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Previsão é de mais chuvas hoje para o RN

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PERIGO - Árvore cai e  atinge escritório de advocacia em L. NovaO serviço de meteorologia da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn) emitiu ontem um “estado de alerta” sobre a continuação das fortes chuvas até a manhã de hoje, nas regiões Agreste e Leste. Os meteorologistas também prevêem a possibilidade de fortes precipitações nas regiões Seridó e Central potiguar.

Somente das 9h às 15h de ontem, em Natal, choveu 105 milímetros. Esse volume de chuvas se soma aos 23mm registrados das 7h da terça-feira às 7h de ontem. Em quatro horas choveu quase metade da média histórica de precipitações para a capital no mês de abril (249mm).

O meteorologista da Emparn, Gilmar Bristot, atribui a intensidade das chuvas de ontem à posição da zona de convergência que se deslocou do Oceano Atlântico para o continente. Na parte da manhã essas nuvens densas causaram chuvas mais fortes na faixa litorânea, mas à tarde deslocou-se para a região Seridó e Central do Rio Grande do Norte até chegar à Paraíba.

As imagens de satélite fornecidas pelo Inpe, ontem, mostravam situação semelhante àquela responsável pelas chuvas intensas no interior do Estado em meados de março deste ano. Na tarde de ontem, a Emparn havia informações de precipitações em vários municípios das regiões Seridó e Central. O temor, agora, é quanto a intensidade dessas chuvas no estado da Paraíba. Isso porque praticamente todos os reservatórios daquele estado e os do Rio Grande do Norte estão cheios. Chuvas mais rigorosas na segunda quinzena deste mês eram previstas.

Temporal derruba árvore em Lagoa Nova

Uma árvore caiu ontem na avenida Romualdo Galvão, em Lagoa Nova, paralisando um  lado da via. A forte chuva que caiu ontem em Natal ocasionou o acidente. A árvore atingiu o escritório de advocacia Daniel Ferraz. A secretária Alexsilva Euzébio de 22 anos estava no imóvel quando a árvore desabou derrubando a fachada. “Foi assustador”, disse.

“Meu prejuízo será grande, quando os bombeiros terminarem o trabalho é que vou ver a realidade”, lamentou o advogado Alexandre Gadelha, proprietário do escritório atingido. O acidente ocorreu por volta de 9:40. Os bombeiros chegaram para retirar a árvore depois de 13h. “Estávamos em outro socorro. Hoje atendemos muitas chamadas”, relatou o Sargento Josenilson Campos, que comandava a retirada da árvore da rua. Um  poste da Cosern caiu ontem na avenida Cordeiro de Farias na Ribeira. A retirada foi agilizada para não paralisar o bairro que já estava saturado com  a forte chuva.

Na avenida Duque de Caxias, moradores limpavam o bueiro com cabos de vassouras para agilizar o escoamento da água que inundava os estabelecimentos.  Barreiras foram o improvisadas na entrada das lojas para conter o avanço das águas. Os ônibus quando passavam faziam ondas na água acumulada com a forte chuva na avenida, atrapalhando quem tentava conter a água. “Estamos limpando o bueiro porque a água não tem pára onde ir. Falta manutenção nessas vias. Tiramos muito lixo daqui”, disse o auxiliar de marcenaria, Petson Lima de Souza, de 30 anos.

Em frente a loja do Hiper Bompreço na avenida Prudente de Morais, a água  cobriu as ruas, deixando os carros parados , na hora da forte chuva de ontem.. O estacionamento do hipermercado ficou inundado. Por volta de 14h de ontem, o movimento no local ainda tentava chegar ao normal. Um responsável que organizava a entrada do estacionamento, informou que não chegou a entrar água dentro da loja.

Semáforos agravam problemas

Um congestionamento tomava conta do cruzamamento das avenidas Prudente de Morais com a Nascimento de Castro, em Lagoa Nova ontem. Guardas de trânsito da Superintendência de Trânsito e Transportes Urbanos (STTU) tentavam controlar os carros que tentavam ultrapassar as poças de água. Com a falta de energia os semáforos também estavam apagados, piorando a situação.

