fechado. Está pior que um chiqueiro”.

O tratamento dispensado aos presos da Carceragem da Ribeira provocou revolta dos familiares. Pela manhã, devido à ameaça de desabamento do forro de gesso do corredor de acesso às celas e do alagamento, o café da manhã e o almoço dos presos deixados pelos parentes deles com os policiais não foram entregues.

Os agentes temiam que o forro desabasse sobre eles ou que uma rebelião “estourasse”. Eles pediram socorro ao delegado Correia Júnior, que assumiu a titularidade da Delegacia de Polinter esta semana em substituição ao colega que está de licença. O delegado chamou quatro presos para ouvir os problemas. Nesse instante, por volta das 10 horas, o forro de gesso desabou. A água tomava conta dos corredores. Para piorar a situação, o lixo acumulado boiou, causando enorme malcheiro e risco de proliferação de doenças. 

A lista dos problemas feita pelos presos é enorme: coceira provocada pela má qualidade da água do banho; enjôos e mal-estar porque a água que eles ingerem é a mesma usada no banho; superlotação das celas; falta de espaço para dormir; impossibilidade de receber a visita de parentes; falta de banho de sol; alimentação estragada. Eles denunciaram que dois presos estão baleados e outro está com pneumonia e, mesmo com risco de infecção e piora no quadro de saúde, não estão recebendo atendimento médico. “Estou há seis meses sem ver o sol. Estou doente, pálido, um lixo. Quem errou tem de pagar pelo que fez, mas é preciso o mínimo de decência. Há vários dias, por causa da chuva, ninguém dorme. Ficamos com água pela canela”, desabafou um preso. 

Correia Júnior avaliou a situação e enviou ofício relatando a falta de condições de estrutura da Carceragem da Ribeira a Ordem dos Advogados do Brasil; Ouvidoria da Secretaria de Defesa Social; Itep; Corregedoria da Polícia Civil; Delegadia Geral da Polícia Civil; Covisa; Corpo de Bombeiros e Defensoria Pública. “Estou alertando todo mundo, porque aqui, do jeito que está, não tem a mínima condição de abrigar os presos”, disse o delegado que chegou a comparar as celas a um chiqueiro.

A carceragem abriga, no mesmo prédio, homens e mulheres, indo de encontro a todas as normas de custódia. No meio da manhã de ontem, a Delegacia Geral de Polícia Civil mandou uma equipe para iniciar os reparos com os presos ainda nas celas.

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