“Estamos com umas 60 pessoas trabalhando no tráfego da cidade de Natal. A situação é crítica em muitos pontos”, disse o supervisor da STTU Moab Kelly Ramos, enquanto tentava organizar os carros com a ausência dos sinais de transito no cruzamento. Os motoristas que se arriscavam a passar pelas poças de água no cruzamento da Prudente de Morais com a Nascimento de Castro, eram os que possuíam veículos grandes. Os carros menores passavam com muita cautela, já que a altura da água chegava até a metade do veículo, no momento mais crítico.

Na rua Mossoró, os moradores empurravam os carros que ficaram encalhados com a altura da água que acumulou na rua. “Nunca vi essa rua desse jeito”, disse Leonardo Diniz, de 23 anos, enquanto empurrava o carro de Sharlene Medeiros e sua mãe Célia. O carro chegou ao ponto mais alto da rua inundado, assustando a motorista que teve que esperar socorro para resgatar o veículo.

A rua Seridó, em Petrópolis mais uma vez foi palco de inundações. “Em 1998 chuveu muito também, mas não assim como hoje”, relatou o fotógrafo Roberto Dias de Oliveira. “Isso acontece porque a rua não tem galerias de esgoto”, reclamou o morador. O carro do comerciante Fernando Bezerra boiou por volta de 9h40 de ontem. A sorte é que o veículo estava sozinho. “Estacionei e fui andando para o meu restaurante. Depois um motorista de um Fiat Uno perdeu o controle do carro para a força da água. Eu e outras pessoas seguramos o carro para que não colidisse com o meu”, disse o empresário de 53 anos.

A clínica CID na rua Seridó teve que cancelar todos os exames que estavam agendados para ontem. A parte da tarde funcionou apenas para a entrega de exames. “Só de manhã tinha 15 mamografias, fora outros exames e também raios-X. Foi muito prejuízo”, relatou a atendente da clínica Manuela Oliveira.

Parte de uma casa desmorona no bairro do Alecrim

A forte chuva da manhã de ontem foi suficiente para alagar ruas e assustar moradores no bairro do Alecrim. A casa do vendedor Alison Iramar Duarte, de 21 anos foi invadida pela água de um valão, na rua Bahia de São Marcos. Um muro que separava a pequena vila de casas de uma vala caiu fazendo com que a força da água invadisse as casas.

“Perdemos tudo. Meu computador, televisão, até a parede do quarto a força da água derrubou”, lamentou o vendedor Alison Iramar Duarte, de 21 anos. O estudante Franciélio da Silva de 14 anos vai demorar a esquecer a cena da água abrindo a porta da cozinha e invadindo os cômodos com violência. “Nunca imaginei que isso aconteceria um dia. Perdemos a geladeira, ela tava boiando agora aqui. A água estava na altura do joelho do estudante que estava sozinho em casa no momento da enchente.

A enchente que invadiu casas no Alecrim foi ocasionada pelo emtupimento da vias de esgoto. Os moradores limpavam as vias ontem depois das fortes chuvas, a fim de evitar uma nova enchente. “Acabamos de tirar uma pilha de anúncios desse hipermercado. Como pode isso estar no esgoto. Por isso entope tudo. Estamos fazendo um serviço que é do governo”, desabafou o morador da rua Presidente Gonçalves, Ednaldo Antônio de Trindade, de 23 anos.

O estudante Guilherme Fernandes de 11 anos brincava com um rato encontrado nas lamas da chuva, esquecendo das doenças que podem ser adquiridas com a chuva, como a leptospirose, causada pela urina dos ratos.  O choro estampado no rosto da vendedora Ádina mostrava o desespero de ver a casa tomada pela água. Os eletrodomésticos boiavam dentro dos cômodos sem nada poder ser feito. “Choro por medo, até agora não esqueço a cena da água invadindo minha casa. É muito triste”, desabafou Ádina Duarte.

O bairro do Alecrim foi muito castigado com a chuva de ontem. Muitas moradias são construções antigas ainda. Uma chuva como a de ontem aliada à falta de estrutura, foi suficiente para deixar moradores desesperados com a violência com que suas casas foram invadidas pela água. “Quando sai o sol, todo mundo ainda reclama do calor. Agora olha só o que aconteceu. Perdi tudo”, chorava a moradora que teve a casa inundada pela enchente.

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